terça-feira, 4 de maio de 2010
Chinese way
Todos temos alturas em que pensamos que por uma razão ou outra o melhor era suspender a democracia por uns tempos para que se resolvessem alguns problemas que a democracia "atrapalha". Temos o exemplo actual da Expo2010 em Xangai. Para que a exposição fosse possível, foi preciso desbravar um terreno de quase 5 km2. Naturalmente que no meio do terreno existiam algumas habitações, e o governo compensou os moradores, que na sua maioria ficaram contentes - um deles obteve em troca dois apartamentos. Outros não ficaram assim tão contentes, e um deles resolveu mesmo levar o seu protesto a Pequim, onde se chegou a deslocar 89 vezes (!). Resultado? Foi internado numa instituição psiquiátrica. Uma vez, duas, ainda va lá. Agora, 89?
Isto pode parecer chocante para alguns leitores, mas muito provavelmente é a forma ideal de resolver o problema. Numa obra desta envergadura, em que estão envolvidas indemnizações, compensações e satisfações, há sempre um ou outro espertinho, que apercebendo-se da importância das coisas e de quanto pode extorquir, inventa que "não pode ser", que "nasceu ali", ou que "o pai construíu aquela casa com as próprias mãos". Um expediente qualquer. Numa "democracia", indivíduos desta estirpe "têm direitos". Na China é toma lá e vai-te embora. A bem ou a mal. E não é que o problema ficou mesmo resolvido? Em Portugal tivemos o exemplo da Aldeia da Luz, onde que para se pudesse construír uma barragem essencial a uma região inteira, o Governo de disponibilizou a mover uma aldeia inteira, com cemitério incluído, e alguns moradores queixaram-se que havia "um degrau a mais", ou que os azulejos "não eram iguais". Cúmulo da ingratidão.
É lógico que gostamos de viver num estado de Direito, onde as instituições têm um funcionamento que garante os direitos dos cidadãos (mesmo os mais absurdos), mas e se quisessemos que as coisas ficassem mesmo resolvidas? Outro exemplo: ontem um indivíduo em Pequim apanhou uma jovem inocente de cinco anos e encostou-lhe uma faca à garganta. Razão? Estava desesperado de amores e exigia que a polícia o ajudasse a procurar uma mulher que conheceu na internet e recusava encontrar-se com ele. As autoridades negociaram com o homem de 24 anos durante uma hora (demasiado tempo), e quando a via da diplomacia se esgotou, aplicaram-lhe um tiro certeiro na cabeça e acabou ali o drama.
A "chinese way" é sem dúvida muito impressionante, cheia de "no-nonsense", uma grande dose de "no bullshit" e muito pragmatismo. Podemos não achar a forma mais "humana" ou mais "democrática", mas é a mais prática. É normal que quando temos um país pequeno, estagnado, onde estimamos o valor da vida de cada um dos nossos cidadãos, fica difícil perceber como outro país que cresce para todos os lados e os problemas são infinitivamente maiores resolva as coisas ao murro e ao estalo. Torna-se desumano quando persistem um excesso de humanos e elevados níveis de desumanidade. Isto não é um manifesto. É apenas uma opinião.
Num país democrático, muito provavelmente, essa criança tinha morrido às mãos do doido. A única crítica que tenho a fazer é que uma hora de negociação foi tempo a mais. Basta que nos imaginemos no lugar da criança ou dos pais da criança para facilmente chegarmos à conclusão de que não lhe deviam ter dado nem um minuto.
ResponderEliminarSe fosse num país democrático, agora o polícia que salvou a criança é que ainda estava metido em chatices. Do que os países democráticos não se apercebem (ou não se querem aperceber) é que, ao virem com as tretas dos direitos dos criminosos, estão apenas a prejudicar os cidadãos inocentes.
É isso mesmo, caralho! A China é que é, caralho! São os maiores! A democracia é uma merda! Abaixo a democracia! Abençoada China! Caralho!
ResponderEliminarEm Portugal, a puta do estado (nao Estado) a que chegou a (falta) de seguranca deve-se toda ao PARTIDO SOCIALISA PORTUGUES. Vejam o que o engenheiro (será?) Sócrates fez ao dar grandes liberdades e garantias aos criminosos, mesmos àqueles violentos, em virtude da revisao do Codigo do Processo Penal (CCP) e do Código Penal (CP), que aconteceu em Setembro de 2007. Os juizes, infelizmente, aplicam a lei. Pena é que a lei seja aberrantemente injusta: enquanto um fdp que fez um assalto a mão armada fica com apresentacoes periodicas à policia, um idoso (acho que setentas e tais) teve pena efectiva de 3 meses de prisao, porque não pagou uma multa de transito no tempo exigido (coitados dos guardas prisionais, que têm que o levar regularmente a consultas hospitalares). Tenha vergonha senhor Primeiro Ministro engenheiro (?) Sócrates!
