terça-feira, 20 de outubro de 2009
Cuspido e escarrado
A polémica em torno de um programazeco qualquer que Maitê Proença fez há quase três anos no Brasil (e que nem passou em Portugal) e que um grupo de desocupados ressuscitou graças a uma petição online continua a mexer. Desta fez foi Hélder Fernando a dizer de sua justiça, nas páginas do Hoje Macau, embarcando na via da polémica fácil.
Ainda estou para perceber como é possível que num país democrático e tolerante como Portugal se andam a fazer petições para que se considere um cidadão estrangeiro persona non grata, ou a montar joguinhos online onde se cospe ou atiram tomates na actriz brasileira. Não sei se é este o mesmo país onde vivi, e onde ainda há 20 anos se endeusavam os brasileiros por tudo e por nada.
O país parava para ver novelas brasileiras de qualidade dúbia, qualquer pé-torto que chegava no aeroporto da Portela era um “grande craque” e qualquer espertalhão que passava uma semana no Rio de Janeiro voltava a falar “com xotáqui”. Sim, espertalhão, porque tempos houve em que éramos muito pobrezinhos e não era qualquer um que se metia num avião e ia passear ao “país irmão”. Nem a crédito.
Entretanto tornámo-nos muito patrioteiros e adquirimos uma espécie de complexo de superioridade, e ai do brazuca que se atreva a vir insultar a nossa tão amada pátria. Antes toda a gente queria que o seu dentista fosse brasileiro, para poder saber o final da novela mais cedo que a vizinha do lado. Agora atingiu-se o climax da intolerância. Fosse há quinhentos anos e tinhamos a Maitê a arder na pira inquisitória do santo ofício.
E tudo porque “cuspiu num monumento”, dizem os mais radicais, que não percebem a diferença entre “babar” e “cuspir”, e curiosamente não sabem dizer que “monumento” é aquele. Quem leia “cuspiu num monumento” ainda pensa que a Maitê chegou à Torre de Belém ou ao Padrão dos Descobrimentos e espetou lá uma verdusca escarreta. Babou-se para dentro de uma fonte qualquer, que provavelmente nem nome tem, pronto.
Os mais tolerantes dizem que foi um momento infeliz da actriz que os portugueses amaram em novelas dos anos 80 e que visitou frequentemente o nosso país e foi recebida com uma hospitalidade e simpatia que sempre retribuíu e agradeceu. Estava num dia menos bom, portanto. E por isso pediu desculpa. Agora a Maitê, aquela menina ali em cima na foto, nunca mais vai ser bem recebida em Portugal, onde fez parte dos sonhos molhados de tantos homens descontentes com a sua Maria.
Abre-se com isto um precedente interessante: cada vez que não se gosta de alguma da miserável produção nacional que se faz para televisão, pode-se sempre exigir um pedido de desculpas do seu autor e/ou intérpretes, em vez de se optar pela saída mais fácil, que é mudar de canal. Ai sim, que é desta que o Fernando Mendes não me escapa. Exigo um pedido de desculpas imediato pelo “Preço Certo”.
E o cronista do HM ainda se despede com uma boa ideia: e que tal se um português atravessasse o mar e fosse cuspir num monumento lá do outro lado, registando tudo em filme. Ficava logo o problema resolvido. Olho por olho, cuspidela por cuspidela. Ah a vingança, um prato que se serve frio. E cuspido.
Nunca compreendi esse endeusamento de tudo o que vinha do Brasil como as novelas ou o escrete canarinho.
ResponderEliminarAliás viu-se na vassalagem feita a Scolari que essa atitude ainda persiste.
Pois é, mas do endeusamento à intolerância, foi apenas um pequeno passo. Somos um povo de 8 ou 80.
ResponderEliminarAbraço.
