terça-feira, 16 de março de 2010

There will be blood


Mais de dez mil apoiantes do ex-primeiro ministro tailandês Thaksin Shinawatra deram sangue esta manhã em Bangkok, e espalharam a "colheita" em frente ao palácio do Governo, em protesto contra o actual primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva. A União para a Democracia contra a Ditadura (UDD), mais conhecidos por "camisas vermelhas", estão em protesto desde Domingo, exigindo que Vejjajiva se demita e convoque novas eleições. Os "camisas vermelhas" esperam assim preparar o regresso de Shinawatra, caído em desgraça. Os "camisas vermelhas" espalharam os 275 litros de sangue recolhidos em 50 contentores pelas seis entradas da sede do Governo. Segundo um dos manifestantes, em tom de desafio, "quando Abhisit vier trabalhar amanhã, terá que passar por cima do sangue do povo". E que povo, este. Os "camisas vermelhas" deram no Domingo 24 horas a Vejjajiva para se demitir, mas o primeiro-ministro recusa a ceder a pressões do UDD. Pode-se mesmo dizer que sem que tenha sido feito um único disparo, já começou a jorrar o sangue, na Tailândia.

17 comentários:

  1. Esta é, provavelmente, a revolução mais sangrenta de que há memória. Podiam fazer o mesmo, mas para doar a quem precisa.

    ResponderEliminar
  2. É a "democracia" da Tailândia em todo o seu esplendor. Se não estão satisfeitos com os resultados das eleições, fazem merda até que se convoquem outras. Depois é a vez da oposição não ficar contente e sair para as ruas. Só uma ditadura republicana e firme, com um "el presidente" qualquer, é que endireitava aquilo.

    Cumprimentos.

    ResponderEliminar
  3. Isso é que é uma grande verdade. Ora aqui está como, por vezes, a democracia só serve para dar cabo de um país. Só não percebo porque é que a ditadura tinha de ser republicana. Os presidentes têm sempre partidos e não conseguem ser imparciais. Se os reis de hoje não fossem meros objectos decorativos, poderiam resolver o problema muito mais facilmente. Tinha de ser firme, isso sim, mas não vejo que republicana fosse melhor.

    ResponderEliminar
  4. Olhe, a China é republicana, e só há um partido. Ora aqui está um bom exemplo :)

    ResponderEliminar
  5. Mas rei ou presidente, tanto faz. O que dá confusão é haver vários partidos e todos quererem mandar. Portanto, o problema não está em haver rei ou presidente. Está em haver democracia. Perdão, partidocracia, que democracia propriamente dita é coisa que nunca vi.

    ResponderEliminar
  6. Uma pergunta ao anónimo das 11:08.

    E quem é que escolhia esse seu tal "ditador" salvador da pátria?

    E já agora, mais uma perguntinha para a sua cabecinha iluminada.

    E se por acaso o ditador que saísse na rifa fosse um louco como o sujeito que dirige os destinos (desgraçados) da Coreia do Norte.

    E depois o que é que o amigo fazia? Diga lá?

    Confesso que estou curioso em ler as suas respostas.

    ResponderEliminar
  7. Prefiro eu também fazer uma pergunta: e quando os "democratas" que saem na rifa roubam tudo o que podem e deixam quem trabalha em situação cada vez mais precária, como é que eu faço? Não voto nele? De que me vale isso, se os idiotas todos (que é a maioria), que se queixam tanto como eu, voltam a votar no mesmo?

    Em vez de os portugueses discutirem tanto sobre se a população de Macau tem maturidade política para se dar passos rumo à democracia, deviam era interrogar-se sobre se eles próprios (portugueses) têm maturidade política suficiente para que continue a haver democracia em Portugal. Eu acho que não. Mas, claro, achar isto é ridículo, porque vocês assim o dizem e porque, afinal, os iluminados são vocês, os pró-democráticos, que não admitem que alguém tenha opinião diferente da vossa. Não se cansam de provar que não são diferentes dos anti-democratas: a liberdade de expressão é bem-vinda, desde que quem se expressa concorde com o vosso querido sistema.

    ResponderEliminar
  8. Respondo à sua pergunta com todo o prazer.

    Se os "democratas" que saem na rifa roubam tudo o que podem, o que faz?

    Vota noutros. É a sim que funciona um povo civilizado.

    Os americanos quiseram mudança e votaram em Obama. Os japoneses quiseram mudança e votaram num partido diferente daquele que estava no poder há mais de 50 anos. Os Brasileiros quiseram mudança e votaram num sindicalista pouco formado e com pouca experiência de governo que acabou por tornar-se o melhor presidente da história do Brasil e provavelmente da história da América Latina.

    Se em Portugal ainda não votaram noutras soluções para além do PS ou PSD, não é porque as pessoas são parvas ou estupidas ou ignorantes ou idiotas ou o que raio você queira chamar...

    A razão é que infelizmente em Portugal ainda não há alternativas credíveis que tirem o país desta realidade bi-partidária. Se houvesse, acredite que ganhava com a maior das facilidades, pois o povo está farto do poder instalado.

