quinta-feira, 22 de outubro de 2009
O pecado mora ao lado
Hoje queria abordar um tema que venho a estudar e observar há já muito tempo: um certo tipo de desagregação familiar em Macau resultante do crescimento da economia deste e do outro lado das Portas do Cerco. E é exactamente quando se atravessam as Portas do Cerco que se dá este problema. Nos últimos dez ou quinze anos muitos têm sido os casos de famílias destruídas devido à tentação que mora ali ao lado, na vizinha Zhuhai.
Como é sabido, Macau nem sempre foi uma floresta de árvores das patacas, e em tempos idos as famílias chinesas eram mesmo muito pobrezinhas, numerosas, e os irmãos mais velhos começavam a trabalhar novos para sustentar os irmãos e ajudar os pais. Alguns casaram jovens, e constituíram família ainda na flor dos seus 20 anos. Em muitos casos como forma de conquistar a independência, e assim ganharam eles próprios novas bocas para alimentar.
Nos anos 60 e 70 os empregos bem remunerados e a vida comfortável estavam apenas ao alcance de poucos, ora os que trabalhavam para a administração colonial, ora as grandes famílias que podiam mandar os filhos estudar no estrangeiro, ora os grandes comerciantes. Foi nesta época que se deu o grande fluxo emigracional de muitos macaenses para o Brasil, Canadá e Estados Unidos da América, os tais que hoje podemos encontrar nos tais encontros das comunidades macaenses que se realizam em Macau.
Com a abertura da China, no início dos anos 80, começou a chegar o dinheiro, mas a vida na China continental continuava longe de ser convidativa, até para uma visita. A minha mulher lembra-se visitar Zhuhai em meados dos anos 80, e recorda-se da pobreza gritante, da falta de condições de saneamento, de electricidade e até de estradas.
Foi já nos anos 90 que a Zona Económica Especial conseguiu um desenvolvimento significativo, e que míriades de residentes de Macau começaram a visitá-la, a fazer compras, e mesmo em alguns casos adquirir habitação. Ao contrário dos portugueses, que necessitam de visto, os naturais de Macau podem atravessar a fronteira com um salvo-conduto, que se chama em cantonense wu yong cheng, que literalmente significa “regressar à terra natal”.
Conscientes do poder de compra dos visitantes de Macau, os comerciantes de Zhuhai começaram a esmerar-se na apresentação: começaram a aparecer centros comerciais mais ou menos decentes, restaurantes, bares, cafés a salões de karaoke com alguma qualidade. E bastante prostituição. Na altura surgiu a expressão “ir a Zhuhai lavar a cabeça”, derivada do facto de alguns cabeleireiros oferecerem serviços que iam muito além do corte e shampooing.
A prostituição na China, em tempos rejeitada pela sociedade, é hoje considerada uma “profissão” tolerada. E não é sequer uma vergonha para ninguém. Algumas meninas que trabalham nos tais bares e salões de beleza são trabalhadoras migrantes, que têm familiares que dependem do dinheiro que mandam todos os meses. Atendendo a que um salário como empregada de mesa rende mil yuan por mês (às vezes menos), as opções não são muitas.
Muitos dos tais cidadãos de Macau, casados e com filhos, encontraram uma espécie de "Ilha dos amores" em Zhuhai. As visitas ao fim-de-semana começavam a ser cada vez mais frequentes, e com a desculpa de que "iam com os amigos", começaram a deixar as mulheres para trás. Depois de muitas escapadelas por entre salões de massagem ou bares de karaoke, começaram a aparecer as "mui-muis", que mais tarde se viriam a tornar na "segunda mulher".
A "segunda mulher", ou a concubina, é um conceito muito enraízado na sociedade chinesa, mesmo dos dias de hoje. A concubina é uma demonstração de poder, de riqueza, e considerada como uma espécie de talismã na cultura asiática. Não que estes cidadãos de Macau fossem abastados homens de negócios, ou sequer bem aparentados, mas têm algo que as meninas do outro lado da fronteira procuram: dinheiro. Muito dinheiro? Nem por isso, sendo que a maioria deles são pequenos comerciantes ou têm empregos de segunda linha. Alguns são operários.
Na mentalidade de uma jovem chinesa pobre que emigra e luta pela vida longe de casa, pouco importa que o homem seja feio, mal-educado ou sequer casado. Não procuram afecto, respeito ou uma vida familiar estável. Procuram um homem que lhes dê um tecto e estabilidade financeira, e que ainda lhes sobre "algum dinheiro" para ajudar a família. Estas meninas, na sua maioria jovens e bonitas (depende do gosto), chegam a ter filhos com estes "turistas" de Macau. Para eles, essa passa a ser "a segunda família".
