terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Homens da segurança
Dois artigos que se cruzam nas leituras de hoje da imprensa. No Ponto Final um artigo de Miguel Esteves Cardoso tirado do Público sobre os bombeiros, de como os devíamos valorizar mais, e de como são indispensáveis à segurança pública. E no JTM um artigo de Sérgio Terra parcialmente sobre uma queixa relacionada com a PSP, que não teve meios de atender a uma chamada de urgência em português.
Quanto a este segundo caso, tenho a dizer que é grave, pois os serviços de urgência deviam ter capacidade de atender nas línguas mais faladas no território: o cantonense, o inglês, o português e o mandarim. As tragédias não escolhem nacionalidades, e é sempre bom poder contar com um serviço desta importância.
Eu chamei o 999 uma vez quando me arrombaram a casa em 1996, e fui super-bem atendido tanto pelas polícias como pelos bombeiros. Foi um pouco incómodo ter de me deslocar à esquadra para prestar depoimentos três vezes, o que me obrigou a desistir da queixa, mas isso são contas de outro rosário. Não roubaram nada de importante, afinal.
E no que toca à opinião do MEC, concordo plenamente que a carreira de profissional da segurança pública fosse uma carreira mais atrativa, mais dinamizada, que atraía jovens inteligentes que ao mesmo tempo procurem disciplina e um bom desafio.
Tinhamos todos a ganhar com profissionais mais experientes e competentes a apagar os nossos fogos, a combater as nossas cheias, a precisar de agir prontamente em casos de acidente ou crime. Uma polícia que se pautasse pela responsabilidade e manutenção da segurança, e bombeiros que fossem verdadeiros "soldados da paz". E já agora, nas duas línguas oficiais do território.
Não encontrei o artigo do MEC e não sei se fala nisso ou qual é a posição dele em relação ao assunto, mas o governo português devia era de ter vergonha de andar a fazer cartazes a pedir voluntários para os bombeiros, prometendo "carreira no voluntariado" (mas que raio é isso de carreira no voluntariado?).
ResponderEliminarOs bombeiros têm demasiada importância e deviam ser profissionais e não voluntários como acontece em Portugal. Mesmo assim, sem o governo lhes ter de pagar salários, precisam de andar sempre a fazer peditórios e nunca estão equipados como deviam. Não devia era haver ninguém disposto a ser voluntário, para o governo ser obrigado a profissionalizá-los.
Não era eu que andava nos bombeiros sem salário e, ainda por cima, a ser obrigado a andar na rua a pedir. Se os políticos da treta de Portugal dizem sempre que não há dinheiro para nada, prescindam eles dos seus salários e das suas mordomias.
Inglês ou Mandarim seriam opcionais. Cantonense e Português são línguas oficiais.
ResponderEliminar«São duas as boas perguntas a fazer diante da tragédia na Madeira: "Que posso fazer para ajudar?" e "que posso fazer para ajudar a baixar o risco que volte a acontecer?".
ResponderEliminarA má pergunta, irresistível, é "quem é que tem culpa?" É uma má pergunta porque pode-se responder de muitas maneiras e perde-se muito tempo a comparar respostas umas com as outras. A culpa foi da chuva, do clima, da construção civil, do capitalismo, do governo regional, do aquecimento global, da gula humana, de Deus, do azar dos anfiteatros... nunca mais acaba.
Se os bombeiros e polícias perdessem tempo a fazer essas perguntas, estávamos tramados. Temos de prestar mais atenção, quando está tudo bem, às corporações que nos acodem nas horas de aflição.
Essa atenção tem de ser financeira (nem que seja só fazermo-nos sócios dos bombeiros locais) e não sentimental. Louvar e agradecer não chegam. Os polícias e os bombeiros portugueses são notoriamente mal pagos. Deveríamos apoiar os esforços que fazem para receber um salário mais condigno. Merecem ter uma boa qualidade de vida. E não têm. Porque são mal pagos.
A ideia de que têm a obrigação de nos salvar é estúpida e ingrata. O facto de se dedicarem tanto, muito para além do que foi contratado, só mostra quanto mereciam ganhar e envergonha-nos pelo pouco que lhes pagamos.
Pense em bombeiros particulares, bem pagos e apetrechados, que só socorrem os clientes. É para aí que caminhamos, caso continuemos a virar-lhes as costas.»
MEC, in Público
Não poderia concordar a opinião do MEC como do anónimo que abriu as hostilidades. Os bombeiros querem-se profissionais altamente competentes e com ferramentas à altura de fazer face ao imprevisto. O que se passa em Portugal envergonha o país, mas é mais um de muitos casos.
ResponderEliminarQuanto à questão levantada pelo colunista do JTM, apenas tenho a dizer que quem fez essa ligação tem a obrigação moral de fazer queixa. Se as autoridades não tomarem conhecimento, estes problemas não se resolvem e o português tem tendência a desaparecer. Cabe aos portugueses a obrigação moral de manter viva a língua no território, já que o governo de Lisboa está-se bem a cagar.
AA
Senhor Leocardo
ResponderEliminarHoje li no "Hoje Macau" uma notícia que deu que pensar-me. O titulo tinha a dizer uma coisa assim "Neto pouco valente".
Este titulo se fosse há uns anos atras dava de certeza um processo-crime contra o director do jornal. Mudam-se os tempos...
Obviamente que, desta vez, não concordo com o MEC. Eu, quando vivia em Portugal, não me envergonhava nada com o pouco que pagava (pouco não, nada!) aos bombeiros, precisamente porque acho que não tenho de pagar nada. Já pagava o suficiente em impostos que nunca soube para onde iam, pois eu nunca vi o benefício desses impostos que era obrigado a pagar. Ainda se fossem canalizados para os bombeiros, já me dava por satisfeito. Mas nem isso. Por isso mesmo, repito que quem devia ter vergonha era o governo. Se já não garantem reforma a ninguém, se a saúde não é gratuita, se os bombeiros não são profissionalizados, se a polícia é mal paga, porque raio é que eu tinha de pagar impostos? E depois de os pagar ainda me tinha de sentir envergonhado? Era o que faltava!
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