sábado, 27 de outubro de 2012
Notas de fim-de-semana
1) Já foi inaugurada a exposição “Human Bodies”, no Venetian, e pela módica (?) quantia de 120 patacas por cabeça, o visitante pode ver (e tocar) nos cadáveres plastinados, provavelmente de pobres diabos da China que foram condenados à morte e não tinham uma família que reclamasse o cadáver. Acontece, num país onde existem 200 milhões de trabalhadores migrantes (ouviram bem? 20 vezes a população de Portugal), e dos quais a única prova de vida é o dinheiro que mandam para a família lá na santa terrinha. Assim sendo, a exposição tem “um grande interesse científico”, como disse um artista ex-soviete residente em Macau no Telejornal de ontem. Epá é uma loucura de facto, desde que não seja alguém da nossa família que esteja ali exibido com as tripas de fora. Aliás eu só queria lá ir se me mostrassem em detalhe as trompas de falópio, o meu detalhe preferido da anatomia humana. É que eu só as conheço da parte de fora. O meu zarolho é que as conhece por dentro, mas como o nome indica, é ceguinho e não consegue ver.
2) Francisco Manhão, presidente de uma associação de velhotes de Macau (a APOMAC), quer sentar-se na Assembleia Legislativa, essa grande ambição de quem, erm, “faz trabalho em prol da comunidade” blah blah blah. Pois, lérias. Só que o senhor que ir lá parar pela via indirecta, aquela tal que ninguém percebe muito bem como funciona. Pela via directa, ou seja, eleito pela população, é que não, pois eles são “uma equipa”, e para isso já lá está Melinda Chan, mulher de David Chow, o “padrinho” dos reformados, enfermeiros e afins, inimigos fidagais de Pereira Coutinho, representante dos Funcionários Públicos. Correr ao lado de Melinda Chan e ser eleito como nº 2 da lista está for a de questão, portanto, porque os eleitores não são parvos e não há assim tantos reformados e enfermeiros que cheguem aos mais de 10 mil votos necessários. Pois sim, pela via indirecta talvez, caso reste alguma das vagas já garantidas pelos restantes parasitas da sociedade de Macau, ora eleitos pelos “interesses sociais, religiosos, comerciais e desportivos”, mais coisa menos coisa.
3) Uma circular que foi posta a circular (passo o pleonasmo) em alguns serviços na Função Pública foi mal recebido por alguns funcionários e noticiada na edição do Hoje. Na circular em questão apela-se (ameaça-se?) aos funcionários públicos que não divulgem documentos a que tenham acesso no exercício das suas funções. Como sou FP, tive acesso a esta circular, que se contradiz em termos: ora diz que não se devem divulgar documentos confidenciais, e mais à frente anuncia que “viola o segredo profissional o funcionário que fotocopia ou fotografa documentos do serviço, ainda que não confidenciais”. Quer dizer, no que ficamos? Já sabemos muito bem a quem se dirige esta circular, e quem atingiu directamente. A polémica é conhecida e tem sido bastante publicitada. Só é pena que não tenha uma conclusão em que se faça realmente justiça. Hmmm…”justiça”…”administração”. Palavra puxa palavra. What’s the password?
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