Tiazinhas

É deprimente observar o número de mulheres em Macau que acabam sozinhas. O que quer isto dizer, “sozinhas”? Aquilo que em linguagem popular se designou por “ficarem para tias”. Não namoram, não se casam, não têm filhos, e depois acabam a gostar de cães e gatos, como se isso fosse substituto para um homem lá em casa. É realmente uma pena, eu próprio conheço muitas mulheres na casa dos 30 e dos 40 anos que estão completamente disponíveis, e na maioria dos casos não entendo porquê.

Será que é porque escasseiam homens no pedaço? Não deve ser isso, pois vejo por aí muitos homens com mulheres muito menos interessantes. Aliás não há mulher feia, chata, aborrecida ou desleixada que eu conheça que não seja casada. Será que é porque algumas são difíceis de contentar, demoram muito a escolher, e depois perdem valor de mercado? Algumas contentam-se no fim com um homem muito mais velho, ou algum que demonstre o mínimo de interesse.

É claro que cada um pode fazer o que lhe apetecer com a sua vida, e se quiser acaba sozinho, com uma casa grande e montes de dinheiro, mas vai demorar mais tempo até alguém se aperceber que morreram. Talvez quando os vizinhos derem pelo cheiro. Mais azar ainda têm as mulheres que casam jovens, dão os seus melhores anos a um gajo qualquer que depois acha que ela já não serve, e acabam com as sobras – outros homens na mesma situação, na maioria calvos, chatos como uma porta, e com filhos irritantes e malcriados.

As mulheres que se entregam à vida profissional e ao “sucesso” chegam ao ponto de não perceber a diferença entre um piropo e qualquer coisa de engraçado que foi dito na última reunião da empresa. Medem e calculam todos os riscos, e dizem sempre que “não têm tempo”, mas passam o tempo livre em casa, em frente à televisão. Algumas que conheço ganham acima de cem mil patacas por mês e têm uma fotografia da mãe ou do cão, compram prendas caras ao sobrinho – o tal que não fez nada para ter uma tia assim. Algumas procuram conforto na comida, e a juntar à vida sedentária, engordam e perdem qualidade de vida.

Uma especificidade local prende-se com a ideia feita de que uma relação em que a mulher seja muito mais velha, ganhe mais ou seja muito mais bem sucedida, dê resultado. Conheço muitos casos de homens que deixaram as mulheres num acesso de orgulho besta. Como contraponto conheço também alguns homens que os filipinos designam por “chimai killers” (procurem saber). Solteiros e bem parecidos que não se importam que a mulher ganhe muito mais, tenha idade para ser tia dele, ou de ser um pau-mandado, um utilitário, enfim, um "playboy", um "toyboy".

Uma vez perguntaram-me se me importava de ter uma mulher rica, ou mais bem sucedida que eu. Respondi que isso seria óptimo, e se alguém se atrevesse a mandar “bocas foleiras”, eu responderia simplesmente: “O que querem? Ela adora o meu pau...”.