domingo, 14 de março de 2010
Um olhar sobre o Manduco
Hoje o Bairro do Oriente leva o leitor até aqui perto de casa: a Rua da Praia do Manduco, uma das mais "castiças" do território. Veja um pouco do que se pode encontrar na "Há Van Kai", ou seja, a "Rua de Cima da Baía".
Seria impossível falar da Rua da Praia do Manduco sem referir o Mercado de S. Lourenço, ou "Há Van Kai Si", reconstruído e inaugurado recentemente, com equipamentos modernos e um parque de estacionamento com capacidade para mais de 100 automóveis e 200 motociclos.
Mesmo em frente ao Mercado, encontramos esta simpática senhora vendedora de fruta. Confesso que não resisti e comprei-lhe algumas daquelas carnudas batatas doces. Uma delícia!
Ao lado da senhora da fruta, temos esta tendinha onde se pode encontrar roupa para adulto e para criança, a partir da módica quantia de dez patacas. Uma bagatela, muito semelhante às tendinhas junto do Mercado de S. Domingos, no Largo do Senado.
Ainda junto ao Mercado, encontramos uma de muitas ervanárias/farmácias chinesas, onde se podem encontrar raízes secas e outras mezinhas utilizadas na milenar medicina oriental.
Fruta, fruta, e mais fruta. E supermercados. E pronto a comer. Na Rua da Praia do Manduco pode ter a certeza que encontra tudo o que precisa para encher a despensa.
Pode encontrar, por exemplo, o famoso "char siu", um tipo de carne de porco assada muito apreciado pela comunidade chinesa e não só. O "char siu" é temperado com uma mistura de mel, tofu fermentado, molho de soja e outras especiarias. Um caso de sucesso na culinária chinesa.
No Manduco encontramos várias destas lojas que vendem as famosas "caixas de arroz". O freguês pode escolher uma caixa de esferovite (vulgo "hap hou kau") com arroz e três comidas à sua escolha. Nos meus idos tempos de solteiro costumava comprar várias vezes estas caixas de arroz, que custavam na altura a módica quantia de 8 patacas (devem andar agora pelas 10 patacas). Uma refeição alternativa rápida, barata, e deliciosa!
Para quem não gosta de "Char siu" ou de arroz, eis o Lido Crispy, uma espécie de rival do KFC. Galinha frita e estaladiça com o peso da tradição: "since 2009". Sumarenta, cheinha de gorduras polissaturadas.
Para quem deseja cozinhar o tradicional "Tacho" ou outro prato mais temperado, esta mercearia oferece (quer dizer, vende...) uma variedade de chouriços e presuntos chineses, carnes secas, ovos, e os mais variados temperos. Só para conhecedores.
E que tal uma canjinha? É o que podemos encontrar na casa de canja Tou Un, bastante popular a julgar pela afluência...às 11 da manhã. Nada como uma boa canja para aconchegar o estômago.
Não podiam faltar ainda as massas chinesas, vulgo "min", com "van tan", pés de galinha ou simplesmente vegetais. E tudo cozinhado mesmo aqui, no meio da rua.
Não falta também comida para o espírito. Jornais, revistas, tabaco e bilhetes de mark-six. Infelizmente apenas se podem encontrar os principais títulos da imprensa chinesa de Macau e Hong Kong.
Tratando-se de um bairro tipicamente chinês, não podiam faltar os chás, o tao-fu e os papéis votivos. Esta é uma das muitas lojas ambulantes onde se podem comprar papelinhos para queimar e apaziguar os espíritos.
Aqui temos a lavandaria Heng Va. Pequenina, muito tradicional, muito chinesa, um negócio familiar. A julgar pelos anos que aqui está, ainda deve ser muito requisitada.
Já conhecemos ou ouvimos falar da exposição "Pateo do Mungo", do fotógrafo Season Lao. Ora bem, aqui está o Pátio do Mungo, o original. Aposto que o Season não capturou a beleza das roupas penduradas no varal. O Pátio do Mungo é um dos arruamentos transversais à Rua da Praia do Manduco.
Não podia deixar de mostrar esta simpática sapataria de rua, onde se podem encontrar sapatos, sandálias e chinelos a preços tão módicos como 20 patacas. De plástico, naturalmente. Mesmo assim uma solução para quem tiver um "furo" e precisar de um "pneu" novo com urgência.
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Isto é apenas um pouco do que se pode encontrar na Rua da Praia do Manduco. Não foi um trabalho fácil, uma vez que como quase toda a gente me conhece, andavam a questionar-se "porque é que o kwai lou nos está a tirar fotografias hoje?". Recomendo a visita a este pedaço de Macau cheio de vida, tradição e calor humano.
Parabéns uma vez mais. Aliás todo o Porto Interior é mt interessante, e em especial as pontes cais
ResponderEliminarExcelente!
ResponderEliminarParabéns.
Não dá para no final destes posts pôr uma imagem do google maps com a localização da rua? Obrigado
ResponderEliminarJá está.
ResponderEliminarRecordo a carne d caranguejo desfiada que lá comprava para fazer caril...
ResponderEliminarFantástica reportágem. Parabéns. Pode fazer mais...
ResponderEliminarAbraço.
Leocardo, mais uma vez um excelente trabalho. Que saudades tenho destas ruas e becos de Macau :)
ResponderEliminarEsta é uma das razões pelas quais adoro este blog.
Joana Pereira
O que eu me lembro do Mercado de S.Lourenço e outros mercados de Macau. Um paraíso, entre outras coisas, para quem gosta de cozinhados de peixe. Acho que é impossivel comprar peixe mais fresco do que aquele vendido nestes mercados chineses!
ResponderEliminarLido Crispy, since 2009.
ResponderEliminarLOL
O "Since 2009" agora tem piada, parece ridículo. Mas vão ver o "charme" que essa placa vai ter daqui a 50 anos.
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