sexta-feira, 16 de abril de 2010
Os blogues dos outros
As declarações inusitadas de Wen Jiabao em memória de Hu Yaobang hoje reproduzidas no South China Morning Post estão a despertar enorme interesse entre os especialistas e sinólogos. Explicarei quarta-feira, no Hoje Macau, porque é que a declaração do antigo assessor de Zhao Zyiang (até 1989) não é inocente, nem consensual do colectivo comunista mas representa a retoma de algo que era considerado a magistratura de Deng Xiao Ping ter enterrado, definitivamente. Assistiremos a enormes mudanças políticas na China nos próximos dois anos que terão (talvez) epílogo no Congresso do Partido Comunista Chinês em 2012.
Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho
Cada vez me causa maior asco, o repetido discurso egoísta e xenófobo que grassa em Macau, contra os não-residentes. Os tristes acontecimentos de segunda feira vieram reflectir este sentimento generalizado contra estes trabalhadores, cujo crime parece ser o de procurarem trabalho e uma vida melhor. Por outro lado, dá para imaginar como seria o clima político em Macau, com protagonistas do calibre do Novo Macau Democrático e dos Operários, caso fosse implantado o sufrágio universal.
El Comandante, Hotel Macau
Nestes duros dias de despudorado achincalhamento aos católicos, “a Igreja absolve os Beatles” tem sido uma abusiva manchete glozada e abusada pela comunicação social e pelos jacobinos do costume. Este inusitado tema surge a propósito dum artigo publicado no L'Osservatore Romano em que o editor chefe da publicação, Giovanni Maria Vian, se afirma encantado com a música da mítica banda dos anos sessenta. Naquilo que considero uma clara demonstração de bom gosto, há uns meses atrás o mesmo jornal elegera "Revolver" como um dos dez melhores álbuns da história da música Pop e agora anuncia que as atitudes e declarações libertinas dos Quatro de Liverpool ocorridas nos loucos anos sessenta, são hoje águas passadas, e que o que permanece é um precioso legado artístico. Para além da expressão dalguns legítimos protestos, afirmados à época por alguma hierarquia a propósito das provocações dos rapazes (principalmente John Lennon), a Igreja nunca teve nem poderia ter uma posição oficial sobre o assunto. Custa-me entender a má fé com que os media tratam este tema e quase tudo o que a Igreja Católica afirme: diga o que disser, uma coisa ou o seu contrário, essas afirmações, retiradas do seu contexto, são rapidamente julgadas queimadas na voraz fogueira do pensamento único. A verdade é que naquele tempo até o meu saudoso pai, uma pessoa culta e criterioso melómano, contemporizava apreensivo, a forma apaixonada e insistente como o meu irmão e eu aderíamos à onda da beatlemania. Também ele acabou passados alguns anos por se render à fascinante criatividade musical dos quatro de Liverpool. O caso, é que a adolescentocracia instaurada não descansa enquanto não matar o pai. Essa é a razão porque o desafio à santidade proposto por Cristo, colocada ao lado do sacrossanto relativismo moral que desobriga o indivíduo da sua perene responsabilidade na História tende a ser mal interpretada. De resto, suspeito que a fogueira com que o mundo, intolerante, hoje queima a Igreja e as religiões em geral, há-de queimar muito mais à sua volta. Quem sabe a própria civilização.
João Távora, Corta-Fitas
Ouve-se e não se acredita. Ao sintonizar esta manhã a Antena 1, o noticiarista falou da "Cantas". Cantas? Mas que grande palavrão na língua inglesa, especialmente na Austrália. O noticiarista referia-se à companhia de aviação "QUANTAS" e em vez de pronunciar "quantas" preferiu referir-se ao calão mais porco da vagina de uma mulher. Possivelmente, estas coisas são ensinadas nos cursos superiores de jornalismo da actualidade...
João Severino, Pau Para Toda a Obra
A notícia do acidente de aviação que vitimou hoje um grande número de canalhas, perdão, de dignitários do regime polaco confirma mais uma vez um facto indisputável: o comunismo mata! (Mesmo depois de acabar.) Parece que o avião era um Tupolev. Também confirma que as massas sofrem patologicamente e incorrigivelmente do Síndrome de Estocolmo. Isto manifesta-se geralmente por manifestações de tristeza insensatas e idiotas por parte das vítimas - e não só - dum qualquer gangster governativo que bata a bota. Os idiotas dos polacos vão dar a aos seus mafiosos um funeral que jamais dariam a pessoas simples e decentes que morreriam num acidente de autocarro. Critérios...Os indivíduos que estavam no avião eram quase todos uns parasitas, e quase todos mais ou menos uns traidores. Parasitas dos piores, porque homens muito influentes duma instituição criminosa - a máfia-estado. Deputados, políticos, altas patentes militares, toda esta gente estava envolvida até às orelhas no parasitismo dos polacos, e não só. E traidores, porque muitos deles, depois de terem lutado corajosamente e de forma bem sucedida contra os Soviéticos, não hesitaram em tomar eles próprios o poder, tomando assim o lugar destes, tendo eles próprios passado a fazer o trabalho sujo de opressão dos seus compatriotas, o que é ilegítimo independentemente desta opressão ter sido melhor ou pior do que a precedente. Traidores, além do mais e sobretudo, porque após terem tomado o poder, passaram os últimos vinte anos a entregar o seu país a organismos supranacionais como a NATO (na prática, os Estados Unidos) e a União Europeia, em troca duns dinheiritos e duns jantares em palácios e ministérios internacionais. Foi este o papel das "elites" polacas nas últimas décadas. De qualquer modo, tudo isto pouco importa. Agora, a questão premente é de saber a quem os polacos vão pagar os seus impostos? Será possível viver sem pagar impostos? Deve ser horrível! Isto fica como um pergunta lançada ao ar. E a propósito de ar, e de aviões, não podemos nesta ocasião deixar de dar ao Senhor Lech Kaczynski e aos seus amigos a saudação que os franceses se dão entre amigos: Bon Vent!
