segunda-feira, 13 de julho de 2009
Fiquemos pelo min
Fui hoje para Hong Kong tratar dos vistos para as férias e aproveitei para fazer umas compras. Uma das coisas que continua a fascinar em Hong Kong é a variedade de restaurantes, o que torna a questão de "onde almoçar" uma decisão bastante difícil. São restaurantes turcos, russos, espanhóis, gregos, escandinavos, africanos, um pouco de tudo. Em Macau a questão muda para "como não almoçar no mesmo sítio todos os dias".
A única forma de sobreveviver no mundo da restauração em Macau é abrindo uma loja de sopa de fitas, ou min. Sim, já existem centenas, praticamente uma a cada esquina, mas é a única forma de garantir algum sucesso. Isto porque a população, na sua esmagadora maioria chinesa, prefere sempre um min, a qualquer hora do dia. Escolher entre um kebab e um min? Um min. Comida portuguesa? Cara. Vai um min. E que tal irmos hoje ao tailandês? Não, vamos antes comer um min. São expressões que se ouvem um pouco por toda a parte, com toda a certeza.
Não tenho nada contra o min, mas sinceramente deixa muito pouco à imaginação. A maioria das lojas que vendem e servem min operam em condições de higiene bastante duvidosas, e o melhor é mesmo não falar dos conteúdos de gordura saturada, ou da forma como a mesma panela cozinha centenas de min diariamente sem nunca ser lavada. Podia falar também daquele papel tipo vegetal ou das caixas de esferovite onde são acomodados os min que se levam para casa ou para o escritório. Mas não. Não tenho nada contra o min.
O problema deve estar relacionado com o próprio gosto. Depois de nascer, crescer, viver e morrer a comer min, é difícil convencer a malta a gostar de outra coisa. Já do outro lado, em HK, existem muitos mais expatriados e os próprios honconguenses estão mais abertos a novas experiências. Um restaurante paquistanês em Tsim Sha Tsui consegue sobreviver apenas com clientes paquistaneses, e se for mesmo bom, ainda pode ter um lucro astronómico. O restaurante russo onde escolhi almoçar estava cheio de expatriados, turistas, chineses, tinha música ao vivo e muita animação. E isto à hora de almoço a uma segunda-feira. Uma alegria, que dá gosto ver.
Um dos problemas em Macau é a quantidade de chico-espertos que abre restaurantes disto e daquilo sem qualquer formação no ramo da hotelaria ou sem qualquer experiência. Parece fácil e lucrativo abrir um restaurante, ver a malta a entrar, comer e gostar, e contar as patacas ao fim do dia. Mas um restaurante dá mesmo muito trabalho. Todos conhecemos casos de estabelecimentos que não sobreviveram mais que um mês porque decidiram primar pela originalidade sem no entanto fazer a mínima ideia de como gerir um restaurante, ou em alguns casos sem saber cozinhar. Não se iluda. Se os seus três ou quatro familiares ou alguns dos seus amigos gostam da comida que você faz, isso não faz de si um cozinheiro habilitado.
Depois há o problema da localização. Para abrir um restaurante chinês ou uma das tais lojas de min, qualquer sítio serve. Para um restaurante português, existe o centro de Macau e a ilha da Taipa, onde já deve residir a maior parte da comunidade. Para um negócio "exótico", o melhor é pensar bem onde estão as bocas que podem justificar a sua existência. Os restaurantes japoneses e a "fast-food" safam-se bem em qualquer sítio, mas um restaurante filipino fica melhor onde existem muitos filipinos (Rua dos Cules) e um restaurante tailandês tem mais possibilidades de vingar na área junto à famosa "rua dos tailandeses" (também conhecida por Rua Abreu Nunes). Qualquer outra ideia exótica (com excepção para os mexicanos, indianos e italianos, que são poucos) está condenada ao fracasso.
É estranho que em Macau a escolha de comida macaense seja tão limitada. Existe o Litoral, um restaurante de luxo, carote (mas muito bom, por sinal) e o Riquexó, um restaurante caseiro e cada vez mais degradado localizado na Av. Sidónio Pais, em frente ao Edifício Hoi Fu. É uma pena. Talvez a tal Confraria da Gastronomia Macaense devesse organizar mais eventos que dessem a conhecer a culinária tradicional macaense a preços acessíveis, ou que os seus responsáveis patrocinassem um restaurante novo, amplo e moderno a preço amigo, onde a malta fosse provar um porco balichão, um minchi à moda macaense ou um bom tacho nos dias de mais frio. Enquanto não se concretiza esta a outras ideias originais, fiquemos pelo min.
O Riquexo esta degradado devido a infiltracao de agua do inquilino de cima, queixa ja foi feita pelo dono, mas o governo como de sempre so sabe fazer anuncios na TV mas "action" nada, talvez Bairro do Oriente possa ajudar, mas se quizer um bom Minchi, balicao tamarindo e tacho a preco de amigo,ainda servem.
ResponderEliminarem materia de comida,macau é bem melhor que hong kong,não é por acaso que tanta gente de hong kong vai para macau só para comer
ResponderEliminar1) Vou ao Riquexó às vezes, não tantas como ia quando cheguei a Macau há 17 anos. É por isso que me dá pena ver o estado a que chegou.