Acertou, Leocardo: aquele já não é o país em que viveu. Já está há muito tempo fora e por isso ainda não se tinha apercebido (ir lá de férias não é suficiente para se aperceber de tudo). Um país de "pobres mas honrados" que em pouco tempo ganhou manias de grandeza e que se transformou na coisa ridícula que é hoje. Um país em que as crianças podiam ser pobres, mas eram bem educadas, pois os pais esmeravam-se na sua educação e pediam-lhes explicações quando faziam coisas indevidas. Hoje (e isto mudou em apenas 20 anos, como disse) é um país de pais incompetentes que se demitiram do seu papel de educadores, arranjando sempre um bode expiatório para os comportamentos dos filhos (está na moda atribuir as culpas aos professores). É um país de gente tão ignorante como dantes, mas que perdeu a humildade. Qualquer bronco hoje tem opinião sobre tudo e acha que percebe de tudo e mais alguma coisa. Como também disse, e muito bem, era um país que pecava por endeusar tudo o que vinha de fora. Hoje, acham que são uns supra-sumos e estão convencidíssimos que Portugal é um dos países mais desenvolvidos do mundo e que tudo o que é português é que é bom, mesmo que seja uma grande merda. Nós é que devíamos exigir um pedido de desculpas aos portugueses idiotas de hoje, porque fomos enganados: nascemos num país agradável, apesar de todos os defeitos, e hoje os portugueses "modernaços" transformaram-no num pardieiro de idiotas arrogantes de má estirpe.
ResponderEliminarFelizmente nem toda a gente é assim.
ResponderEliminarOs que se incomodaram são os que se manifestaram. Os que não se incomodaram, não.
Nestes casos existe uma maioria silenciosa que não se manifesta porque se está nas tintas para o que uma actriz brasileira diz ou pensa de Portugal.
É de facto uma grande falta de educação o que ela disse mas quem se devia preocupar seriam os pais dela, não os portugueses.
É exactamente como a ainda mais recente questão do Saramago.
Pode não se concordar com ele, mas saber que ele pode dizer o que diz, já é um bom sinal.
O problema não é o ter gozado com Portugal, mas sim a falta de nível, a grande ignorância e falta de cultura, que é uma característica dos brasileiros. Lembro-me da veterana Maité Proença ter vindo a Portugal recitar poemas de Petrarca, em tradução, alternando com um recital de Ileana Cotrubas em que cantava os mesmos sonetos, mas com música de Liszt. Depois vi-a no intervalo do Tristão e Isolda de Wagner no S. Carlos. Enfim, este "curriculum" esperava-se melhor. Agora vejo que era só fachada.
ResponderEliminarSamuel
Farpa certeira e com humor dirigida ao nosso pais, por mim ate agradeco, ajuda a conhecermo-nos melhor.
ResponderEliminarSucessao de alarvidades badalhocas em que se via que a intencao era dizer mal desse por onde desse, isso e que nao. E era esse o caso do video em questao.
Esta coisa de nao nos importarmos com a lama e fingir que e mousse de chocolate para parecer finos e muito cool, quanto a mim e sinal de patetice e servilismo.
E mais, nunca ouvi um actor portugues referir-se nestes termos aos brasileiros ou ao Brasil. Antes pelo contrario.
Tanta prosápia para nada! Maité é isto meus caros. O resto é treta.
ResponderEliminarhttp://bucetas.jeguebr.com/maite.proenca.nua.playboy.1987/
Anónimo das 13:14 : O programa não foi feito para passar em Portugal. Foi descoberto (desenterrado?) há pouco tempo. Tem quase 3 anos.
ResponderEliminarSe o objectivo nunca foi entreter o público português. Então porque é que estamos preocupados com a "qualidade" do programa? Será alguma forma nova de masoquismo? Procurar na net vídeos de baixa qualidade?
Se o problema é o nosso orgulho ferido, então sugiro que se crie já uma polícia dos bons costumes, própria para se encarregar de procurar na net vídeos que ofendam Portugal. Uma espécie de Mutaween patriótica e cibernética.
Cumprimentos.
Seria engraçado ver como é que se comportam as crias do animal "do respeitinho é muito bonito" das 10:27. Se estiver em Macau fique por aí e não ponha cá mais os pés. Pequenos ditadores é o que cá não falta.