Pedro Velhinho Bandeira, O Porco Capitalista
A delegação polaca que desapareceu no acidente aéreo de Smolensk ia assistir uma cerimónia em honra dos cerca de 20 mil polacos assassinados sob a ordem de Estaline durante a II Guerra Mundial. Para além do que de terrível encerra o assassinato de 20 mil pessoas, Estaline conseguiu tornar esta história ainda mais nauseabunda do que já era. Entre os polacos assassinados - capturados quando a URSS invadiu e partilhou a Polónia com a Alemanha Nazi - contavam-se: um almirante, dois generais, dezenas de coronéis e de tenentes, centenas de majores e capitães, milhares de soldados, um príncipe, refugiados, professores universitários, médicos, engenheiros, advogados, jornalistas e escritores. Algum tempo depois deste episódio, o governo polaco no exílio reuniu-se com Estaline para assinar o pacto Sikorski-Mayski cujo objectivo era formar um exército polaco em território soviético para combater a Alemanha. Nessa ocasião o primeiro-ministro polaco Władysław Anders, que desconhecia o paradeiro dos oficiais polacos assassinados em Katyn, forneceu a Estaline uma lista destes militares na esperança que o exército russo os pudesse encontrar ou libertar das garras dos nazis. Estaline recebeu a lista num misto de surpresa e de embaraço. Acenou com a cabeça que sim, que iria fazer um esforço para os encontrar. Mais tarde, garantiu a Władysław Anders que estes homens tinham sido libertados, mas que lhes tinham perdido rasto. Perguntem ao PCP o que acha deste episódio...
Rui Curado Silva, Klepsýdra
É um facto que, dobrados os 50 anos, as conversas nas reuniões entre amigos mudam completamente de temas. Durante os primeiros anos da juventude era o fascínio da mudança, da autonomia, a fantástica experimentação da vida “verdadeira”, acabar os cursos, casar, arranjar emprego, casa, automóvel, o nascimento dos filhos quase todos em poucos anos. Sempre que falávamos, e falávamos sempre, havia imensas novidades, perguntas ansiosas, um entusiasmo cúmplice de quem fazia o caminho a par e passo. Depois foi o tempo dos encontros cada vez mais espaçados, não havia tempo para nada, absorvidos até ao limite com o intenso ritmo de vida. A fase dos filhos adolescentes é talvez a mais complicada, junta-se com a altura de maior esforço profissional, cada um precisa do seu espaço mas é preciso guardar um espaço comum, um equilíbrio exigente e diário, é preciso dar atenção a tudo e muitas vezes distraímo-nos do que dantes era tão importante, adiando um dia e outro, na esperança de poder retomar o fio quando houver um pouco de sossego. Então, quase sem repararmos, celebramos os 50 anos, num instante os seguintes, e olham-se as muitas etapas já concluídas, quase todas as que nos consumiram energias, entusiasmo, alegrias e desilusões. Nessa fase da vida já renderam as qualidades e assumem-se sem complexos os defeitos, já se esgotou a paciência para muitas cedências, para nos esquecermos de nós próprios, para esperar oportunidades. Depois dos 50 há balanços, com o seu cortejo de confirmações e ajustes de contas. Mas o declínio da juventude é hoje mais lento, acredita-se mesmo que é possível adiá-lo, e a necessidade de reajustamento resulta também da ânsia de aproveitar plenamente uma nova fase da vida, que se perspectiva cada vez mais longa. Se foi possível uma relação afectiva profunda e um estilo de vida em que ambos se sintam bem, esta fase traz o gosto de uma nova liberdade, uma sensação de dever cumprido, que permite que se usufrua do que se construiu ao longo da vida, não só materialmente mas também emocionalmente. No entanto, obriga a que se procurem novos centros de interesses e exige uma espécie de recomeço interior, reorganiza-se o tempo, aceitam-se as diferenças, recuperam-se gostos esquecidos de partilha e companheirismo que preencham numa nova harmonia o vazio e o silêncio que ficou. Mas outras vezes essa reconstrução não é possível porque o que sobra é apenas um monte de estilhaços que se encara com desânimo e sem fé na sua regeneração. Confrontadas com o tempo que corre veloz, recusam renunciar à felicidade e decidem-se pela mudança radical, partindo para a renovação dos três “cês”, como li há dias numa revista,”casa, carro, cônjuge”, muitas vezes o emprego também, arriscando começar tudo do zero rumo a uma nova vida. Depois dos 50, seja qual for o lastro de realização ou frustrações com que cada um aí chegue, as conversas entre amigos voltam ao tema das motivações pessoais que determinam o modo como se encara o futuro.