ResponderEliminar2) Vêm porque é mais barato e pelo lado kitsch da coisa. Não diga a ninguém que a comida em Macau "é melhor que em Hong Kong". Eu ainda o desculpo, agora o resto pode sofrer um ataque de riso.
Cumprimentos.
O VITINHO E QUE E
ResponderEliminarO anónimo das 17:06 não só não me causou nenhum ataque de riso como não concordava tanto com ninguém há algum tempo. Hong Kong é maior, há mais por onde escolher, evidentemente. Mas afirmo, como o referido anónimo, que em Macau se come MUITO melhor do que em Hong Kong (a não ser que isto se deva ao facto de eu conhecer os melhores sítios para comer em Macau e talvez não os conheça em Hong Kong). Mas, do que conheço, Macau ganha por KO.
ResponderEliminarSo se for no Santos!!!!
ResponderEliminara comida em macau e' muito melhor que a de hong kong, a variedade tb e os precos bem melhores.
ResponderEliminartas muita mal informado dos restaurantes em macau, leocardo, entao o litoral tem boa comida??!!! aquilo e' caro e muito ma' qualidade, nem dado, e o mesmo litoral da taipa, pior.
queres comida macaense, vai ao dom galo, vencedora, solmar
Quem diz que se come boa comida Macaense no Litoral, não percebe nada do assunto, até na APROMAC do Manhão é muito melhor que o Litoral.
ResponderEliminarEsta é que é para rir.
Também concordo que em Macau come-se muito melhor que Hong Kong.
Ter maior varidade de restaurantes, não significa melhor qualidade da comida
Eu para variar concordo com o Leo. Em Hong Kong não só se come melhor e há muito mais variedade, como os produtos são muito mais frescos. Basta entrar em qualquer supermercado para perceber isso. Como disse o Pereira Coutinho, Macau está a tornar-se o caixote do lixo da Ásia. Se é caro, paciência, eu prefiro pagar um pouco mais e comer bem.
ResponderEliminar"Não diga a ninguém que a comida em Macau "é melhor que em Hong Kong"."Hong Kong é maior, há mais por onde escolher, evidentemente".Por esta ordem de ideias,a comida da russia é muito melhor que a comida portuguesa porque a russia é muito maior que Portugal.A comida de macau é uma boa merda porque macau é muito pequeno,não é?como disse há pouco se a comida em macau fosse uma merda não havia tanta gente de hong kong a vir para macau so para comer,ficavam em macau.
ResponderEliminarEstranhos comentários. Em Hong Kong há tudo o que há em Macau (sim, até comida portuguesa) e muito mais. Não percebi o último comentário.
ResponderEliminarCumprimentos.
Discussao ridicula, certeza que em HK existem muitos bons restaurantes caros, medios e baratos, assim como em Macau, e natural que em HK exista mais variedade...10 milhoes de habitantes para 500 mil...tem que existir alguma diferenca...quantos aos precos, obviamente que em Macau e muito mais barato...HK e uma cidade international e Macau e uma vila....
ResponderEliminarComida Macaense no Dom Galo, Vencedora e Solmar? Deve estar a sonhar.
ResponderEliminarO Leocardo anda a comer muitos gelados de peixe e de outras coisas esquisitas e isso dá-lhe cabo das papilas gustativas. Em comida cantonense, HK pode ser melhor, não sei porque não gosto. Quanto ao resto, tenha juízo. Em Macau come-se muito melhor.
ResponderEliminarMais: o péssimo gosto dos hongueconguenses no que diz respeito a comida vê-se pelo facto de o Fernando em Coloane (o pior restaurante português de Macau) estar sempre cheio deles. Se calhar o Leocardo, tal como eles, ainda não conhece os restaurantes realmente bons de Macau. Uma coisa é certa: eles vêm cá comer, mas quem não vai a HK comer sou eu.
Há é muita gente cá em Macau com tiques provincianos, que acha sempre que tudo em HK é melhor. É como aqueles portugueses da província que ficam embasbacados a primeira vez que vão a Lisboa e ficam maravilhados com tudo.
Ao anónimo das 12:02,
ResponderEliminarHK tem 7 milhões de habitantes, não 10.
Obrigado pela rectificacao de 10 para 7 milhoes que vai melhorar substancialmente a comida de Macau ou de HK:)
ResponderEliminarAo anonimo das 12:02,se Macau e uma vila então Lisboa deve ser uma aldeia
ResponderEliminarE natural que Lisboa ao lado de cidades como Paris, NY e mesmo Madrid, Barcelona, a nivel de infra estruturas, etc, etc...e uma aldeia, ou uma vila...atencao que nao estou a falar da beleza da cidade....por acaso ate nem sou de Lisboa, cumprimentos....mas Macau deixa muito a desejar ao lado de HK em muita coisa...ou tem duvidas disso? A culpa nao e de Macau, mas sim de quem reinou em Macau durante 400 anos
ResponderEliminarA melhor comida macaense que se comia há 12 anos era nos jantares de 6.ª feira na Pousada de Mong-Há.
ResponderEliminarAinda existe?
Existe, mas ja nao e comida Macaense.
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