A mão da batota

Está ao rubro a polémica do encontro França-Rep. Irlanda a contar para o play-off de qualificação para o mundial de 2010. Os franceses venceram no último Sábado em Dublin por uma bola a zero, com um golo de Anelka, mas os irlandeses repetiram o resultado em Paris, com um golo de Robbie Keane, o que levou o jogo para prolongamento. Durante os 30 minutos extra, Thierry Henry ajeita a bola com a mão, passa para William Gallas, que faz o golo do empate, que colocou os gauleses no mundial.

Os irlandeses ficaram furiosos, e logo exigiram a repetição do encontro. A FIFA já anunciou que o jogo não será repetido, a decisão do árbitro "é soberana", segundo se pode ler no comunicado do orgão máximo do futebol mundial: "Como está referido nas leis do jogo, durante os jogos, as decisões são tomadas pelo árbitro e estas são definitivas".

Henry, o autor da gracinha, diz que concorda com os argumentos da federação irlandesa, e acha que o jogo devia ser repetido. Provavelmente porque sabe que isso não será possível. "Claro que a solução mais justa seria repetir o jogo, mas isso não está nas minhas mãos", acrescentado que "tocou a bola com a mão", mas foi um gesto "instintivo".

O caso gerou um incidente diplomático entre os dois países. O presidente Nicolas Sarkozy pediu desculpas aos irlandeses, mas lembrou que não é árbitro de futebol: "não me peçam que ocupe o lugar do árbitro, das autoridades francesas ou das autoridades europeias de futebol: deixem-me estar onde estou", disse.

Menos humilde, o treinador da selecção francesa Raymond Domenech no pede desculpa, e descarta a versão do "roubo": "No relvado não vi a mão. Depois nas repetições vi que foi realmente um erro do árbitro. Para mim, é um incidente do jogo e não um roubo, logo não tenho necessidade de pedir desculpas", afirmou Domenech.

Damien Duff, avançado irlandês, leva na desportiva, afirmando que "no lugar de Henry faria o mesmo": "Não se pode acusá-lo. É um jogador inteligente, mas numa situação tão clara como a que aconteceu, esperava-se que o árbitro visse alguma coisa".

A eliminação do mundial de 2010 custou à selecção irlandesa qualquer coisa como 100 milhões de euros. Segundo James Owen, um especialista em finanças de Londres, "a economia irlandesa sofrerá um duro golpe, que prejudicará o comércio e a indústria irlandesas e que vai agravar a crise que se vive no país".

Ruth Lea, ex-directora da Escola de Economia londrina, assegurou que "economicamente, a classificação tinha sido mais importante para a Irlanda que para a França". Uma mão que dá que falar.