terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Pessimistas? Não, realistas!
Os portugueses são um povo, de um modo geral, pessimista. Ao perguntarem a um português se este copo está meio cheio ou meio vazio, ele responde “meio vazio”, e provavelmente acrescenta “encha-mo”. Segundo os dados mais recentes, os portugueses são os terceiros mais pessimistas da Europa, apenas à frente da Turquia e de outro país qualquer deprimente e atrasado que agora não me recordo. O optimismo nunca foi o nosso forte.
O que dizer de um povo que tem como música nacional o fado, em que se canta sobre a miséria, a tristeza e a dor de corno, e no fim ainda se batem palmas? Quando se pergunta a um português se acha que o próximo ano vai ser melhor que o anterior, a questão é sempre negativa. Quando se fala de um investimento ou de uma obra pública útil e ambiciosa, fala-se de “despesismo” e diz-se que vai ser um “elefante branco”. Os portugueses em geral não percebem muito de economia, mas para eles a inflação “vai aumentar” (vai sempre aumentar, ainda não sei como não chegou aos 1000%).
Quando se fala dos filmes de Manoel de Oliveira, que so bastante mauzinhas, fazem um ar de malandreco, abanando a cabeça em sinal afirmativo e dizem “olha...’ómenos’ ganha qualquer coisa ‘lá fora’”. Este “lá fora” é sempre um lugar ilusório onde nenhum português se destaca ou faz qualquer coisa de interessante. Nesta época natalícia, é comum ouvir na televisão cidadãos afectados pela crise dizer que este vai ser o Natal “mais pobrezinho” de sempre. Todos os anos “é o mais pobrezinho”. Em alguns casos pergunto-me se tudo o que têm para comer é uma codêa e uma garrafita de vinho carrascão.
Algumas afirmações são mesmo espantosas. Vastas vezes vejo senhoras rechonchudas e com bom aspecto, normalmente bem vestidas, a contar episódios trágicos de miséria e sofrimento. Ora porque têm filhos em idade escolar, estão desempregadas, o marido está doente (normalmente um eufemismo para “é alcoolico e dá-lhe porrada”), e o que lhes resta “não dá para nada”.
Quando questionados sobre o aumento do custo do vida, os portugueses respondem em acto de desespero: “não sei onde tudo isto vai parar!”. Quando recebem boas notícias torcem o nariz, franzem as sobrancelhas e reviram os olhos exclamando “já não digo nada!”, desconfiados da boa sorte que os bafeja. Outros desabafam “está tudo doido” ou “parece mentira”, como quem acha que os estão a amaciar primeiro antes de lhes “dar com o pau” (outra expressão interessante).
Como bons cristãos que são, os portugueses entregam o seu destino “nas mãos de Deus”. Uma expressão intrigante é “até amanhã se Deus quiser”. Porque não havia Deus que houvesse um amanhã? Ou “Deus queira que...”. Não terá Deus mais que fazer no que interferir no dia a dia de um só indivíduo, expedindo-lhe os seus desejos e resolvendo-lhe os problemas? Um dos assistentes de Deus mais mencionado é o S. Pedro, especialmente quando chove. Diz-se que o S. Pedro “mandou chuva” e estragou um arraial, ou que um jogo de futebol foi adiado “por causa do S. Pedro”. Que falta de respeito com o santo, digo eu.
E por falar em futebol, lembro-me de um ano em que os juniores do Ouriense foram campeões distritais e ascenderam aos campeonatos nacionais. Que alegria, já que alguns eram mesmo meus colegas dos bancos da escola. Mas jogo após jogo, vitória atrás de vitória, o pessimismo continuava a reinar entre as hostes. “É no próximo jogo que vamos perder”, ou “agora vamos ao Tramagal e perdemos”. Nos jogos em casa, se o adversário marcava primeiro, ouvia-se um apressado “pronto, já está. É sempre a mesma merda”. Se a equipa dava a volta ao resultado e vencia de goleada ouvia-se um “vá lá...ganharam” de desprezo. Quando garantiram a subida com uma goleada de 4-1 em Samora Correia, lá na terra ouvia-se “a sério? Parece mentira...”.
Mesmo quando reina algum optimismo (o Euro 2008 e os Jogos Olímpicos são exemplos recentes) seguido de desilusão, ouve-se prontamente um “eu já sabia”. Para os portugueses, previsões só no fim do jogo, como dizia o outro. “Era bom demais para ser verdade” (tradução: não merecíamos e nunca merecemos, mas dá-se o benefício da dúvida), “O que é que estavam à espera?” (tradução: é o que dá confiar em incompetentes), “Portugal? Ganhar? Epá tem juízo” (tradução: eu já sabia, mas tu não querias ouvir, olha). Pessimistas? Não, realistas! I love this country!
Pessimistas e invejosos.
ResponderEliminarNão há pachorra para nós.
