quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ai as dores


Apanhei um programa da RTPi apresentado pela Maria Elisa e que fala sobre medicina. Neste programa em particular falava-se das pessoas que sofrem com dor crónica. Alguns especialistas do ramo dizem que as pessoas não se importam com uma pequena dor, que apenas “deixam passar”, e que depois pode evoluír para outra forma de dor mais difícil de tratar. Outros deixam de tomar os medicamentos quando já se sentem melhores, e outros ainda não gostam de tomar medicação. O que mais me impressionou foi quando um dos convidados que afirmou que ainda há quem reze para a dor passar. Isso mesmo, não consulta um médico, não faz mais nada. Reza.

O mesmo especialista falou ainda das pessoas que pagam promessas a Nossa Senhora de Fátima com caminhadas de dezenas ou centenas de quilómetros, ou dão voltas de joelhos ao Santuário, naquilo que é jocosamente conhecido por “joelhódromo”. Em muitos casos estas pessoas que pagam promessas padecem de patologias em muitos casos graves, e o esforço dispendido vem apenas agravar a sua situaçãio. Isto medicamente falando, claro. Como V. Exas. sabem, sou agnóstico, portanto vou assumir um dos meus egos. Pronto, Deus existe. E Deus quer que as pessoas tenham juízo, que usufruam do progresso que Ele nos concedeu. A medicina tem feito coisas fantásticas e não merece que a descridiblizem desta forma.

A medicina avançou ao ponto das mulheres não precisarem mais de morder um sapato durante o parto como única forma de anestesia existente. Avançou ao ponto das pessoas poderem viver melhor e mais anos, o que por incrível que pareça, “é mau para a Economia”. Deus deu ao Homem a capacidade de fazer tudo isto, e penso que ainda vai conseguir fazer melhor no futuro. A medicina é uma ciência onde se trabalha diariamente, se investiga, se cria, se experimenta. Já curaram a depressão, a impotência masculina, já fazem com que os doentes com SIDA vivam anos com qualidade. Por outro lado, se Deus não existe, estamos todos a ser apenas parvos.

Não é que eu desrespeite o valor das rezas, mas penso que seriam mais eficazes acompanhadas da ajuda da medicina. Quando as duas se encontram - medicina tradicional e homeopatia - funcionam maravilhosamente bem. Na verdade, acredito que a última coisa que passa pela cabeça das pessoas é isso mesmo: uma reza. Quando estivermos de partida, a única coisa em que podemos confiar é que afinal a religião tinha razão, e existe um Paraíso.

Só que por enquanto não dá, tem que ser sem dor. Se sente uma dor persistente, consulte um médico. Não faça como as dores de dentes, que só nos levam a procurar o dentista quando o problema é tão “grave” que precisamos de perfuração, desvitalização e respectivos pivots, que fica tudo à volta dos três milhares de patacas. Uma dor que se pode curar com uns medicamentos e descanso é melhor que uma dor em que nos abrem ao meio para tirar uma procaria qualquer e depois cosem-nos.

Espero que tenham respeitado o meu ponto de vista, assim como compreendo tão bem o vosso. Mas já agora, gostava de perguntar porque pensam que toda a gente que não está com vocês, está contra vocês. Não sou obrigado a acreditar em milagres, da mesma forma que respeito quem acredita.

5 comentários:

  1. São as dores de alma que os tornam agressivos. Eu também fico sem paciência quando tenho dores físicas.

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  2. Exactamente. Penso que ninguém, por muito religioso que possa ser, em sã consciência e no seu mais perfeito juizo, deixa de ir ao médico quando se sente mal.
    Acreditar em Deus não desvaloriza a crença no progresso. Eu também acredito na medicina que se tem desenvolvido. Assim como acredito na ciência. Que mania que muita gente tem de pensar que a religião e a ciência andam de costas voltadas.
    Não acreditar em Deus também é uma espécie de fé. É o acreditar na não existência de Deus. O contrário da fé é a dúvida.

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  3. o leocardo também ficou com dores de cotovelo...

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  4. Quando tenho dores, seja do cotovelo ou de outra parte qualquer, vou sempre ao médico. Não sou nenhum Neanderthal.

    Cumprimentos.

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  5. Tive um filho sem anestesia qualquer há 3 anos e nem por isso tive de morder um sapato! Só um pequeno àparte.

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