sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Os blogues dos outros


No final de Junho estavam a ser construídos 18 hotéis e foram submetidas 24 candidaturas para a construção de novas unidades hoteleiras que ainda estão em fase de avaliação. E assim continuaremos até que estejam preenchidos todos os espaços disponíveis no território. Espaços verdes é para esquecer…

El Comandante, Hotel Macau

A República portuguesa representa hoje tudo aquilo contra o que porventura mesmo os republicanos originários mais fanáticos teriam lutado. Capitulação da soberania no seu cerne económico-financeiro por incúria de uma classe política mercenária; desmandos, delitos, latrocínios de toda a espécie nas instâncias e instituições superiores do Estado, coisa a que se chama suavemente "corrupção". De modo que quando Saramago perora sobre a República, na verdade seniliza eufemisticamente o que há a dizer sobre os seus mais devastadores efeitos. E seria fácil ao escritor a honestidade límpida de compreender isto: graças à vacuidade envilecida da República, Democracia e Regime nunca tiveram tão pouco a ver: «É evidente que a República, com a sua tosca falta de consideração pelas crenças que se confundiam com o ser e destinação de Portugal, foi o melhor aliado para quantos não haviam compreendido que a separação entre o Estado e a Igreja constituia, afinal, a libertação da esfera do religioso. É evidente que a República nos atirou para fora da Europa, nos provincializou e fechou portas às grandes correntes do pensamento ocidental. Compreende-se, pois, que só os inimigos da liberdade - à esquerda como à direita - a possam incensar, pois sem ela não medrariam. A República foi a lotaria para os messianismos desvairados e para o fim histórico de Portugal.»

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Ao devolver à Assembleia a nova lei das uniões de facto, Cavaco Silva fez uma espécie de inversão do ónus da prova. O que Cavaco nos diz é que, não equiparando ‘uniões de facto’ a ‘casamentos’, está-se a dar mais liberdade aos cidadãos, uma vez que quem opta por não se casar não quer ter as mesmas responsabilidades/direitos daqueles que se casam. Percebo o argumento, mas temo que as verdadeiras razões deste veto tenham mais que ver com um pensamento conservador, burguês e católico – próprio do século XIX – que punha a esposa no pedestal/altar e a amante na cama. Portanto, temo que a hipocrisia impere. Ainda mais, se olharmos para as estatísticas, percebemos que o fenómeno do casamento é mais masculino. Os filhos são apontados como explicação (ver edição de hoje do I), já que as mulheres com filhos de relações anteriores tendem a ser excluídas de um novo casamento, enquanto os homens voltam mais frequentemente a casar. É de recordar que Cavaco alegou a protecção das mulheres – como elemento mais fraco - para colocar reticências na aprovação da nova lei do divórcio. As mulheres em união de facto não lhe merecem a mesma preocupação? Enfim, em última instância, não poderia estar mais de acordo neste tema com o advogado Adolfo Mesquita Nunes: ‘Em vez de passarem horas a discutir a vida dos outros, os deputados devem limitar-se a abrir conformação dos termos destes contratos à vontade dos casais, de igual ou diferente sexo’.

Filipa Martins, Corta-Fitas

Em 29 de Setembro de 1938, virava-se em Munique uma das mais vergonhosas páginas da diplomacia ocidental. Neville Chamberlain, então primeiro-ministro britânico, vendeu a Checoslováquia e a honra do seu país na capital da Baviera, capitulando aos pés de Hitler sem que o tirano nazi tivesse sequer necessidade de disparar um tiro. Tudo em nome “da paz honrosa no nosso tempo”, como proclamou no regresso a Londres, entre os aplausos da populaça. A 'paz' dos pacifistas é muitas vezes apenas o caminho mais curto para a guerra: eis a principal lição dos compromissos de Munique, em que Chamberlain e o primeiro-ministro francês Édouard Daladier se vergaram à vontade de Hitler e do seu aliado Mussolini para 'preservarem' a paz. Os tambores de guerra já rufavam – eles foram os últimos a perceber. Discursando na Câmara dos Comuns a 5 de Outubro de 1938, Winston Churchill – então o mais impopular dos políticos britânicos – advertiu Chamberlain para o enorme fiasco de Munique: “Teremos a desonra e teremos a guerra.” Foi apupado pelos seus pares. Mas era o único a ter razão, como meses depois todos perceberam. Vai fazer agora 70 anos.

