quarta-feira, 15 de junho de 2011
Uma urna e uma colina
Há dias em que até acordo bem disposto, como no caso de hoje, mas pelo meio da manhã dou uma vista de olhos pela imprensa, e passo o resto do dia aziago. Foi o que se passou com o editorial de hoje do director do Jornal Tribuna de Macau, José Rocha Dinis, que versava sobre a construção dos Jardins de Lisboa, na Taipa pequena.
O exmo. sr. director, a que me tentarei dirigir da forma mais diplomática possível, deixa claro que é contra o projecto, e até aproveita para mandar uma farpa ao Governador Almeida e Costa, que teria sido o autor dos célebres calhaus da Taipa. Isto tudo muito bem, eu até sou contra o projecto dos Jardins de Lisboa, e acho inaceitável que se baptize este mamarracho com o nome da capital do meu país. Fico ofendido.
Quem deve ficar também ofendida é a esmagadora maioria da população de Macau, que como se sabe não é tida nem achada na tal guerra dos patos bravos da construção. Podem ser contra um edifício que tape as vistas da Taipa para Macau, mas o que podem fazer para impedir isso?
Mas voltando ao tal editorial, a segunda parte abre uma guerra sem quartel ao Novo Macau Democrático, que como se sabe – e nunca é demais referir – é a força política mais votada em eleições no território, acusando-os de coisas incríveis e utilizando argumentos mirabolantes.
Acontece que o NMD organizou nos últimos dias uma acção de protesto – só isso, uma simples acção de protesto – que incluía uma urna improvisada onde a população podia votar se era a favor ou contra o projecto dos Jardins Lisboa.
A iniciativa foi bem recebida, juntando vários curiosos que iam depositando a fichas vermelhas nas urnas. Não me parece que os rapazes do NMD estivessem a violar alguma lei, e obviamente que esta sua manifestação estava devidamente autorizada. Quando o sr. director diz que isto é um escândalo, e “viola todas as regras democráticas”, estará certamente a exagerar.
Quando diz que “mudam todos os dias de local, para permitir que as mesmas pessoas possam votar muitas vezes” – o que por si só nem faz sentido – é interessante que saiba que além das fichas que depositam nas tais urnas, que repito, são apenas uma brincadeira e não são mesmo para levar a sério, deixam também a assinatura. Portanto depois podemos saber quantas vezes “as mesmas pessoas votam”. As assinaturas é que contam, e são entregues na sede do Governo. Não as fichas.
Não penso que seja construtivo estar a acusar o NMD de querer “mobilizar a população contra o Governo”. O que o NMD faz é apenas puxar pela claque neste jogo da democracia. Por muito que se possa não concordar ou simpatizar com algumas das ideias do NMD, pelo menos estes mexem-se, e deixam que a política aconteça em Macau com a participação da população.
Se a colina e o ambiente natural da Taipa pequena são ou não mais que razão para alertar o Governo? Não sei. Será que alguém se lembra de situações análogas? A acção do NMD pode ser entendida como um veículo para a população transmitir a sua opinião aos canais do Governo. E é com acções deste tipo que continuam a somar vitórias nas urnas, quer se goste ou não.
O NMD é o típico partido demagógico que existe em todas as democracias, aproveitando a estupidez do povo para triunfar. Basta ver as tiradas do Au Kam Sam na AL para percebermos de que tipo de criaturas estamos a falar.
ResponderEliminarAA
Muito bem, AA, tem todo o direito à sua opinião, mas remeto para a última frase deste texto: "continuam a somar vitórias nas urnas, quer se goste ou não". Eu como sou bom democrata, respeito as opções da maioria. Quem sabe se as pessoas que não estão satisfeitas com o "sucesso" do NMD procurem outra "democracia" onde os leitores sejam mais "inteligentes" e não tão "burros" como estes. Olhe, Portugal, por exemplo. Ali é que é só gajos inteligentes e nada demagogos a ganhar eleições, uh?
ResponderEliminarCumprimentos.
Tu quando estás no mesmo espaço que o sapo és muito mais mansinho. Que gentinha....
ResponderEliminarO José Rocha Dinis é um frustrado ex-político, que nem conseguiu ser eleito para a camara municipal la da terra dele, ou algo do género. Além disso as suas ideias e opinioes na maior parte dos casos mosntram que está desfazado da realidade e antiquado. Também já não há muito a fazer para quem já passou a barreira dos 50 anos. O homem está velho e a caminhar para a velhice intelectual. Quanto a isso não há mais nada a fazer, é deixá-lo a fazer o que melhor (?) sabe fazem para que o pessoal mande umas boas gargalhadas.
ResponderEliminarContinuam a somar vitórias porque o povo, na sua maioria, é burro e ignorante. E não venha com o discurso de Portugal de que não é melhor. Leocardo, espero que tenha a noção, como português que é, que num cenário hipotético de NMD no poder, você ia de malas feitas para Lisboa enquanto o diabo esfregava o olho.
ResponderEliminarAA
Oh AA não seja burro. NMD nunca vai para o poder porque a China nao deixa, pelo menos nas próximas décadas. Por isso, a sua hipotética hipotese cai por terra. Se assim é nem vale apena supor essa conjectura que nao se vai tornar realidade. O problema é as pessoas viverem dos "se" e nos "se". Se eu fosse bilionário fornicava todos os dias gajas dignas de serem top-model.
ResponderEliminarEu ainda não consegui perceber o NMD, um partido ao estilo de um Bloco de Esquerda. Esses partidos são sempre os maiores defensores das minorias étnicas... excepto em Macau, onde esse tal partido à BE é o mais xenófobo de todos quantos existem no território.
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