sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
No mundo dos TI
Durante o período de quarentena forçado do meu PC, companheiro de tantas aventuras, tive a oportunidade de privar com uma das espécies mais interessantes da fauna de Macau: os técnicos informáticos (TI). Na loja aqui a cinco minutos de casa, habitam vários exemplares desta interessante espécie. Habitam, pelo menos, das 10 da manhã até às sete da tarde.
A maioria dos TI são sobetudo malta jovem, e os mais velhos são aquilo que se convencionou chamar no léxico das matinés dos filmes americanos, "nerds". Admiro a tenacidade como os TI montam e desmontam um computador, e andam ali à volta com hardware, software, e muitos conceitos que são grego para o comum dos mortais.
Como bom homo-sapiens portuguesis que sou, não me interessa muito como funciona o computador, desde que funcione. Daí que quando me dizem que tinha um trojan no folder não-sei-quê ou tiveram que fazer upgrade do como-se-chama, finjo demonstrar interesse, assim como uma frígida finge um orgasmo com um gajo com quem até simpatiza.
No fim costumo perguntar "quanto é", dou uma nota de vinte ao puto que esteve ali às voltas para que fosse possível estar a escrever hoje estas linhas, pego no tijolo e vou-me embora. E porquê a gorjeta? Porque o bom do TI andou ali a meter o nariz nas miríades de porcaria que está metida no disco rígido, e não me julgou por ter o PC "num lástima". Como não sou o Edison Chen, isto não me preocupa muito.
Quando não estão a trabalhar, os TI estão a jogar no computador. Isto não só distrai, como ainda os mantém "na zona", não vá ali aparecer um PC para arranjar e estejam eles ocupados a falar de qualquer coisa interessante uns com os outros, ou a beber um café. O mais fantástico foi a forma como os restantes TI (incluindo a proprietária da loja) ignoravam completamente a minha presença (um cliente!) e continuavam alegremente a jogar. Isto é um nível de atendimento que os próprios funcionários públicos nunca conseguiu atingir.
Alguns TI são estudantes universitários ou desocupados que vivem com os pais que fazem ali um "part-time" para ganhar uns trocados para comprar software. Deveras lamentável. A tal gorjeta de 20 paus que deixei deve ser o preço de um almoço, a julgar pelas caixas vazias de chau min a transbordar no caixote do lixo da loja. Alguns TI evoluem para "programadores", chegam mesmo a casar e a ter filhos, e não precisam mais de abrir um PC. É aí que perdem a graça. Um grande bem haja aos TI deste mundo!
Este texto está excelente...
ResponderEliminarParabéns!
ResponderEliminarEssa loja de que fala é perto do IS, e de um restaurante macaense, a Pérola? O meu também anda a dar problemas.
ResponderEliminarAmigo Leocardo,
ResponderEliminarConcordo em pleno com a excelência deste texto. Gostaria, se não é abuso da minha parte, pedir-lhe para fazer uma descrição de um dos mais "exóticos" lugares de Macau: as barbearias. Eu, quando estou em Macau, vou àquela na rampa quando se sai da Livraria Portuguesa, mas em tempos recuados já fui a outras e a androgenia dos barbeiros tem de ter um explicação. Em Pequim, onde agora vivo, não é muito diferente. Por que será?
Tema interessante, que abordarei a tempo. Anónimo das 22:24, é perto do McDonald's da Rua de S. Lourenço. Penso que não é essa a que se refere.
ResponderEliminarObrigado a todos e cumprimentos.
E das saunas ninguém fala?
ResponderEliminarPor acaso as saunas também seriam um belo elemento de reportagem...
ResponderEliminar