sexta-feira, 6 de abril de 2012

Bom páscoa, boa Páscoa


Portugal, como se sabe, está na merda. Não é nada contra o país que me viu nascer, e onde vivi até aos 18 anos, mas não existe outra definição para o actual estado de coisas do que "na merda". E não existe no futuro próximO uma perspectiva de melhoras. Mesmo os mais optimistas dizem que isto é uma "coisa de um ou dois anos", mas a verdade é que não me lembro assim de nenhum período recente de prosperidade. O país está mesmo "entregue à bicharada", prosseguindo numa linguagem mais popular, e muitos portugueses optam por sair do rectângulo e procurar a sorte noutro país onde não estejam "a trabalhar para o boneco" (aí está...), onde sejam valorizadas e onde o pilim caia de forma certa e assídua no fim de um mês de trabalho. Trabalhar custa, sabe melhor ficar na cama ou passar o dia no café a jogar bilhar e a beber cerveja, e quando "nos vão ao bolso" custa ainda mais.

Recentemente passou pelo território o deputado pelo círculo fora da Europa, Carlos Páscoa Gonçalves (um nome muito apropriado à época), um senhor com um sotaque que não deixa muitas dúvidas quanto ao seu país adoptivo - o Brasil. Páscoa defende que os portugueses "são mais felizes" no seu país de acolhimento do que em Portugal, e não é para admirar. Aliás é de saudar que alguém deixe o país onde estão as suas raízes, muitas vezes a sua família, os seus amigos, a namorada e o cão. Sair deixa saudades, saudades do nosso clima (o melhor do mundo), a nossa culinária (a melhor do mundo), tudo menos dos nossos políticos (os piores do mundo). Ninguém gosta de mudar para pior, e pior que Portugal agora é difícil. Portanto há que valorizar os nossos emigrantes, os melhores do mundo. Menos os malandrecos, que os há, mas esses não entram para a estatística.

O caso de Macau é muito particular. Em 1999 tivemos um êxodo de portugueses receosos quanto ao futuro da nova RAEM, qualquer coisa com um misto de ressabiamento colonial e receio pelo gigante chinês, o que se veio a provar ser um disparate. Muitos arrependeram-se e voltaram - são os re-retornados, sem o sentido derrogativo que a palavra "retornado" tinha há 30 anos. Quem se fartou da parvoíce que grassa lá por Portugal e quis voltar para Macau fez muito bem. É muito bem-vindo. Quem já tinha o BIR tem uma vantagem, pois na RAEM encontra mais facilmente um emprego (um emprego, não um "trabalho"), e pode susufruir de todas as maravilhas que Macau tem para oferecer: os cheques, os subs;idios, os descontos, tudo isso. Quem já viveu em Macau e ainda anda por Portugal a apodrecer, do que está à espera?

Os novos tugas que chegaram à RAEM nos últimos anos. Apesar das tentativas foleiras de apagar o passado, Macau continua a ser um dos polos da lusofonia, e quem fala português tem - ou devia ter - uma vantagem histórica sobre quem fala, por exemplo, inglês ou outra porra qualquer. Sejam todos felizes e com sucesso, seja na '`rea do direito, da hotelaria ou outra coisa qualquer, desde que venham contribuir para o desenvolvimento e para o futuro desta terra que recebeu também o nome de "Santo Nome de Deus". E quanto aos que preferem ficar em Portugal, que o tal Deus os ajude. E já agora boa Páscoa.

5 comentários:

  1. Por acaso estou a pensar em voltar a Macau para tratar do BIR, mas voltar mesmo para arranjar um "emprego" (não é bem assim como você diz) é que não me cheira. Aliás, comigo aconteceu o contrário: depois de ter vindo para cá e de ter tudo por cá, voltar para Macau ficou, pelo menos para já, fora de hipótese. Há coisas que não têm preço. E apesar de ter nascido em Macau eu sou português e tenho muito orgulho nisso.

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  2. Vejamos a coisa pela positiva: pelo menos temos belissimas autoestradas, escolas que fazem de Cabo Canaveral uma coisa qualquer e magalhaes aos pontapes. Temos politicos ricos, anafados e sorridentes. Temos energias renovaveis que nos custam os olhos da cara, mas nos dao imenso gozo de podermos cagar nos arabes do petroleo (uma cagadela discreta, aqui e ali) enquanto nos da a honrosa oportunidade de contribuirmos para o desenvolvimento dos nossos queridos irmaos amarelos. Pagamos de bom grado 5 mil milhoes para que uns poucos ladroes se possam considerar ricos. Temos um ex-primeiro a estudar nas novas oportunidades para filhos da puta endinheirados, em Paris. Temos, portanto, enormes coracoes de ouro e somos de uma generosidade absolutamente espantosa neste mundo tao egoista...

    Nao se pode ter tudo e o que temos e muito bom. Agora resta-nos fazer dieta. E no dia em que conseguirmos comer alcatrao, vai ser um festim.

    Ja chega de ser pessimista, o mundo e cor-de-rosa e lindo! O buraco de 100 mil milhoes (sim, 100 mil milhoes!) que o ze-trafulha nos deixou e enorme, tanto que so nos podemos orgulhar; conseguimos cumprir esta dificil tarefa de enterrar um pais a ponto de perdermos a independencia em apenas pouco mais de 6 anos. E obra! Devemos estar orgulhosos... nao e para todos. Outros tentaram e falharam.

    Mais, tudo isto foi feito diante dos nossos olhos e conseguimos manter o sangue-frio e um lindo sorriso enquanto estes javardetes nos enfiavam os dedinhos rabo acima. E de homem! Ou de outra coisa qualquer, mas nao deixa de ser notavel. Somos mansos, tansos e cheiramos a ranso. Mas o sol brilha e e para todos (mais para uns do que para outros, e certo, mas que se foda).

    Agora so faltava que o ze voltasse de Paris para o podermos felicitar como ele merece... volta ze, temos uma surpresa para ti, pa... Volta la pa!... Nao sejas timido. A malta esta ansiosa pelo teu regresso...

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  3. Firehead, se nao tencionas voltar para Macau, porque quer renovar o BIR? Sera para tirar vantagens sem ter contribuido para o desenvolvimento de Macau?

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  4. Nao sei porque o meu comentario nao foi aprovado!!!

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  5. Agora temos censura no Bairro do Oriente, e' como na China.

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