sábado, 2 de outubro de 2010

Os blogues dos outros


Há quem acredite na pseudomorfose de uma cultura global, de uma só raça humana, de um só sistema político planetário, de um esperanto ideológico, de um só regime económico, de uma lei universal. São fantasias, perigosas como ingénuas, alimentadas por pessoas que querem elevar um tribalismo específico à ditadura do único ou daqueles que, considerando-se "cidadãos do mundo", começam por não ter pátria alguma. Neste mundo tudo é diferente, tudo é relativo ao grupo social em que se nasceu, à religião herdada, aos paradigmas que se sorveram no biberão e nunca nos abandonam. Convidaram-me para uma sessão que teve lugar na universidade Chulalongkorn, subordinada ao apaixonante tema da perspectiva que os Farang (estrangeiros brancos) têm da Tailândia. Não pude ir, mas recebi ecos de dois amigos que por lá passaram e ouviram as costumeiras ossanas ao bezerro de ouro daquilo que, não funcionando no Ocidente, se quer à viva força impor aos pobres e bárbaros thais. Espanta-me o atrevimento, como me indignaria se um chinês chegasse à Europa para nos exigir o "modelo social chinês". o "modelo económico chinês", o "regime político chinês", a "família chinesa", o culto dos antepassados, o Feung Chui, os chop sticks...Aquilo que me atrai na Ásia é o absolutamente novo, o inesperado, o diferente. Mas há mentezinhas que não o compreendem. As pulsões totalitárias habitam as mais cândidas almas.

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Pelo frenesim e publicidade que as autoridades têm dado à actuação contra as famigeradas pensões ilegais, fico com a ideia que quando estas deixarem de existir, Macau irá ser uma cidade maravilhosa para se viver, pois a origem de todos os males terá desaparecido.

El Comandante, Hotel Macau

Dos jornais à televisão, passando pela blogosfera e terminando no facebook, a tugalhada anda revoltada e crítica, antevendo a morte da nação lusa que tão mal representada anda pelos seus políticos e quejandos. Contudo, durante a jorna, muitos desses críticos chegam atrasados ao local de trabalho, produzem o mínimo possível e, ao fim do dia, ainda têm tempo para uma qualquer chico-espertice de lesa patrão. À noite, no recanto do lar, sentam-se de pantufas em frente à televisão, amorfos e indolentes, definhando apáticos, esquecendo que cada povo tem os políticos que merece e que a passividade que ostentam é tão ou mais grave do que a incompetência e desonestidade daqueles que também eles ajudaram a colocar ao leme da nação, e a quem toleram todas as trafulhices - porque na realidade se lhes equivalem em integridade de carácter. Não se pode apregoar o que não se tem.

VICI, MACA(U)quices

Foram resolvidos os problemas dos homossexuais. Estão bem encaminhados os problemas dos transexuais. Somos nós agora? Quando é que o PS se dedica a solucionar os problemas dos heterossexuais? Excesso de impostos, quebra do poder de compra, desemprego, fome, frio... Tudo coisas simples e lineares, tal como nós somos. Quando?

João Carvalho, Delito de Opinião

O governo de José Sócrates andou mais de dois anos a ouvir os recados dos especialistas em economia de que era necessário ir tomando medidas para reduzir o défice e reavivar a economia. O primeiro-ministro preferiu Nova Iorque, fatos, gravatas, Kadhafi, Chávez, Dos Santos, inaugurações de creches de empresas privadas, lançamentos de primeiras pedras, propaganda ao TGV e aeroporto, safar-se do Freeport, do Face Oculta e da PT/TVI. Tudo em prole da governação que mantivesse os "camaradas" em pujança de ganhos à conta do povinho explorado. A título de exemplo, nunca vimos o governo a fazer contas sobre o pagamento de dois submarinos que governantes anteriores tinham encomendado. E se encomendaram contra a estabilidade financeira do país, por que é que este governo não anulou compromissos proibitivos? Uma das justificações que o governo deu para o buraco orçamental de 2010 e para as medidas gravosas do próximo ano foram os "submarinos adquiridos em 2004". No entanto, nenhum analista esperava que para cumprir o défice (7,3%, este ano) faltasse dinheiro ao ponto de ser necessário um encaixe financeiro de mais de 2,6 mil milhões. Mesmo com o submarino (500 milhões) , a não receita das Scuts (200 milhões) e 330 milhões de receita não fiscal, é difícil de perceber o porquê de um buraco tão grande e que não foi explicado. O que verificamos é que o primeiro-ministro não explica nada, sai por portas laterais para não enfrentar perguntas incómodas sobre a incompetência dos últimos cinco anos à frente do governo. Uma coisa é governar mal e ter a humildade de aceitar o facto, outra é atirar para cima dos mais desprotegidos com um caderno de encargos destruidor de qualquer esperança de uma melhoria de vida neste pobre país. O senhor não explica nada sobre o vergonhoso coelho da cartola que tirou do fundo de pensões da PT para pagar os submarinos e outras coisas. Mas afinal, a PT não é uma empresa privada com alguma intervenção estatal? E os funcionários da PT merecem um "roubo" destes? Será que não se sentem ludibriados e até vexados nos seus objectivos profissionais e pessoais? José Sócrates nem explica por que não acabou com as reformas escandalosas de quantos passaram pelo último piso do edifício PT, na Fontes Pereira de Melo. Não explica nada. E será que irá pedir desculpas à "burra" da Manuela Ferreira Leite, que pelos vistos lhe ensinou tudo o que devia fazer espaçadamente no tempo e que o senhor anunciou numa noite triste de fim de Setembro?...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Tinha uma memória do Rio de Janeiro que convocava violência, insegurança e indigência. Voltei ao Rio de Janeiro e fiz as pazes com a cidade. Passeei tranquilo, não vivi a ansiedade do passado, e consegui sentar-me na amurada do calçadão sobre a praia sem esperar o momento do assalto mais que certo. Mas o melhor deste reencontro foi ouvir o mar, na varanda de um 12º andar, num quarto de hotel, como se estivesse com os pés na areia. Uma cidade que dá esse privilégio - essa banda sonora - é uma cidade especial.

Pedro Rolo Duarte, Pedro Rolo Duarte

Interessantíssimo o debate para as presidenciais, hoje de madrugada na TVGlobo, com os 4 candidatos: José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira, Marina Silva, do Partido Verde, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, em vez de Lula, e Plínio Sampaio, da esquerda mais jurássica do Partido Socialismo e Liberdade, embora muito articulado e encantador. Dilma muito encostada ao passado, um pouco titubeante, com muitas promessas vagas e pouco programa. Muito espontânea a gargalhada da audiência quando afirmou que o PT registava todos os donativos. Serra e Marina Silva a fazerem ponte para uma possível 2ª volta, com programas modernizantes e convergência nos temas segurança, saneamento, impostos e segurança social. Se conseguirem uma 2ª volta, Dilma Rousseff ainda pode sair derrotada. Ou então, não. E, se não, nós aqui conhecemos muito bem o caminho: partidarização do aparelho de Estado; gastos em obras megalómanas entendidas como «motor da economia», ajustes directos, mais impostos, a bancarrota a 5 anos. E quando os investidores que hoje acorrem ao Brasil fugissem, Dilma chamar-lhes-ia especuladores. Como cantava Chico Buarque: um imenso Portugal.

João Mendonça da Cruz, Corta-Fitas

Quem diz que tem sempre um ombro amigo para dar, mente. No máximo pode dar duas vezes.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

1 comentário:

  1. Portugal é 1 país de merda,devia ser entregue aos espanhóis que seria melhor para os portugueses.

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