quinta-feira, 20 de maio de 2010

Timor-Leste, oito anos depois


Passam hoje oito anos desde a independência de Timor-Leste, a primeira nação do século XXI. A Rádio Macau teve a feliz ideia de comemorar o evento, trazendo ao programa "Rua das Mariazinhas" um dos mais ilustres timorenses a residir no território, o advogado Francisco Nicolau Ly, ex-membro da resistência. Francisco Nicolau é uma pessoa humilde, inteligente, amigável, e só isso já o distingue dos muitos timorenses que tive a oportunidade de conhecer em Macau. Mas já lá vamos.

Timor-Leste, foi colónia portuguesa até 1974, e depois caíu nas mãos da Indonésia, graças a manobras de bastidores dos Estados Unidos e da Austrália, que acusavam a FRETILIM de ser um partido comunista, e temiam um efeito dominó no Sudeste Asiático. No fundo um argumento que serviu de desculpa a muitas das atrocidades cometidas nesta região do globo. A seguir à esporádica independência em 1975, as tropas indonésias invadiam o território, seguindo-se mais de duas décadas de opressão e atropelos aos direitos humanos, bem como vários passos atrás dados no sentido do desenvolvimento da região - ao contrário do que muitos pensam, Timor-Leste não estava "melhor" como 27ª província da Indonésia.

Timor-Leste despertou de um esquecimento por parte de Portugal, país com que sempre manteve laços sentimentais, culturais e linguísticos, depois do massacre do cemitério de Santa Cruz em Novembro de 1991. Ainda me lembro de ter participado de uma recolha de fundos para os refugiados do Vale do Jamor no final dos anos 80, e ter deparado com muita ignorância e desconhecimento da real situação, principalmente por parte dos mais jovens: ninguém sabia onde ficava Timor-Leste. Depois de Santa Cruz, Timor passou a ser uma espécie de desígnio nacional.

Quase como que "adivinhando" a inevitabilidade da independência de Timor-Leste, Portugal investiu de sobremaneira na formação de jovens futuros quadros timorenses, alguns deles com bastante potencial. Salvo algumas honrosas excepções, estes quadros sumiram, desapareceram, ou tardam a regressar ao seu país que tanto precisa deles. Onde param as centenas de futuros drigentes de Timor-Leste? Muitos apanharam-se com passaportes portugueses e australianos e fizeram-se à vida, que isso de arregaçar as mangas e reconstruír um país dá muito trabalho. Conhecemos ao longo destes anos muitos casos de timorenses, mesmo aqui em Macau, carregados de soberba e arrogância, falantes de inglês, verdadeiros "cidadãos do mundo", que muito rapidamente se esqueceram das suas humildes origens. E nós a morrermos de pena deles.

Timor-Leste ocupa actualmente o 162º lugar na lista de Desenvolvimento Humano (HDI) das Nações Unidas, atrás de países como o Haiti, o Sudão ou o Uganda, e o segundo pior da região Ásia-Oceânia, apenas à frente do Afeganistão. Os problemas de Timor-Leste são sobretudo estruturais; faltam estradas, faltam hotéis, falta saneamento básico, faltam escolas, falta quase tudo. Um dos problemas que urge combater de raíz é o da corrupção, como muito bem referiu Francisco Nicolau. Timor-Leste bate quase no fundo da lista do índice de percepção da corrupção (CPI), e o 146º lugar que ocupa é lisonjeiro - não acredito que Timor-Leste seja menos corrupto que a Ucrânia ou o Paraguai, por exemplo. Conta quem lá esteve que em Timor é praticamente impossível conseguir fazer o que seja sem primeiro olear a máquina. Para bom entendedor...

13 comentários:

  1. O doutor Francisco Nicolau não eh aquele que é defensor do Paulo Remédios, aquele que a Justiça portuguesa não consegue notificar/localizar para que ele compareça em tribunal na antiga metrópole?

    ResponderEliminar
  2. Tau...

    Malvados que tinham agora de ir falar em coisas sérias.

    Viva Timor-Leste!

    ResponderEliminar
  3. O Leocardo cidadão do mundo que detesta patrotismos e gosta de gozar com tudo, depois lamecha ridiculamente com estas tretas de Timor e dos seus aborígenes paleolíticos. Vai-te lixar pá!

    ResponderEliminar
  4. o probema também é pessoal, basta ver a nomeação do vitinho do adjunto da embaixadora...

    ResponderEliminar
  5. Lamentável, o racismo do anónimo das 19:28...

    ResponderEliminar
  6. Acho muito bem que Timor-Leste fosse o desígnio lusitano, afinal aquilo foi nossa província e nunca houve movimentos anti-portugueses pré-independência.

    Quanto à cobardia de alguns cidadãos da terra, esse é um problema interno e que lhes cabe a eles resolver.

    AA

    ResponderEliminar
  7. Oh anónimo das 22h14 mas aonde que onde que está o racismo no anónimo das 19h28?Os aborígenes existem.Racismo aonde???

    ResponderEliminar
  8. Os aborígenes existem, mas não em Timor. Se não for racismo, é pura ignorância.

    ResponderEliminar
  9. E o paleolítico foi há mais de dois milhões de anos. Não é ignorância, é mesmo racismo.

    ResponderEliminar
  10. Em Macau também há anónimos paleolíticos...

    ResponderEliminar
  11. Continuo a achar que pode ser ignorância. "Paleolítico" é uma palavra que se ouve por aí e que, provavelmente, há gente que acha giro utilizar, sem saber minimamente o que signifique. Mesmo que seja racismo, não deixa de ser ignorância, pois só esta pode explicar o simples facto de o racismo existir.

    ResponderEliminar
  12. Ai tantos processos por faltas deontologicas tem o Nicolau...
    Mau profissional, desleixado!

    ResponderEliminar
  13. Deixo aqui a pequeníssima letra de um dos hinos mais bonitos do mundo, o de Timor-Leste:

    "Pátria, Pátria
    Timor-Leste é a nossa nação
    Glória ao povo
    E aos heróis
    Da nossa libertação"

    Só isto e mais nada. Mas ouçam a melodia e depois digam se é ou não é do que mais lindo já se fez. E digo-o imparcialmente, não sou timorense.

    ResponderEliminar