    Agora que tal responder à minha pergunta inicial?

    E se por acaso o ditador que saísse na rifa fosse um louco como o sujeito que dirige os destinos (desgraçados) da Coreia do Norte.

    E depois o que é que o amigo fazia? Diga lá?

    ResponderEliminar
  9. Eu gostaria era de ver estes adeptos pró-ditadura a viver na Coreia do Norte ou em Cuba.

    ResponderEliminar
  10. Nem se digna a responder hehe.

    Mas respondo eu. Se isso acontecesse, o anónimo das 14:59 fugia com o rabo entre as pernas e ia pregar para outra freguesia.

    Que mais podia fazer?

    ResponderEliminar
  11. Infelizmente as coisas não são tão lineares. Seja qual o sistema, existem sempre benificios e limitações. Numa ditadura, podem-se tomar decisões imediatas, traçar rumos de desenvolvimento sem os habituais procedimentos de uma sociedade democratica, como periodos de consulta, debate publico e político, votações, etc. Mas, está claro, está-se sempre sujeito aos caprichos da suposta "genialidade" do comandante. Grandes momentos da história, ejam eles de desenvolvimento, de criação de impérios e, também, das grandes tragédias humanas foram em regimes ditatoriais. Nestes regimes, porém, é necessário manter a população desinformada e o mais apolitica possivel. Quer-se que o "povo" seja simples e deixe a Governação nas mãos de quem "sabe".

    Uma variante do sistema ditatorial é o sistema monarquico. Dado o poder passar de forma hereditária, teóricamente permitedesde logo haver a capacidade de formação especifica do individuo para "governar". Claro está, mais uma vez se estará dependente às capacidades inerentes do Monarca, do "sistema" que o ensina e de todo o jogo de interesses que roda à volta da corte, mas apresenta o beneficio de poder estar afastado ao factor "dinheiro de financiamento", que assombra a democracia moderna.

    A democracia de hoje e tendo como exemplo a Democracia Portuguesa, é "democracia" apenas em nome. Para se conseguir votos suficientes é necessário visibilidade. Visibilidade essa que depende e muito do apoio dos média.Eu, Zé do Povo, vou votar naquele tipo dos cartazes e da televisão, que tem uma empresa de imagem por trás que o torna todo janota e aparece sempre a sorrir, ou aquele nome na lista de votos que nunca ouvi falar, ou que vi num debate ou outro? Ora sem dinheiro, não há visibilidade. Tomando Portugal como exemplo, é sabido que partidos políticos estão por trás dos grandes jornais e canais de televisão. E, está claro, os grandes grupos económicos estão necessariamente ligados aos partidos políticos. No caso de Portugal, verificamos um país praticamente ingovernavel: não existe uma medida, seja ela qual for, e feita por determinado governo, que tenha o apoio dos partidos da oposição. Esteja o PSD, o PS ou qualquer outro partido no poder, qualquer que seja que esteja no poder é criticado por tudo o que faz, e a aplicação de medidas de reforma e progresso são chumbadas ou arrasadas. Cria-se um clima de negativismo e de falta de rumo que não permite a evolução e desenvolvimento do país.

    São as regras do jogo, os interesses são muitos e todos querem chegar ao poder. Raros são os casos em que individuos que sentem realmente o trabalho político como uma carreira de orgulho e de "missão" conseguem atingir lugar de relevo na democracia. Quando o povo sente que a sua classe política é podre e apenas zela pelos "seus" interesses, volta-se para aqueles individuos mais radicais, mais apaixonados e decididos. E a verdade é que, acredito, é necessário, para os paises se desenvolverem, que existam estas crises e que estes individuos cheguem ao poder. É uma boa altura para se repensar a democracia e acabar com tachos e establishments...

    ResponderEliminar
  12. Sou o anónimo que tem defendido acerrimamente a democracia nestes ultimos comentários, mas confesso que gostei de ler o que o ultimo anónimo escreveu.

    Tem toda a razão, há vantagens e desvantagens seja qual for o regime. Mas o ser humano é imperfeito por natureza, e contra isso nada podemos fazer.

    Há de haver sempre boas e más ditaduras, embora tem de reconhecer que os maus exemplos são muitissimo mais frequentes do que os bons.

    E há de haver boas e más democracias, e aqui também tem de admitir que as que funcionam bem são em muito maior número do que as que funcionam mal.

    Repito aqui o que disse uma vez Churchill, e que acho que tem muita razão, "a democracia é a pior forma de governo exceptuando todas as outras que já foram testadas".

    Por alguma razão, mais de 75% dos países do mundo são democráticos. Não acha?