ResponderEliminarO caro Leocardo deve ter tocado muitas punhetas à custa da Maitê. Tanto você(recorrentemente)como o animal das 10:27 falam de portugal e dos portugueses - onde, obviamente, não se incluem e não devem ser incluidos - com ressabiamento, com desdém. O clima daí fode-lhe a cabeça. Passou muito tempo, Leocardo. Já não tem remissão. Já não é português. Só no papel. Mas também não é chinês. Sente-se apátrida. Está desculpado.
Por acaso, na zona onde vivia lá na Tuga, tanto quanto me recordo, tentavam-se evitar os dentistas brasileiros. E também sou gajo para assumir que até gosto do Fernando Mendes: é gordo e genuíno. Fica-lhe bem.
ResponderEliminarO anónimo das 23.00 é um excelente exemplo da paspalhice que hoje impera em Portugal. As minhas crias comportam-se bem dentro do que é exigível a crianças porque respeitinho é bonito, sim, e sempre há-de ser. Vocês os paspalhos "modernos" é que transformaram Portugal numa pocilga onde vivem todos contentes a fuçar na lama e a atirar as culpas da má educação dos vossos filhos a quem não as tem. Tornaram aquilo que dantes se chamava escola e servia para ensinar num depósito do vosso lixo. E assim não há país que resista. É óbvio que não quero voltar a um país que está cheio de gentalha dessa, apesar de ter orgulho de muitos aspectos da história desse mesmo país. Só que esse país onde nasci já não existe, foi controlado por bestas como o anónimo das 23:00. Voltarei, sim, quando as referidas bestas estiverem todas, qual jardim zoológico, atrás de grades, pois de safaris não gosto.
ResponderEliminarSão estes posts que levantam o que há de pior em nós. E como eu me divirto...
ResponderEliminarCumprimentos.
um autêntico palhaço ignorante o anónimo das 23:00
ResponderEliminarO blogue da Maitê Proença (www.maite.com.br) abre com um pedido de desculpas aos portugueses, onde se mostra um vídeo e um texto em que Maitê explica (como se estivesse a explicar às criancinhas, que é a única forma de lidar com patrioteiros palerminhas) as brincadeiras que fez em Portugal. Eu no lugar dela publicava era um vídeo e um texto a mandar os luso-patrioteiros para a coisa da mãe.
ResponderEliminarTanto palhaço chines com passaporte português irritado. Ainda bem que para cá não vens. Fica por aí, nessa terra da liberdade.
ResponderEliminarTempos houve que o passaporte português não servia nem para limpar o rabo. É mais um dos sintomas de novo-riquismo da malta de lá.
ResponderEliminarO que mais gosto do Brasil em portugal é das putas brazucas que povoam os bares de strip de Lisboa e arredores! Aquilo é que é um fartar de putedo e de baixaria. Muitas delas até já destruiram lares! Por mim, não confio minimamente numa brasileira, tem tanto de falsidade como uma filipina ou uma indonésia! Para meio entendedor, meia palavra basta!
ResponderEliminar"Muitas delas até já destruiram lares!" ai já não concordo,como é costume dizer,ninguem é obrigado a ir as putas.
ResponderEliminarAs brazucas no putedo e os brazucas a assaltar bancos e outros, mas não há problema o levezinho resolve.
ResponderEliminarViva a dupla nacionalidade
O anónimo das 15.43 é nitidamente uma anónima. Vê-se bem que sabe daquilo que fala. Já o deve ter sentido na pele...
ResponderEliminarLá estão os machos com a mesma treta de sempre. Vira o disco e toca o mesmo! Já podiam mudar o reportório não? Alguém que aqui constate um facto (ou não) sobre certos assuntos há-de ser sempre mulher, traída e despeitada. Enfim...
ResponderEliminarÓ Teresa, já podias ter posto o teu nome no primeiro comentário, quando eras apenas o anónimo das 15:43.
ResponderEliminarP.S.: Ficaste irritada por eu ter descoberto que eras uma mulher?
Lamento, mas não era de todo. Tenho mais que fazer do que andar a fazer comentários a fingir que sou duas pessoas. Enfim...
ResponderEliminarQuando uma rapariga diz 'não' com humildade, deseja que isso se entenda como um 'sim'.
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