ResponderEliminarAs pessoas gostam de bater na democracia e culpar-lhe por tudo o que está mal nesta sociedade.
ResponderEliminarÉ tudo muito bonito e fácil de criticar, os direitos básicos do cidadão, o Estado de Direito, o primado da lei, é tudo uma merda que não serve para nada senão para travar o desenvolvimento e tal...
Falam de boca cheia até ao dia em que algo lhes acontece a eles.
Um dia recebem uma carta do Governo local a dizer que têm um mês para deixar a casa onde vivem em troca de 10000 patacas, porque vai passar por lá uma auto estrada. E podem saír a bem ou ser corridos à paulada.
Ou até ao dia em que têm o azar de estar envolvidos num desastre de automóvel e atropelar por acidente alguém que por acaso era familiar dum gajo qualquer do partido comunista, e o juíz atira-vos na cadeia por 20 anos sem mais conversa.
Ou até ao dia em que têm a polícia a bater à porta de casa porque escreveram qualquer critica ao Governo num blog qualquer, e são acusados de subversão do Estado ou qualquer coisa parecida.
Aí a hostória é completamente diferente, não é?
É isto que acontece quando não há um Estado de direito, quando os tribunais são controlados pelo Estado, quando a lei pode ser distorcida consoante os interesses do Partido.
"Falam de boca cheia até ao dia em que algo lhes acontece a eles."
ResponderEliminarEsta frase também serve para aqueles que acham que mesmo os piores criminosos devem ter direitos e que a pena de morte para essa gente é algo de profundamente errado. Já houve alguns que pensaram durante muito tempo assim, mas só até ao dia em que um desses assassinos lhes levou alguém da família. Depois, mudaram de ideias num instante.
A verdade é que a democracia tem vantagens e tem desvantagens. Mas hoje é politicamente correcto falar apenas nas vantagens. Só se pode apontar o que está mal nos outros regimes, na democracia tem de se falar apenas do que é bom.
O anónimo das 23:31 confunde alhos com bogalhos... O que é que a pena de morte tem a ver com a democracia?? E quem é que está aqui a falar da questão da pena de morte?? Os Estados Unidos aplicam-na e são um país totalmente democrático! Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
ResponderEliminarE é óbvio que um criminoso tem direitos. Direito a um advogado de defesa, direito de ser julgado de forma imparcial e justa, o direito à presunção de inocencia até que se prove o contrário.
Você por acaso pensa que vive na idade média ou na selva?
É preciso atrevimento ou insuficiência mental para questionar a democracia.
ResponderEliminarMenos quando a desculpa da democracia serve para cometer atropelos. E porque não questioná-la, então?
ResponderEliminarCumprimentos
"É preciso atrevimento ou insuficiência mental para questionar a democracia."
ResponderEliminarCá está o que sempre digo: democracia, sim, liberdade de expressão e tudo isso, mas desde que só se diga bem da democracia. Então qual é a diferença entre a democracia e regimes autoritários como a China? A China acusa quem questiona o sistema de insuficiência mental. O anónimo democrata das 06:19 faz o mesmo. Onde é que está a diferença?
Não se faça desentendido, anónimo das 00:52. Se fosse num país democrático, o polícia que salvou a criança matando o criminoso estava agora com um processo disciplinar às costas. Tudo bem, desde que a criança que está nas garras do criminoso não seja nossa, não é?
ResponderEliminarQuer mais exemplos? Que tal aquele que aconteceu recentemente em Portugal, em que o dono de uma ourivesaria se defendeu, matando um assaltante, e agora está sujeito a uma pesada pena? Isto tudo ao mesmo tempo em que as penas para os verdadeiros criminosos são cada vez mais leves.
Talvez vos dê razão quando perceber a democracia. Mas enquanto esta apregoar o direito à propriedade privada mas não nos reconhecer o direito de defender o que é nosso, porque se nos defendermos nós é que ainda vamos presos, bem a podem enfiar por um sítio que eu cá sei acima.
Democracia não é fazer o que bem apetecer,por exemplo Portugal é 1 país demócratico mas que tem muitos e muitos crimes.No tempo da ditadura de Salazar não havia democracia mas raramente havia crimes,porque será???No tempo do zé da beira havia respeito,agora ninguem respeita ninguem
ResponderEliminarCuriosamente, agora também lá têm um Zé da Beira, só que mais "europeu" e de bolsos mais ambiciosos.
ResponderEliminarPois mas este zé da beira é muito corrupto e mentiroso.Mas cada um tem aquilo que merece,se o povo votou nele.
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