quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

...e parece que se falou de segurança


Li a peça do JTM de hoje sobre o segundo dia do debate das LAG para a Segurança, e fiquei pasmado com o que para ali se disse. Não sei se será por ignorância de alguns senhores deputados sobre o que se faz na área da segurança em Macau, ou ainda se sentem necessidade de dizer “qualquer coisa” para não dar a entender que não estão ali a fazer nada, mas a verdade é que se assistiu a um chorrilho de disparates, um atrás do outro.

Comecemos pelo pior. O deputado Paul Chan Wai Chi tem sido uma enorme desilusão no hemiciclo, a meu ver. Ontem insurgiu-se contra as fotografias de meninas descascadas nas páginas de alguns jornais chineses de Macau. Ora a preocupação do deputado são “os jovens e os idosos”, talvez desconhecendo o que é ser jovem e o que é ser idoso. Os jovens “imberbes”, como se refere, não lêem os jornais, e se quiserem ver mulheres nuas sabem muito bem onde podem fazê-lo (na internet).

Os idosos a que Paul Chan Wai Chi se refere serão provavelmente pessoas com mais de 70 anos, e não parece que uma mulher semi-nua seja algo que nunca viram na vida. (A propósito deste assunto um amigo disse-me que os velhotes “até agredecem”). Não estou a ver os idosos a terem enfartes do miocárdio por causa destas imagens, que são apenas publicidade das saunas e afins do território, e não são nus frontais nem imagens de cópula. Além disso essa publicidade é paga, e como se sabe os jornais não vivem do ar.

Não sei se era mesmo necessário que a bancada do Novo Macau Democrático juntasse ao caracter contestatário de Ng Kwok Cheong e Au Kam San este verdadeiro paladino da moral e dos bons costumes, esta espécie de Diácono Remédios. E se pelo menos ainda fizesse bem este papel...mas nem isso. O que é que as fotografias alegadamente “porcas” nos jornais têm a ver com a área da Segurança?

A deputada Melinda Chan (a propósito parabéns atrasados ao ex-deputado e empresário David Chow, que completou ontem 60 anos) expressou a sua preocupação no combate ao consumo de estupefacientes, e questiona o reforço dos “pontos negros”, acrescentando ainda que “perto da Torre de Macau, todas as manhãs, vêem-se jovens a fumar...”. Assim, com reticências. Mas a fumar o quê, afinal? “Fumar” ainda não é crime, e se estavam a fumar qualquer coisa ilícita, o que era? E como é que a sra. deputada sabe? Quem lhe disse? Não estou aqui a insinuar que a senhora se mete na passa, mas este tipo de informação dispensava-se. É apenas cuspir para o ar.

Depois Angela Leong referiu ainda que “muitos jovens atravessam a fronteira para consumir drogas do outro lado das Portas do Cerco” (não foi bem assim mas foi a mesma coisa). O que fazer para combater este problema? Já sei, e que tal fechar a fronteira? A internet também foi chamada ao debate, com alguns deputados a expressar a preocupação com a quantidade de jovens mal informados que cometem “criminalidade informática”. O sr. Secretário, Cheong Kwok Va, recordou ainda que “liberdade de expressão” não é “liberdade de difamar e injuriar”, e que aí a PJ “tem o dever de intervir”. Fica o aviso à navegação: a liberdade tem conta, peso e medida.

Chui Sai Peng referiu que “os jovens fazem ‘upload’ de imagens na internet, e como não têm sensibilidade sobre a privacidade caem nas armadilhas”. Tem razão, o sr. deputado. Para resolver este problema sugiro que os jovens frequentem cursos administrados pelo Gabinete de Protecção de Dados Pessoais. E que tal?

Repare-se nesta tendência dos srs. do hemiciclo em referirem-se aos “jovens” sempre que falam de problemas que se calhar dizem respeito a toda a gente. Parece que os jovens andam a ser muito maltratados, que são umas “vítimas”, ou que Macau é uma cidade perigosa para as crianças e adolescentes. Será mesmo assim, ou será que estão a usar os jovens como desculpa para levar adiante os seus planos no sentido de tornar a população cada vez mais “macia” e ordeira?

Salvaram-se Ung Choi Kun e Chan Meng Kam que falaram de multas, de polícias, enfim de coisas realmente relacionadas com a tutela. A propósto das multas e da falta de lugares para estacionar que leva a que a população entre em conflito com as autoridades, o sr. secretário propõe que “seja possível estacionar em cima das linhas amarelas depois das 20 horas”. Ou seja, indo contra o disposto na lei, mas como é para resolver um problema, então não faz mal, e os peões que se lixem.

Finalmente a propósito da questão da liberdade condicional, gostava de referir a notícia veiculada ontem na imprensa, a propósito da morte de Ao Man Fu, irmão de Ao Man Leong. Como toda a gente sabe, o irmão do ex-secretário caído em desgraça sofria de diabetes, estava bastante doente, e teve no início do ano uma das suas pernas amputadas. A liberdade condicional foi-lhe recusada pelos tribunais duas vezes, isto apesar do parecer favorável do director do Estabelecimento Prisional de Macau, e do facto do presidiário ter já cumprido os dois terços da pena. Será mesmo necessário que o ex-secretário seja amaldiçoado até à sétima geração? Que para que se “dê o exemplo” se abdique completamente de qualquer vestígio de humanidade? Agora que morreu, têm mesmo que o deixar sair, penso eu de que.

5 comentários:

  1. Os jovens nem precisam da Internet.
    A cada esquina, mesmo que não queiram, aparecem-lhes meninas.
    E a oferta é muita.
    Tal como a hipocrisia reinante.

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  2. Ao fim de 10 anos e ainda se surpreende com a qualidade da AL?

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  3. Essa merda da AL quase só serve para pensamentos masturbatórios destes pseudo-deputados idiotas. O governo devia era deixá-los a falar sozinhos.

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  4. Leo, não percebo porque é que te surpreendes,a final, esse sujeitos estiveram ao mesmo nível de sempre.

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  5. O Leocardo é muito boa pessoa,até sente pena do corrupto do irmão do ao man long que morreu,coitado.Olha se fosse na China Continental teria o gajo já tinha morrido com uma bala na nuca e a familia toda dos corruptos,nem iriam sofrer.Simples e eficaz.

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