Tadinhos...o que se pode esperar de um povo que a maior parte nem sequer foram até Espanha, nem sequer sonham o que é andar de avião e gastar dinheiro como quer e apetece? Invejosos porque nunca tiveram ou nunca poderam ter, um exemplo muito simples, nem umas bolachas um bocado mais caras se atrevam a comprar porque têm medo que não sejam boas ou simplesmente não podem, não sei...não cresci aqui não vi o que foi antes do 25 de Abril nem logo depois. Há muita falta de abertura em tudo, muita falta de coragem em experimentar e muitas vezes quem o faz é criticado. Mas cada vez se está a melhorar, pelo menos é isso que sinto e vejo, para contrariar já temos os Deolinda com o seu Fado ao Lado para demonstrar que o espírito português está a mudar, que venham mais mudanças e optimismo, e uma mente aberta para receber o que der e vier.
ResponderEliminarLeocardo, outra caraterística dos Portugueses é falarmos constantemente mal de nós próprios. Você nesse aspecto tem sem dúvida uma costela lusitana bem vincada.
ResponderEliminarApoiado, meu caro anónimo das 14:51. O Leocardo no divã.
ResponderEliminarOutra característica dos portugueses é não saberem fazer auto-crítica e aceitar mal as críticas em geral. Dois anónimos anteriores comprovam.
ResponderEliminarSem dúvida alguma os portugueses tem razão para serem péssimista,quando as pessoas de boa vontade,vão contribuindo com a sua experiência, seus parcos conhecimentos, numa abertura total, somos bombardeados com comentários insultuosos.
ResponderEliminarValerá a pena continuar postando num blog? Quando individuos com má formação e malvadez ofendem pessoas inocentes, é tempo para dizer basta, a experiència negativa que tive no site luso-poemas, no qual fui ofendido e humilhado me leva que a oartir de hoje, a socialidade que existia em mim, se irá fechar em copas.
Os portugueses, alguns deles, adoram fazer criticas nada construtivas, adoram a polémica, como tal irei por fim ao meu blog me afastando de vez e recolhendo em mim próprio.
Este meu acto não representa cobardia, mas sim uma revolta para com alguns anónimos cujo prazer é desfazer algo de construtivo, mas enfim, a justiça um dia deles tomará conta.
Portugueses de má vontade, nada realista que adoram provocar a confusão.
A todos o que acompanharam a minha parca o meu muito obrigado, até sempre.
Na mouche
ResponderEliminarSr Cambeta deixe lá, os cães ladram e a caravana passa.
ResponderEliminaranónimos?? além de pessimistas são cobardes!!
Exmo. Senhor Horta e Costa, é bem verdade o que diz,anónimos além de péssimistas, são cobardes.
ResponderEliminarVitor Hugo disse essa bonita frase, Os cães ladram mas a caravana passa.
O anónimo a que me refiro é leitor assiduo desde blog, já o identifiquei, e por terem sido fortemente injuriosas as palavras que me dirigiu o irei processar, quando regressar a Macau, não passa pela cabeça de ninguém dizer estas palavras
Anónimo disse...
Vai para o caralho grande pedofilo.Andas na tailandia a comer as criancas e a a seres enrrabado por adolescentes.vaite foder grande filho da puta
1 de Dezembro de 2008 21:42
Sí um louco ou uma pessoa sem formação alguma ofende desta forma, uma pessoa que sempre teve uma postura digna, nunca insultando ninguém e não é merecedor deste grave elogio.
a justiça tomará conta da ocorrência.
Esse anónimo hoje entrou de novo neste blog ele é assinante da CTM com o Aderr 202.175.89# e ao ler estas minhas parcas linhas, pense bem no que disse, ainda está a tempo de pedir desculpas, depois quando eu regressar a Macau será tarde.
Esquecer nunca perdoar talvez!...
Caro Cambeta, faça o que tiver de fazer para processar esse anónimo cobarde e arrogante, mas peço-lhe que não feche o seu blog...
ResponderEliminarPessoas nojentas como aquela que colocou esse comentário hão de existir sempre, e tenho a certeza que o Leocardo também já apagou dezenas de comentários semelhantes no passado.
Mas tem de ser forte, ignorá-los e continuar a escrever o que lhe vai na alma.
Eu pessoalmente conheci o seu blog há cerca de um mês atrás e já era visitante assíduo desse seu espaço.
Mais uma vez, peço que continue...
Cheguei a apagar comentários de ameaças de morte de pessoas que garatimam que sabiam quem eu era. Palavras leva-as o vento. Força para continuar e um abraço, Sr. Cambeta.
ResponderEliminarSenhor Cambeta,
ResponderEliminarDesistir é dar razão a esses idiotas. Coragem.
Ora aí está. A experiência do Leocardo e do António Cambeta com certos anónimos mostra os portugueses no seu "melhor". A vergonha na cara é uma coisa que já há muito perderam.
ResponderEliminarE sem ofender o "anónimo das 9;56..tem toda a razão.
ResponderEliminarQueria dize o "anonimo das 11;09 é não o que referi das 9;56
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