quarta-feira, 18 de julho de 2012

As brigadas de S. Paulo


Durante um pequeno período de férias que gozei recentemente para descansar, aproveitei para frequentar as Ruínas de S. Paulo à noite com alguns amigos filipinos. Fiquei assim a conhecer de perto esse grande "problema" de que se queixam os moradores da zona daquele património histórico: os "imigrantes do sudeste asiático que tudo sujavam e faziam barulho". É verdade que por ali, e todas as noites (mais ao Sábado) se juntam vários trabalhadores não-residentes originários das Filipinas - e não só, mas já lá vamos. Mas que façam baulho ou sujem a zona do património da UNESCO está muito longe de ser verdade.

Os filipinos juntam-se ali, comem, bebem umas cervejas, conversam, ouvem música nos iPhone, mas não fazem nenhum tipo de barulho ensurdecedor que não permita aos residentes da zona de S. Paulo dormir. Bebem, comem, depois arrumam tudo e vão embora. Se deixam lá algum lixo, este é recolhido pelos simpaticíssimos varredores do IACM qu tão gentilmente se disponibilizam para trabalhar naquela zona a altas horas da noite. Alguns dos tais moradores acusam os filipinos de "urinar na rua". Duvido que o cheiro lhes entre pela casa adentro, mas fico sem perceber porque é que a única casa-de-banho pública ali existente fecha por volta da uma da manhã, enquanto as do Mercado de S. Domingos e a anexa à estação central dos Correios, perto do Largo do Senado, estão abertas 24 horas por dia. De difícil explicação isto. Querem que as pessoas mijem onde? Nas calças?

Que eu saiba ainda não existe uma lei que proíba as pessoas de frequentar a rua a qualquer hora do dia, mas talvez quando isso acontecer os residentes de S. Paulo possam dormir descansados. Mas não se pense que são só os filipinos que ocupam as ruínas à noite; no topo das escadarias, vários resdidentes locais levam os cães a passear. Canídeos de todas as raças e tamanhos, de fazer corar de inveja um festival de adopção da ANIMA, a ladrar, urinar e defecar por toda a parte, e tentar fazer amor uns com os outros (isto para ser simpático), sem que no entanto isto pareça preocupar os residentes da zona. Quem sabe se os canitos valem mais que os filipinos?

Outra coisa que me surpreendeu foi o excesso de policiamento na zona àquela hora. Dois agentes em cima, dois em baixo, carros patrulha a passar constantemente, sem que isso realmente se justifique. Não vi lá nenhuma rixa, nenhuma altercação, ninguém a gritar, passar mal ou falar alto. A zona das ruínas de S. Paulo à noite é provavelmente a zona mais policiada e Macau. Tudo isto para quê? Não se percebe. Querem que os filipinos façam o quê nas suas horas de lazer? Que vão para o casino? Para a piscina do Hard Rock Hotel? Para o D2, como "toda a gente"? Fazem muito bem em frequentar aquela área, tão bonita e arejada. É que nem toda a gente vai para a caminha às dez da noite depois de ver a novela chinesa, sempre com a ideia de acordar cedo e fazer dinheiro, que é só o que vai por aquelas cabecinhas.

2 comentários:

  1. Hummmm, cheira mesmo a racismo chinês!

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  2. Concordo com tudo menos com a questão de urinar na rua... Nada justifica isso, mesmo que a casa de banho pública mais próxima feche à uma da manhã, até porque como disse, a zona é considerada património da UNESCO e é o cartão de visita da cidade.

    Resolvam o problema de outra maneira, vão ao McDonalds (não sei o do Leal Senado está aberto 24H) ou no regresso passem pela casa de banho do mercado de S.Domingos. Ou façam um requerimento ao IACM. De certeza que eles preferem gastar mais uns trocos a manter a casa de banho aberta até mais tarde do que encontrar aquela zona a cheirar a mijo todas as manhãs...

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