Suzana Toscano, Quarta República
O Vaticano tem uma queda especial para o disparate e tremendo horror à ciência. Nesse bairro de 44 hectares o tempo parou e, como sinal de pompa, mantiveram-se os adereços femininos. Quem não distinga a água benta da outra nem enxergue numa rodela de pão ázimo o corpo e o sangue de Cristo, é difícil ver um papa com vestidinho de seda, a cabeça enfiada num camauro e as pernas guarnecidas por meias coloridas, sem um amplo sorriso. Um ateu nada teria a observar sobre a forma garrida e exótica como se veste o regedor do bairro se ele não tivesse o hábito de pregar moral e aconselhar sobre a sexualidade. Quando um celibatário, inveterado, quer ser o guardião da moral e dos bons costumes tem de se comportar de forma exemplar e não admitir no seio da sua Igreja quem se comporta ao arrepio da moral que prega. Não pode permitir que um bispo, mentindo, afirme que o preservativo propaga a sida, e ajude a morrer um continente infectado pelo terrível flagelo. Não pode ser tão insensível que se oponha à interrupção da gravidez de uma criança de 12 anos violada pelo amigo do pai e rosnar ameaças contra o planeamento familiar. Não se podem fazer milagres ao domicílio e criar santos entre os que apoiaram os piores ditadores, caso de Espanha, para combater os adversários e, depois, esperar indulgência. A Igreja católica continua a viver na Idade Média, com milagres obrados por cadáveres com séculos de defunção e que alimentaram a superstição popular. A tentação obscurantista, servida por um implacável conservadorismo, levou este Papa a reconduzir a sua Igreja ao Concílio de Trento. Reintegrou os bispos fascistas e anti-semitas de Lefebvre, apoiou-se no Opus Dei, escondeu desvios sexuais e crimes do seu clero, sem respeito pelas crianças que molestavam, e desenvolveu uma campanha contra a modernidade, a democracia e a liberdade. Todos os ventos fustigam agora o jovem das juventudes nazis, os escândalos atingem as sotainas e já ninguém acredita na palavra da Igreja que ocultou os crimes ou nos bispos que transferiam padres pedófilos de terra em terra sabendo que iam continuar a molestar crianças. E, na dureza das cabeças pias, continuam as confusões criadas nas manhãs submersas dos seminários. Insistem em confundir a homossexualidade com a pedofilia. O cardeal Tarcisio Bertone, número dois do Vaticano, estabeleceu uma relação entre pedofilia e homossexualidade, perante o desmentido da comunidade científica e da comunicação social. Não apreendem. Estão hoje, como sempre, contra o mundo, agarrados a um deus cada vez mais obsoleto.
Carlos Esperança, Diário Ateísta
Sempre houve ambientes violentos nas escolas. Antigamente posso garantir que ainda era pior. E houve negligência. Como sei que houve negligência? Porque a criança morreu. Só em Portugal é que quando alguém morre todos os presuntos implicados dizem que fizeram “a coisa certa”. Mas daí até encontrar responsáveis directos, à excepção dos rufias, vai um passo. Houve negligência, à portuguesa, que é o molemente “não querer chatices”. Agradeçam também à anterior equipa da Educação, ao transformar os professores em burocratas com medo de “levantar ondas”. Já agora, em vez de “bullies” porque não dizer simplesmente “RUFIAS”? Acho que a língua portuguesa anda a sofrer demasiado “bullying” e “bullshitting” por parte dos rendidos à bully língua inglesa…
Rui Zink, Rui Zink versos livro
Se os gregos percebem a marosca da Islândia desatam a acender vulcões até que lhes emprestem dinheiro.
João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária
Sem que tenha qualquer coisa a ver com este post, quero aqui manifestar, enquanto português, a minha profunda gratidão à hospitalidade Checa, não sei se fruto de esmerada educação ou se de excesso de alcool, que numa enorme demonstração de arrogância e novo riquismo, levou o presidente dessa jovem republica a uma insistência em tentativas vãs de envergonhar uma visita, conseguindo apenas envergonhar o seu próprio povo.
ResponderEliminar- Não fora o vulcão islandês e creio que seria boa altura dos convidados abandonarem a sala.
- Pena ter sido um avião polaco e não um avião checo a despenhar-se na Russia.
Alguém percebeu este comentário?
ResponderEliminarA unica coisa boa da republica checa são as CHECAS;boas como o milho,de resto é tudo mau,até o salário minimo dos checos é bem inferior ao salário minimo de Portugal.
ResponderEliminarOra aí estamos de acordo: há checas maravilhosas!
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