Pedro Correia, Delito de Opinião

O número de ex-titulares de cargos políticos com pensões mensais vitalícias ascende já a 379 pessoas. E tudo indica que este universo subirá em breve para 385 beneficiários, dado que a Assembleia da República está a organizar os processos de seis antigos eurodeputados. Para já, em 2009, foram dadas reformas para toda a vida a três ex-deputados: Melchior Moreira e Mário Albuquerque, do PSD, e Nelson Baltazar, do PS. As subvenções vitalícias deverão custar este ano, segundo o Orçamento do Estado, 8,35 milhões de euros. É a crise...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

A semana passada, as carpideiras que "escrutinaram" ao segundo a entrevista de Judite de Sousa a Ferreira Leite terão decerto reparado que a jornalista anunciou para hoje o admirável líder. Sucede que o admirável líder marcou uma qualquer sessão de propaganda para coincidir com o "lançamento" do programa do PSD. Uma coisa que, francamente, como todos os outros programas, não tira nem traz votos a ninguém apesar dos derrames que vai provocar nas lixeiras do costume. Assim, a RTP e o admirável líder ficam mais à vontade para "combinar" um momento que dê mais jeito ao secretário-geral do PS. José Alberto Carvalho, aliás, fingiu arrancar os cabelos pela circunstância de o dito líder não ter, até hoje, dado um chavo para agendar debates televisivos. É uma notável rábula para desatentos. Sócrates pura e simplesmente não quer debates o que, visto pelo lado dele, tem propósito. A RTP, atenta, veneranda e obrigada, obedece.

João Gonçalves, Portugal dos Pequeninos

Era uma vez um país pobre. Os operários eram pobres, os pescadores eram pobres, os funcionários de escritório eram pobres, os agricultores eram pobres, os médicos eram pobres, os funcionários públicos eram pobres, os advogados eram pobres, os administradores de empresas eram pobres, os quadros médios das empresas eram pobres, os empresários eram pobres … Até que apareceu o Estado Social, uma espécie de tio rico, e todos passaram a viver melhor. Os economistas deste país há muito que viviam intrigados com um estranho mistério: como é que um país tão pobre consegue sustentar um Estado Social tão rico?

João Miranda, Blasfémias

Não, não é só na Guiné. É também em Lisboa onde o respeito pelo multiculturalismo descura a vigilância da barbárie. Não nos iludamos, o mesmo deus que condena as mulheres ao pecado original é aquele déspota misógino, cruel e vingativo que se rebola de gozo a ver a mutilação genital feminina sabendo que o prazer sexual fica definitivamente interdito. Há nesta ignóbil tradição uma mistura de fascismo islâmico e tribalismo africano que a religião patriarcal perpetua e os hábitos tribais exigem. A criança de três meses que morreu foi vítima de uma tradição e assassinada por uma crença, tendo como carrascos os devotos de uma religião que persegue a liberdade e mata o prazer em nome de um deus que há muito devia estar sob vigilância policial e a alçada do código penal. Os templos que se erguem são a homenagem subserviente a crenças que um módico de racionalidade e algumas noções de cultura deviam erradicar. Servem aos clérigos para perpetuarem aí os costumes tribais, discriminarem as mulheres e incitarem ao ódio. Eu sei, todos sabemos que há uma multidão de parasitas que vive à custa destes deuses, que há centenas de imbecis que os promovem e milhões que são obrigados a jejuns e orações, que são intoxicados pelo Corão, a Tora e a Bíblia, que odeiam jacobinos, não urinam virados para Meca, distinguem a água benta da outra ou julgam que deus lhes outorgou as fronteiras das terras que reclamam. Uma religião não pode estar acima de uma associação e os seus corpos gerentes devem responder pelos crimes que cometem. A vida de uma só criança vale mais do que a de todos os deuses. Esta vergonhosa violação dos direitos da criança e dos direitos humanos, para além da repugnância que causa, tem consequências graves, físicas e psicológicas, que um país civilizado não pode consentir sob pena de ser cúmplice.

Carlos Esperança, Diário Ateísta

Ouvi hoje na rádio um hoteleiro açoriano queixar-se que as camas paralelas lhes fazem concorrência desleal porque os respectivos proprietários não pagam impostos.
Dito desta forma, dá a impressão que os ‘paralelos’ arrecadam ao bolso os impostos que os hoteleiros têm que entregar ao estado. É, aliás, recorrendo esta a mesma falácia que o estado vem reclamar, sem sucesso, aos os consumidores, que peçam facturas, recibos, etc. Estado sistematicamente, e hoteleiros neste caso, fazem de conta que não percebem a razão porque essas coisas acontecem. Aliás, se a coisa fosse assim nem se perceberia porque se queixariam os hoteleiros de terem falta de clientela. Se os clientes pagassem serviço idêntico e impostos idênticos em ambos os casos qual a razão para optarem preferencialmente pelos paralelos? A razão é simples: os ‘paralelos’ não pagam impostos porque também não os cobram aos clientes. Sabendo-se que se vive num inferno fiscal percebe-se que a apetência em, como se diz na gíria, “não encher o cu ao estado”, é enorme. O busílis dá-se quando o interesse mais significativo no não pagamento de impostos é do cliente e não do ‘paralelo’.
O que os hoteleiros pretendem conseguir com a queixa nos moldes em que o fazem é aparecer na fotografia ao lado do estado, coisa que, num estado ávido em clientelismos lhes pode vir a proporcionar umas migalhas. Se abraçassem os clientes na reclamação apareceriam em antagonismo directo aos ditos, coisa que, evidentemente, não lhes convém. Mas pior ainda seria se reclamassem da excessiva carga fiscal que leva ao aumento da apetência de fuga não particularmente dos ‘paralelos’ mas principalmente dos clientes. Nesse caso além de ficarem mal perante os clientes antagonizariam o estado que lhes atiçaria os besouros do Ministério das Fianças.


