domingo, 11 de abril de 2010
Livres como passarinhos
Muito interessante, a entrevista do advogado e deputado Vong Hin Fai ao Clarim na edição da última sexta-feira. Vong Hin Fai faz em grande parte aquilo que seria de esperar, como deputado nomeado, e vem defender a sua dama, neste caso o Executivo. Mas há ali qualquer coisa que me fez torcer o nariz. Quando o jornalista Pedro Daniel Oliveira lhe pergunta a opinião sobre o facto de apenas 46% de funcionários públicos pertencerem aos quadros da Administração, primeiro o sr. deputado hesita, e depois fala das leis do Mercado, do eventual excesso de recursos humanos, e conclui com um "A vida é livre! Se as condições não são suficientes na Função Pública, as pessoas (estejam no quadro, a contrato ou assalariadas), podem sempre sair...". Não, não estou a brincar. Leiam a entrevista.
Não conheço a fundo a situação dos funcionários públicos de Macau; não sei se estão felizes e satisfeitos, ou se ganham bem. Mas adivinho. A julgar pela contestação que os leva a votar em massa na única lista que defende os seus interesses nas eleições para a AL leva-me a concluir que não estejam muito satisfeitos, e a julgar pelo que se paga na privada, até não devem ganhar mal. Se estão recordados, um certo deputado disse não há muito tempo que um vencimento de 7 mil patacas "chega muito bem". Só para que se tenha uma ideia, um jovem licenciado que trabalhe numa empresa privada (sem contar com os casinos) ganha mais ou menos o mesmo que um motorista ou servente na Administração. Conheço vários funcionários públicos, e são na sua esmagadora maioria pessoas responsáveis, trabalhadoras e competentes. Nos últimos anos não tenho qualquer razão de queixa de qualquer serviço ou agente público.
É verdade que existe uma tendência mundial para que se reduza o número de funcionários públicos, que se aumente a idade das reformas, que se desinvista na máquina administrativa, que é sempre o "saco de pancada" favorito do "pobre contribuinte". Mas Macau tem sido uma espécie de excepção. Não só o número de funcionários e agentes aumentou em vários milhares desde 1999, facto aliás bem explicado por Vong Hin Fai, como a RAEM tem passado ao lado das crises económicas que têm assolado o planeta. Não se percebe muito bem a relutância em actualizar os vencimentos dos funcionários para que comportem o aumento do custo de vida, se até em economias falidas (como Portugal, por exemplo) os funcionários são aumentados todos os anos. O facto de só recentemente a secretaria responsável pela administração se ter reunido com o representante dos funcionários, em dez anos de RAEM, é surrealista. Deve ser um caso único no mundo.
Penso que a Administração não tem nada a ganhar em desencorajar jovens inteligentes e criativos a fazer parte dos seus quadros, ou impedi-los de usar a sua criatividade e independência oferecendo-lhes vínculos precários. E quem disse que um mau funcionário, mesmo sendo do quadro, não pode ser demitido? Para que servem as avaliações de desempenho? É um facto que existiam no passado uma série de vícios entre os funcionários públicos, típicos de uma administração colonial, mas hoje não se justifica que se lhes aponte o dedo cada vez que se fala da "crise" ou dos salários de caca que alguns empresários que vão enriquecendo cada vez mais pagam. É o dever de quem mais lucra recompensar adequadamente os seus trabalhadores. É um facto que somos "livres", como diz Vong Hin Fai, que recorda que "também já foi funcionário". Só que nem todos podem chegar a advogados. Ou/e deputados.
O governo ja paga bem, ainda querem mais aumento, olhem so para a privada e comparem, depois e' que podem pedir aumento.
ResponderEliminarOlha que giro. E porque é que os da privada não pagam mais? Não têm dinheiro? Não me façam rir...
ResponderEliminarTenho lido o pasquim com assiduidade e graças aos dois icorrigiveis JME e PDO eh k o pasquim subiu muito de qualidade. parabens pois entao aos dois "catolicos" pelo bom trabalho. continuem a destoar da maioria que o povo agradece...
ResponderEliminarOs funcionários públicos são aumentados todos os anos em Portugal? O Leocardo está mesmo desfasado da realidade daquele país...
ResponderEliminar"O governo ja paga bem, ainda querem mais aumento" dinheiro nunca é demais oh anónimo das 11h20.
ResponderEliminarestes deputados sao uma vergonha e a secretaria da adm. nem vale a pena falar.
ResponderEliminarpergunto o que se faz com
- 220 mop de abono de familia a um filho
- 1000 marrecos para casa igual aos mil marrecos que se recebia em 1991 e que as rendas eram de 1600 mops
- o porque^ de cobrarem 10% de impostos e darem depois umas miseras 6mil patacas que nao cobre estes anos de reducao salarial.
- o q se faz com as merdas de contratos individuais de trabalho com 10 dias de ferias por ano e a receber muito menos do que o colega do lado com o mesmo cargo e curricul?
Ha' ja sei, como diz o deputado e' para serem "livres" , o chefe sempre pode mandar o trabalhador pra rua sempre que o chefe queira
os ditos "eu defendo-vos" como' coutinho e afins fazem parte do sistema e tb sao funcionarios publicos, portanto tudo o que fazem e' "palha pro' burro comer" nada muda nem nestes ultimos 20 anos nem daqui pra frente.
que se fique contente com o pouco que se tem porque neste momento a querida Florinda anda a pensar como e' que pode tirar mais uns cobres, a merda do fundo de providencia foi bom mas nem todos aderiram, por isso vamos inventar mais qq coisa
uma tristeza
Quando se baixa as calças aos amigos e padrinhos para o seu próprio interesse, é o que dá. Sé dizem merda.
ResponderEliminarOs problemas da FP de Macau de agora sao os mesmos que existiam em 1999.
ResponderEliminarAA
os que aqui criticam tem cá uma moral do krlh,é natural voces ganham bem,estão a cagar para os outros que ganham mal e porcamente.a maioria dos portugueses que trabalham em macau tiveram que sair de portugal porque em portugal ganha-se muito menos,em macau está-se bem.Porque que estes portugueses que estão em Macau estão há tantos anos em macau?Porque não voltam para Portugal???ainda lembro daqueles gajos que antes de 1999 tinham motorista e carro de borla,casa de borla,tudo de borla,voltaram a Portugal,andam agora de metro ou autocarro e ganham muito menos
ResponderEliminarEntão porque é que estes chineses desqualificados não fazem o mesmo, se estão mal? Há muitos chineses que procuram outros sítios. Estes estão é habituados a que o governo lhes resolva os problemas todos. Se lhes disserem que têm que estudar à noite ou aprender pelo menos uma língua para poderem trabalhar no turismo, não querem. Querem é o cuzinho lavado em água de rosas.
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