sábado, 17 de março de 2012
Funcionários à míngua
Ficou decidido esta semana em Conselho do Executivo que os Funcionários Públicos da RAEM vão ser aumentados em quatro pontos da tabela indiciária, aumento este referente ao ano fiscal de 2012. Esta é a quinta actualização dos vencimentos da Função Pública em Macau desde a transferência de soberania, uma actualização que parecia inevitável, uma vez que o sector privado tem aumentado praticamente todos os anos os vencimentos dos seus trabalhadores. Em termos leigos, um FP que aufira o índice 220 da tabela indiciária passa a ganhar mais 800 patacas mensais, enquanto um que esteja no índice 500, por exemplo - índice esse reservado normalmente a técnicos superiores - ganha mais duas mil patacas mensais.
A novidade desta vez refere-se ao pagamento dos retro-activos referentes ao mês de Janeiro, que pela primeira vez não serão pagos. Ou seja, os FP vão receber o tal aumentos a partir do mês em que este for aprovado. Isto causou uma onda de indignação no sector, representado desde a criação da RAEM pelo presidente da ATFPM, José Pereira Coutinho, que já veio condenar a decisão e dizer que os FP "não vão ficar contentes". Não se percebe a razão do Governo não querer abrir os cordões à bolsa no respeitante a esses poucos milhares de pataquinhas que cada funcionário ia receber, e a única explicação será a da "birra".
O porta-voz do CE, ex-deputado e presidente da Associação de Moradores, Leong Heng Teng (na imagem a transportar a tocha olímpica em 2008) veio justificar a decisão, dizendo que "foi bem ponderada, depois de escutadas várias opiniões". A proposta do aumento foi ainda entregue "sem carácter de urgência", o que a juntar à falta dos retro-activos, ainda vem deixar os FP mais insatisfeitos. Isto vale por dizer que o aumento pode sair já no próximo mês...ou no outro...ou não. Não se sabe bem. Resta saber que "opiniões" foram estas, e se alguém entre dois goles de chá terá dito qualquer coisa como "vamos chatear esses FP" - que aqui pode querer dizer "Funcionários Públicos" ou outra coisa qualquer.
De recordar que os FP foram sempre o bode expiatório de muitos dos problemas da ainda jovem RAEM. De recordar ainda que nos tempos da Administração Portuguesa o número de funcionários era de cerca de 16 mil - o que era considerado "excessivo" - e hoje ultrapassa os vinte mil, depois das rédeas da governação terem sido tomadas por alguns desses críticos. Se os aumentos no sector privado foram no ano passado de 7,5%, mais que do que estes 6,45% propostos agora para a Função Pública, a economia e o PIB continuam a crescer, resta saber as verdadeiras razões da sovinice deste Executivo. Com este cenário de penúria, não se encorajam os jovens mais inteligentes e ambiciosos a fazer carreira na Administração, tornando-se esta apenas uma opção para os mais preguiçosos e acomodados.
Muito bem Leocardo, e bem vindo ao seu tao desejado regresso
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