Range-o-Dente, Fiel Inimigo

Resolvi procurar nos programas dos partidos o que nos propõem como políticas de integração social dos lgbt para os próximos 4 anos. O CDS e PSD nada propoem ...
Já o PS, num texto denominado Promoção da Igualdade, encontrei algo muito interessante. Se a 1ª prioridade são as políticas de género, a segunda é o combate a todas as formas de discriminação. E a remoção, na próxima legislatura, das barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Esta proposta, avançada por Sócrates no Congresso, não foi consensual e houve dirigentes que se mostraram muito reticentes, sobretudo por surgir em plena crise. Foi neste contexto algo desertificante que houve a lembrança, brillhante, de ir buscar Miguel Vale de Almeida, ex bloquista, muito próximo da jornalista do DN Fernanda Cancio, namorada de Sócrates. Foi uma jogada de mestre, à esquerda. MVA foi durante muitos anos o "papa" dos lgbt do BE e o que ele dizia era sagrado e rendia votos. Por isso, fui sistematicamente atacado por ele pois considerava traição e oportunismo eu dizer que estas questões só começariam a ter uma dimensão nacional quando passassem da extrema esquerda para o centro sociológico. Hoje, vê-se, pensa como eu. Passemos à coligação CDU, liderada pelo PCP. No lançamento do programa eleitoral, Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, falou em políticas "que deêm combate a todo o tipo de discriminação, designadamente em função da orientação sexual, da deficiência ou do sexo",mas por aqui se ficou. Virei-me, enfim, para o Bloco. Sem dúvida é o partido que tem a maior e mais insistente abordagem destas questões. Defende "o reconhecimento legal das formas de união, casamento, conjugalidade e parentalidade". Defende os transsexuais e diz que "a actual legislação é manifestamente insuficiente e injusta." Paradoxalmente, parece estar menos fugaz. Contudo, estão a emergir outras estrelas. Sérgio Vitorino (Panteras Rosa), Paulo Vieira (Não te Prives, Coimbra), Bruno Maia (Médicos pela Escolha) e João Louçã, irmão do lider do partido. Faltam mulheres. Ignoro se as dirigentes da rede ex–aequo habituais bloquistas, agora também deslizaram para o PS, acompanhando a Ilga Portugal onde têm sede.


António Serzedelo, Blogo Social Português

Na hipótese dos universos paralelos, provinda da Teoria das Cordas, há muito consolo à espera do largarto. A teoria defende a existência de uma quantidade ilimitada, ou infinita, de universos simultâneos. Cada um deles concretizando uma variante das possibilidades de organização da matéria e da energia. É aqui que está o consolo. Porque num destes universos há um tipo em tudo igual ao Paulo Bento a treinar uma equipa em tudo igual ao Sporting. Naquela que é uma supercoincidência quântica, ambos jogaram ontem contra a Fiorentina, a de cá e a de lá. Mas com esta diferença: cá, um Saleiro sem pimenta e um Tonel de merda foram postos dentro do relvado; lá, outra coisa qualquer foi feita. Quando, finalmente, se conseguir passar de universo para universo com a facilidade com que os segredos de Justiça passam pelas frinchas do Ministério Público, será possível contratar um Paulo Bento que não tire jogadores que podem decidir jogos só porque estão, ou parecem, cansados, pondo no seu lugar aberrações como essas do defesa-avançado e do avançado que nem para defender serve. Jogadores cansados, ou menos frescos, que sabem jogar à bola ficam à mama. Isto é simples de entender. E ter entrado o Rochemback e o Adrien para que as bolas chegassem aos atacantes é também simples de entender, talvez mais simples ainda.
A corda, Bento
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Val, Aspirina B

Como é que as teenagers se “riem” na net?
LOLITA


João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

3 comentários:

  1. Do António Serzedelo, há muita coisa que não percebo, como é normal quando se fala de política à portuguesa. Mas o que eu não percebo mesmo nada é isto: o que é um lgbt?

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  2. LGBT = Lesbian, Gay, Bissexual, Transgender.

    Acho que é assim.

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