    ResponderEliminar
  13. Ah bom, pelo menos já há quem admita que há coisas boas e más tanto em "democracia" como em qualquer outro regime. Ponho "democracia" entre aspas porque, por razões já aqui apontadas também por outros, a verdadeira democracia nunca foi posta em prática. As chamadas democracias em vigor deviam era chamar-se partidocracias, porque é isso que, na prática, são. Gostava de experimentar uma democracia a sério, mas ela não existe. Em Macau, por exemplo, região em que tantos clamam pela democracia, o governo, mesmo não sendo propriamente democrático, ouve muito mais as pessoas do que muitos governos que foram eleitos. Isso basta-me. Não será preciso viver em ditadura pura, como na Coreia de Norte (isso é o pior que há), mas também não é preciso chegar às orgias partidárias a que se chegou nas chamadas democracias, porque isso também só favorece os membros dos partidos, estando o cidadão anónimo a ver a sua vida a andar cada vez mais para trás. Para mim isto é como tudo, "nem tanto ao mar, nem tanto à terra".

    ResponderEliminar
  14. A democracia pode ter muitos problemas, mas pelo menos tem um sistema de auto-controlo e equilíbro, baseado na separação dos poderes executivo, legislativo e judicial que garante os direitos e garantias básicas do cidadão.

    Numa ditadura não existe nada disto, está tudo nas mãos do capricho de um individuo (ou de um pequeno círculo de individuos). Basicamente as nossas vidas dependem do que esses sujeitos queiram fazer delas. E não há nenhum mecanismo para inverter tal situação.

    Ao fim ao cabo ficamos nas mãos da sorte. Ou nos calha um ditador bom e minimamente justo (como acontece no Brunei com o seu venerado Sultão), e vivemos felizes ou um louco sanguinário (como o Kim da Coreia do Norte ou o Mugabe do Zimbabwe) e ficamos na mxxxx.

    Posso não gostar de muito do que se passa à minha volta neste mundo, mas nunca poderia em consciência trocar uma democracia por uma ditadura. E muito menos aceitar que os meus filhos tivessem de viver numa. O risco é demasiado grande.

    ResponderEliminar
  15. Vocês ainda se dão ao trabalho de destruir inteligentemente a argumentação bacoca do leocardozinho. Não vale a pena. É a mediocridade.

    ResponderEliminar
  16. Mediocre é este último comentário. Não tem nada de positivo para dizer ou para contribuir? Pior que uma argumentação "mediocre", só mesmo uma argumentação nula. É o que anónimozinho é: uma nulidade.

    ResponderEliminar
  17. Estimadao Amigo Leocardo,
    Estive lendo atentamente o seu belo e informativo artigo THERE WILL BE BLOOD, e os comentários postados.
    Sobre o articulo descreve um pouco da realidade presente aqui em Bangkok, os comentários esses se desciaram do artigo principal, e com alguns deles eu discordo a 100%.
    Não está em causa se é este ou aquele partido que ganha as eleições e depois os rivais vem constestar, não é o caso presente.
    Depois da demissão do Ex-primeiro Taksing, as coisas se complicaram, e em 2008 os camisas amarelas, hoje no poder em colição com mais dois partidos, tinha ocupado o Parlamento por imenso tempo e destruído parte do ser recheio, depois colmuniram em Dezembro de 2008 com a ocupação dos aeroportos e foi um caos.
    Através do Parlamento foi efectuada uma eleição democratitca, onde todos os partidos estiveram envolvidos, e votado para a escolha de um novo primeiro ministro, saiu vencedor o actual primeiro ministro, e foi até aceite pelos seus opositores.
    No mês de Abril do ano passado, os camisas vermelhas sairam à rua contestando o governo e pedindo a sua demissão, tendo causado o caos na cidade de Bangkokm como deverão saber, eu sei, porque tenho assistido a todas estas manifestações in loco.
    No dia 24 de Fevereiro o Supremo Tribunal deliberou e sentenciou o congelamento de 46 biliões de Baths, do ex-primeiro ministro e isso foi o rastilho para estas novas manifestações.
    Não sou apologista nem estou filiado em qualquer partido político.
    O povo tailandês é calmo e pacifico, o ex-primeiro ministro, do meu ponto de vista, foi o melhor primeiro ministro que me foi dado a conhecer, tendo benificiado imenso os mais necessitados.
    Ele antes de entrar para a política já era multi milionário.
    No Parlamento passaram legalmete leis, leia essas que segundo os seus opositores vieram benificiar as suas empresas, isso é um facto real, mas não foi corrupto como o julgam.
    Este banho de sangue ontem realizado é uma estupidez, e agora está prevista para sábado outra manifestação pelas ruas da cidade.
    Não foram somente 10 mil manifestantes mas um número bem mais expressivo.
    Muitos deles, e isso é outro facto provado receberam 2 mil baths para se incorporarem nas manifestações, são pessoas da zona do Isan, pessoas inclultas, que nesta época do ano nada tem que fazer, são trabalhadores rurais, na sua maioria trabalhando seus arrozais, e como adoram passear e recendo algo em troca vieram até à capital.
    Os responsaveis da UDD esses sim, não desarmam, e as coisas não irão ficar assim.
    Devia sim serem realizadas eleições nacionais, visto que os opositores juraram aceitar os resultados das mesmas.
    Eu p+or cá fico nesta cidade onde os Anjos subiram ao Céu dando lugar a este caos.
    Um abraço amigo

    ResponderEliminar