E a outra família, a de Macau? Em muitos dos casos separa-se, desagrega-se, acaba pura e simplesmente. Depois de anos de privações, estes homens conseguem uma espécie de "segunda vida". As mulheres abandonadas, já na casa dos 40 ou 50 anos, sofrem em silêncio. Não foram educadas para reagir, e muitas consideram a situação "normal". O seu destino é terminarem sós, com as sobras da tragédia que foi o abandono a que foram vetados. Os filhos, já crescidos, rejeitam a atitude do pai e ficam do lado da mãe. É o mínimo que podem fazer.
Tenho assistido a muitos casos destes entre famílias de colegas e amigos. Recentemente a minha mulher contou-me a história de uma amiga cuja mãe está gravemente doente, e o pai está com a família "do outro lado". Um caso trágico. É um aspecto do território bastante curioso, de que muito pouco se fala. Será que em Macau os problemas familiares resumem-se apenas à droga e ao jogo? E as famílias monoparentais se resumem apenas às mães solteiras?
O que é verdade é que o Zhuhai está cada vez mais bonito. Mesmo que não se vá lavar a cabeça, até para lavar as vistas serve.
ResponderEliminarÉ como "Caín". Mora no país ao lado daquele onde se vende o "Caim"
ResponderEliminarCaín fue uno de los hijos de Adán y Eva, que fueron personajes muy importantes de dos libritos de mierda a que llaman Biblia y Corán. A pesar de irreales, fueron sin duda importantes según la tradición religiosa. Ya tú, anónimo ignorante del carajo, no eres más que un pobre hijo de perro.
ResponderEliminar[El "Caín" de Saramago sale al mismo tiempo en español, portugués y catalán] (EFE - España).
ResponderEliminarBravo meu testículo retraído. Continua a ler em castelhano. Muda-te para a ilhota onde mora o trolha e fica por lá. Todos sabemos que era ao livro em castelhano a que estavas a fazer referência antes de se desmascarar a calinada. Burro burro burro burro burro burro.
ResponderEliminarPutas há em todo o lado,só vai as putas quem quer.não venham é culpar só as putas
ResponderEliminarA garota da foto é um bom naco.
ResponderEliminarUm destes dias vou as putas a Zhuhai!
ResponderEliminarDuring a recent competition between famous cities, Zhuhai was named "China's Most Romantic City" by the Chinese media.
ResponderEliminarOra toma!!!
AA
Ó parolo das 12.55: estás a ficar cada vez mais confuso. Nessa cabecinha de água, a água vem toda do esgoto. Se já sabias que era ao livro em castelhano que eu estava a fazer referência, onde é que está outra calinada que não a tua, que julgavas que eu não sabia escrever "Caim" em português e que nem sequer era capaz de ler em castelhano? Sempre ouvi dizer que os burros eram teimosos, mas confesso que não sabia que o eram tanto.
ResponderEliminarEste burro malvado além de burro não percebe o que é ironia. Deve ser dos livros de merda que lê. Achas que enganas quem meu burrinho?
ResponderEliminarAnonimo de 22/10, 16:52, se nao tivesse putas, niguem iria la. Trabalho ha sempre quem o quer, so que algumas preferem ser putas.
ResponderEliminarAnónimo das 15.48: Teresa, por que é que teima em não se identificar?
ResponderEliminarÓ anónimo burro: continuas a esquecer-te das vírgulas. Apesar de achares que Saramago (que nunca leste) escreve sem pontuação, tu é que teimas em fazê-lo, pedaço de asno.
ResponderEliminarQuerido malvada inquisição,
ResponderEliminarPodes continuar a tentar criar uma realidade alternativa que não hás-de conseguir.
Eu nunca disse que nunca li o trolha espanhol.
Eu nunca, nestas postas sobre esta besta e sobre um burro, me referi a qualquer religião ou a qualquer autoridade religiosa.
Tu é que, sem nenhuma menção anterior, disseste que ias guardar tempo para ler o "Caín", cometendo o erro de nem o título em português do livrinho saberes. Só depois é que vieste inventar que querias ler em espanhol por causa disto e por causa daquilo. Achas que enganas alguém com as tretas que foste vomitando depois?
Podes vir agora inventar o que quiseres que essa cagada não apagas. És um burro que agora tem de ficar à espera do livrinho em castelhano. Pelo menos se fores honesto e coerente com o que tens dito.
És estúpido, mas dou-te os parabéns pela consistente e contínua estupidez. Continua à espera da chegada do livro em espanhol.
Oh Anónimo das 15:48 se não tivesse putas não havia clientes e se não houvesse clientes não havia putas.Qual dos 2 apareceu primeiro,puta ou cliente?Galinha ou ovo?
ResponderEliminarSó se nos detivermos a pensar nas pequenas coisas chegaremos a compreender as grandes.
ResponderEliminarAnonimo de 2.39, se tiver clientes mas nao putas, onde vao os clientes? Comparacao bem feita com as galinhas, porque galinhas sao elas todas.
ResponderEliminarmas se não tiver clientes como que ha putas?e se nao tiver putas como que ha clientes?
ResponderEliminarDe todas as coisas seguras, a mais segura é a dúvida.
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