21 ainda é pouco

A proposta de lei “Condicionamento do acesso, permanência e prática de jogos nos casinos” foi aprovada ontem na Assembleia Legislativa, o que significa que os jovens menores de 21 anos de idade não vão poder mais frequentar ou trabalhar nos casinos do território. O Governo espera com mais esta lei muito criativa e peregrina limitar os desvios sofridos ainda na adolescência por uma carreira na indústria do jogo, tentando com isso diversificar as carreiras dos jovens, ou fazendo-os optar pelo ensino superior.

Tenho a certeza que a medida dará os seus resultados a médio prazo, pois daqui a três anos os jovens que tê actualmente entre 18-20 anos e trabalham nos casinos estarão dentro da idade legal. Não quero discutir a legitimidade desta lei, que apenas recebeu o chumbo do deputado Pereira Coutinho, pois afinal os jovens podem ser responsabilizados criminalmente com 16 anos, votar e casar com 18 anos, porquê só 21 para frequentar um casino? Não nos devemos surpreender com estas coisas das idades diferentes para cada coisa, isto não é a primeira vez que acontece, e mesmo os outros exemplos que dei são eles próprios contraditórios, pois diferem nas idades.

Contudo sou a favor de medidas delimitativas de acesso aos casinos para a população em geral. Quanto mais melhor, e por mim nenhum residente da RAEM deveria entrar num casino a não ser para trabalhar. Se afinal o jogo é o único motor da nossa galopante economia, porque haveria de ter também o efeito perverso? Será que o dinheiro que os residentes de Macau perdem nos casinos, alguns arruinando a sua vida, não conta nas receitas totais do jogo? Sinceramente penso que não precisamos de dez ou vinte mil patacas que podem fazer muita falta a alguém, quando temos milhões que nos chegam da grande China.

É claro que é preciso ter em conta que Macau é e sempre foi uma terra de jogo, com origens que se reportam até antes da chegada dos primeiros portugueses, e não é por acaso que foi conhecida por Monte Carlo do Oriente, e agora tem Las Vegas a morder-lhe os calcanhares. Mas para quê fazer a população entrar em altas cavalarias nos casinos, quando já temos apostas desportivas, lotarias, bingos, biscas e mah-jongs e outro jogo a dinheiro doméstico mas mesmo assim ilegal, e para quem não pode passar sem cavalarias, até temos corridas de cavalos. Apostai nisso tudo mas deixai as roletas e os bacarás para os gajos que nos vêm dar o conforto financeiro de que disfrutamos.

E quanto à juventude que por aí anda aos ca(s)í(n)dos (gostaram desta?) : vão fazer outra coisa qualquer, pá. “Induquem-se”. Eu sei que é bom ser independente, ter dinheiro, não depender dos chatos dos pais e andar aí na malandrice e na pouca vergonha, que sabe sempre melhor na juventude. Mas pensem no futuro, e se querem mesmo ser jovens endinheirados hoje ou adultos íntegros e educados amanhã. É uma opção que esta nova lei – se bem que timidamente – procura oferecer. Podia ter sido feito mais.