sexta-feira, 30 de abril de 2010
Mais um 1º de Maio
Amanhã é dia 1 de Maio, dia internacional do trabalhador. Como o nome indica, é o dia dedicado à malta que trabalha, que dá o litro, que faz o mundo andar para a frente. Independente do que o leitor pensa sobre “manifestações” e sucedâneos, o primeiro dia do mês de Maio foi exactamente criado para isto mesmo: para protestar. Do que está mal, e do que está bem. É – ou devia ser – o único dia do ano em que o comum dos mortais operários se deve soltar das suas amarras e dizer de sua justiça. Não interessa se o que ele quer é menos trabalho e mais dinheiro, mais férias, uma ama-seca ou um novo martelo pneumático. No 1º de Maio fale, ou cale-se para sempre.
É lógico que nem toda a gente gosta de manifestações e prefere passar o feriado do lado dos seus familiares, fazer um piquenique, ir a um daqueles concertos deprimentes que se organizam neste dia, ou simplesmente ficar em casa a comer amendoins, beber cerveja e dormir, mas aí está, ninguém é obrigado a nada. Um amigo meu, muito anti-manifs, insiste que este dia foi consagrado a “descansar”, e não em “cansar-se mais”, com marchas pela cidade, levantamento de cartazes ou cargas policiais. A verdade é que se não fossem os heróis dos primeiros de maio passados, ainda trabalhávamos 15 horas por dia, sábados e domingos em alguns casos, e ganhávamos feijões perante a pujança deste sistema que consideramos “o menos mau”, o capitalismo.
Em Macau temos um passado recente de manifestações problemáticas. Em 2007 tivemos a primeira grande demonstração de desagrado da história da RAEM, com a manifestação do 1 de Maio que ficou célebre pelos cinco tiros disparados para o ar por um agente da autoridade. Essa manifestação foi uma enorme dor de cabeça para o Governo, e veio na sequência de um escândalo de corrupção dentro do Executivo apenas meses antes. No ano seguinte, num acto de real politik bastante questionável, Edmund Ho anunciava pouco antes do 1 de Maio o subsídio das cinco mil patacas, e as marés acalmaram. Remédio santo, repetido o ano passado com uma dose ainda maior, seis mil patacas. Este ano as águas voltam a estar conturbadas, apesar de um esforço suplementar do Governo com o anúncio recente do Plano de Poupança, pois há duas semanas um certo grupo de trabalhadores residentes descontentes demonstraram-se violentamente junto da Direcção dos Assuntos Laborais.
A questão do trajecto volta também a estar envolta em polémica, sempre com a tal dúvida se é permitido ou não passar pela Av. Almeida Ribeiro, uma espécie de santuário de pássaros da RAEM. A discussão sobre se os manifestantes devem ou não passar pela Av. Almeida Ribeiro é mais problemática que uma eventual passagem dos manifestantes. Certamente que amanhã toda a gente quer celebrar o 1 de Maio sem problemas, e as autoridades quererão ter também um feriado tranquilo. E depois é preciso não esquecer que os olhos vão estar postos em Xangai, na abertura da Expo 2010, e não nos grupos que vão estar amanhã a fazer o que é consgrado a esta data. Protestar, fazer barulho, dizer o que lhe vai na alma. Feliz 1º de Maio!
E é sobre a história do 1º de Maio que ainda vou escrver um bocado antes de ir dormir.
ResponderEliminarCumprimentos
O dia 1 de Maio devia ser um dia de agradecimento a Deus por parte de quem tem trabalho e por parte de quem não tem um dia para ir pedir ao Senhor que o ilumine e lhe dê forças para o conseguir. Principalmente os jovens que andam cada vez mais arredados da Igreja. Não devia ser dia para manifestações nem protestos, Jesus nunca protestou.
ResponderEliminar'Jesus nunca protestou'
ResponderEliminarJesus nunca protestou porque sabia fazer milagres. Tocava numa cesta e aparecia pão. Como o comum mortal nao tem os dons de Jesus, tem que fazer-se à vida... e protestar também. Por isso, caro anónimo das 12h27 estimo muito que a sua teoria se fo..!
ResponderEliminarNão vejo o porquê de tantas reclamações no dia 1 de Maio. Os trabalhadores em Macau são bem remunerados e têm direitos que se farta. Estas manifs todas não passam de aproveitamento político dos grupos radicais populistas e ditos democráticos que não perdem uma oportunidade para aparecerem nas primeiras páginas dos jornais.
ResponderEliminarAA
Parece que houve porrada à moda antiga (tipo motim do Dezembro de 1966) e houve malta a acabar no São Januário.
ResponderEliminarAA
Estes arruaceiros deviam ser obrigados a trabalhar uns tempos em Portugal, que era para ficarem a saber o que é realmente ter motivos para protestar. Ou na China.
ResponderEliminarOlá! Te desejo um Feliz 1º de Maio.
ResponderEliminarBeijos
Ser arruaceiro está no sangue,ou se é ou não é.Se estes arruaceiros trabalhassem em Portugal ou na China Comunista tambem iriam para rua protestar.Até estavam lá velhotes e mulheres a protestar nas ruas de Macau.Muitos nem sabem porque estão a protestar,mas como os outros protestam,eles tambem protestam.
ResponderEliminarÉ a democracia. Na China só protestavam uma vez, à segunda já pensavam melhor.
ResponderEliminar