segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Motos, raças e lojas
1) Perto de 150 motociclistas fizeram ontem uma marcha lenta pela cidade, para protestar contra a forma como as autoridades têm aplicado a lei rodoviária que entrou em vigor em Outubro de 2007. A marcha foi organizada por Lei Kin Yun e a sua Associação do Activismo para a Democracia. Parece no mínimo um pouco estranho que esta associação vá organizar um evento desta natureza - com a respectiva entrega da petição na sede do Governo - a três semanas das eleições para a AL. Cheira a campanha. Em todo o caso, não sei exactamente do que se queixam os motociclistas, mas eu tenho razão de queixa deles; estacionam onde lhes apetece, conduzem em cima do passeio, ignoram sempre a passagem para peões e no outro dia riscaram-me o carro. Não surpreende que se queixem das multas. Isto para os milhares de motociclistas, não para os 150 que participaram da festarola de ontem.
2) A conclusão do relatório emitido pelo Comité para a Eliminação de Discriminação Racial da Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas diz que Macau tem que fazer mais para acabar com a discriminação racial e o tráfico humano Macau. Muito bem, a meu ver. A questão de integrar os trabalhadores não-residentes parece-me cada vez mais essencial. Não falo que qualquer um que apareça por aí a trabalhar em Macau, mas existem muitos que vivem no território há vários anos, fazem um esforço enorme para se manter em situação legal e mesmo assim correm o risco de ser despedidos e ter dez dias para abandonar o território. Alguns destes trabalhadores viveram metade das suas vidas em Macau, constituíram família a têm poucas ou nenhumas ligações ao seu país de origem. É importante que se premeie quem também contribuíu para o desenvolvimento de Macau, fazendo-o usufruír dos mesmos direitos e das mesmas obrigações dos outros residentes, independente da sua etnia e da sua nacionalidade. É claro que terão que dar provas de que estão completamente integrados, o que na maioria dos casos a que me refiro não é assim tão difícil. É triste ver que outros que obtêm o estatuto de residente através do casamento ou de meios pouco claros tenham mais garantias que aqueles que deixam todos os dias o seu suor, e muitas vezes em trocas de migalhas. Uma situação a repensar.
3) São cada vez mais as lojas e moradias de rés-de-chão abandonadas em Macau. A manutenção, limpeza e até apresentação destes estabelecimentos é - ou devia ser - da responsabilidade dos seus proprietários ou arrendatários. É deprimente passar por lojas abandonadas onde se acumula pó e lixo, contas da água e da luz do ano passado, e que servem de abrigo a ratos, sem-abrigo e toxicodependentes. E não me digam que o conteúdo destes estabelecimentos é do âmbito privado dos seus proprietários. Existem vizinhos, existem transeuntes, existem questões de saneamento, segurança pública, e porque não, estética. Onde os proprietários faltam, devia haver mão do Governo. Isto da propriedade privada não consiste só de direitos. Acarreta também responsabilidades.
Os motociclistas nao devem ter queixa nenhuma, se acham que nao tem onde estacionar porque nao estacionam nos parques de estacionamento, se os automoveis, que tambem teem falta de parque, pagam para estacionar porque nao os outros, eles nem pagam para estacionar nas ruas, ao passo que os automoveis teem de pagar os parquimetros, ja roubaram muitos parques dos automoveis para fazer parques para os motociclistas ainda por cima fazem barulho que nao teem parque, so faltava o governo fazer so parques de graca para os motociclistas e tirar todos os parques dos automoveis, acho que e' hora dos automobolistas fazem barulho.
ResponderEliminarOs motociclos são realmente o cancro das estradas de Macau. Fazem o que querem, são mais do que as mães, e ainda se queixam. Numa coisa têm razão: as autoridades têm aplicado mal a lei rodoviária, porque se estivesse a ser bem aplicada não se veria tantos motociclistas a fazerem aquilo que o Leocardo referiu (estacionamento onde lhes apetece, condução em cima do passeio, desprezo pelas regras de trânsito, etc.).
ResponderEliminarAliás, desta vez subscrevo completamente o post do Leocardo, o racismo das autoridades focado no ponto 2) é também uma realidade. Todos aqueles que trabalham em Macau há 7 anos e nunca tiveram problemas com a justiça, independentemente de estarem cá como residentes não permanentes ou como trabalhadores não residentes, deviam ter direito a ser residentes permanentes. Pelo contrário, ninguém devia ser residente (ainda por cima permanente) sem nunca ter morado em Macau, apenas porque comprou um apartamento para depois alugar a outros mas nunca lá morou. Se há política vergonhosa em Macau é esta. Vergonhosa e xenófoba, porque todos sabemos qual é a nacionalidade desses trabalhadores que cá estão às vezes há mais de 10 anos e não conseguem obter autorização de residência, tal como sabemos qual é a nacionalidade dos felizes proprietários de imóveis com BIRP que nunca cá moraram. Xenofobia da mais reles, é o que isto é.