quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Numa pensão qualquer


Discute-se agora a questão das pensões ilegais, o principal cavalo de batalha de Ung Choi Kun, deputado da Associação dos Cidadãos Unidos de Macau. Segundo o ilustre sr. Deputado, nestes locais são cometidos crimes, como o “homicídio e a prostituição”. Alguém (Pereira Coutinho?) lembrou que nem toda a gente que vem a Macau tem 2000 patacas para pagar por um quarto. Certo. O que está aqui em cima da mesa é o seguinte: por “pensões ilegais” entendem-se aqueles apartamentos destinados a habitação que alojam hóspedes sem estarem licenciados para o efeito, correcto? Então se não foram vistoriadas ou licenciadas ou fumegadas ou lá o que é preciso, não podem simplesmente funcionar. É tão simples.

Contudo existem locais chamados “hospedarias” onde é possível alugar um quarto por uma noite pela módica quantia de 150 patacas. Existem muitas destas hospedarias, semelhantes à “pensão lisboeta”, espalhadas um pouco por Macau. Quando cheguei existiam três bestiais para levar uma conquista: uma tal Vila Costa que ficava na Av. Horta e Costa, uma vila com uns caracteres tailandeses situada na Av. Almirante Sérgio, e outra na Praça Ponte e Horta, que anunciava num ecrã luminoso que se podia pagar 100 por uma hora, 150 por duas horas, dependendo do fôlego. Aliás essa era a vantagem das hospedarias e vilas, pois podia-se levar para lá alguém sem precisar de ficar lá a dormir. Outras cantigas, em que dividir o apartamento com familiares não dava lugar a escapadelas de natureza romântica entre portas. Belos tempos, portanto.

Naturalmente que estes locais, principalmente os da velhinha Rua da Felicidade e arredores, estão muito mal tratados, e alguns são praticamente só usados para a prática da prostituição. E isto, infelizmente, afasta muitos dos tais turistas que não podem pagar uma milena ou mais por um hotel. Estas hospedarias estão licenciadas, e podiam ter um melhor uso. Macau é uma cidade turística, e suficientemente importante para que existam hospedarias e pousadas da juventude à semelhança dos "hostels" que existem em cidades da região, como no Vietname (excelentes) ou mesmo na China continental (cf. imagem).

Não admira portanto que indivíduos com intenções menos boas montem pensões em locais obscuros da cidade, como acontece com a zona do Terminal Marítimo, que se tornou num local miserável depois da mudança do New Yaohan para a Praia Grande. E que lá aconteça “homicídio e prostituição” a quem se arrisque a lá pernoitar. Outra coisa que eu não entendo é a posição das autoridades, a quem compete fazer cumprir a lei. Se estas “pensões ilegais” existem, estão localizadas e aparentemente há ocorrências de “”homicídio e prostituição”, porque não simplesmente chegar lá e fechá-las?

Afinal estão a funcionar ilegamente. É natural que a companhia Golden Dragon esteja a querer varrer o lixo da sua parte, mas espero que a intenção não seja depois “empurrar” os turistas para aqueles hotéis carunchosos que existem pelo centro da cidade, onde uma diária custa entre 400 e 600 patacas, mas o serviço é uma merda. Entre esses e uma pensão ilegal, venha o diabo e escolha.

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