sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os blogues dos outros


É como quem abre umas páginas amarelas de sensibilidades e tendências e não choca com propaganda gratuita. É neste reduto que reside o interesse dos blogues. O blogue de autor sobreviverá, pois a especificidade e vis dos autores não esgotam o permanente interesse que os outros - absolutamente únicos - nos inspiram. Dou comigo a simpatizar com "blogadores" nos antípodas da minha mundivisão e a deter-me em questões que estão fora do meu mundo de interesses particulares. Esta blogosfera não é residual, é o sal da outra blogosfera que se vai parecendo, cada vez mais, com os jornais e as estações de rádio.

Miguel Castelo Branco, Combustões

O comportamento predatório do SANLU GROUP ao que se percebe apoioado pelos burocratas regionais é bem o sintoma de quando o poder não é controlado por outro poder, tende a abusar dele, indefinidamente. Não se trata - como o regime chinês intenta agora sofregamente fazer - de encontrar rapidamente um ou vários bodes expiatórios que possam arcar com a culpa da fraude e da sequência de perdas humanas que dele resultaram. Mas de saber porque é que o sócio minoritário neozelandês FONTERRA alertou as autoridades chinesas, ao que se percebe em Julho, e nada foi feito para retirar os produtos infectados do mercado e sancionar criminalmente os empresários. Todos os raciocínios são possíveis, inclusivé que houve gente no governo provincial que protegeu os criminosos. A troco de quê? O caso não é virgem e não é a primeira vez que alimentos detereorados servem - na China- para acrescentar zeros à direita do chiffre-d'affaires dos empresários e grupos económicos chineses.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

simpatizei, em puto, fascinado pela guerra fria, pela perestroika, pela guerra do golfo, quem não se lembra do zé orelhas dos santos com o, ou como se diz no Alentejo, a mais o rogeiro naquela noite interminável do início da guerra, com o partido republicano. gostei do reagan. cowboy, mas daqueles que dominava o rancho. não desgostei do pai bush. mas depois veio o bill e virei democrata. depois deste, o maior erro da história política dos eua. consequências? estão à vista.

Santiago, MACA(U)quices

Perante a gigantesca crise financeira norte-americana, que revela notórias "falhas de regulação" (ou melhor défice de regulação), os defensores mais radicais do "laisser faire capitalism" fogem em frente, condenando as intervenções do Estado para salvar algumas instituições cruciais para os sistema financeiro (como as duas empresas de garantia de crédito hipotecário e agora a seguradora AIG). Deixe-se esbarrondar o sistema, mas salvem-se os princípios...

Vital Moreira, Causa Nossa

Confesso que já me custa imenso escrever sobre o futebol português, pela tristeza que nos fica na alma. Para quem gosta de futebol é triste assistir a um quadro miserável de resultados quando as nossas equipas disputam competições europeias. O Sporting foi a Barcelona e apenas serviu para retirar os catalães de uma crise que era tão significativa que já pediam a cabeça do treinador. O Benfica visita o Nápoles e, mais uma vez, sai derrotado de um confronto internacional. Que desgosto enorme para o Eusébio...
O Marítimo joga em casa, e bem, mas a sorte esteve com o Valência e o que conta são as que entram na baliza. O Vitória de Guimarães deslocou-se a Inglaterra para jogar contra uma equipa menor e a derrota representa para os vimaranenses o passaporte para o esquecimento da alta roda do futebol. O seu congénere de Setúbal recebeu uma equipa holandesa (que eu nem conhecia) e não consegue melhor que um empate. Salvaram-se o Porto e o Braga. Este último, com uma goleada a uma equipa do mesmo nível do Gondomar. É este o panorama do nosso futebol, medíocre mas arrogante. à semelhança da existência de três desnecessários diários desportivos...


João Severino, Pau Para Toda a Obra

Hugo Chávez, herói de alguma da mais envernizada esquerda ocidental, vai perdendo a cada dia que passa o pouco que ainda lhe restava de credibilidade. A sua recente catilinária grosseira contra os Estados Unidos, que encontrou eco em todo o mundo, não teve consequências no plano económico. O caudilho venezuelano apressou-se já a declarar que a expulsão do embaixador norte-americano - em assumida solidariedade com a vizinha Bolívia, que fizera o mesmo 24 horas antes - não implica a quebra dos laços comerciais com Washington. Percebe-se porquê: 85% das exportações de petróleo venezuelanas são pagas pelos Estados Unidos, o que permite a Chávez distribuir o "ouro negro", gratuitamente, por vários outros países - com destaque para Cuba - em nome do "internacionalismo" bolivariano. Isto enquanto a economia venezuelana, fora do sector petrolífero, se vai deteriorando com sérias consequências no plano doméstico - a começar pela distribuição de géneros essenciais, como o pão e o leite.

Pedro Correia, Corta-Fitas

Toda esta história da rebelião gay dos deputados do PS, mais o grupo dos quatro que votaram contra o Código de Trabalho liderados pelo inefável Manuel Alegre, soa a encenação política de quem quer jogar em dois tabuleiros ao mesmo tempo. Como se verá, na altura da verdade, quando começar a campanha eleitoral e os votos contarem, todos estarão ao lado do secretário-geral do PS e do seu novo programa, tal como estiveram nas eleições passadas. Tudo isto cheira à mais pura das demagogias políticas - e é isso que mais estranho: o de não ouvir as críticas de quem sabe muito bem à esquerda que tudo isto faz parte das cartilhas de instrumentalização partidária.

Paulo Pinto Mascarenhas, Atlântico

Durante mais de trinta anos o PS conviveu bem com a votação dos emigrantes por correspondência. De repente, o PS doméstico e as delegações que possui lá fora desataram a atacar a lei eleitoral para acabar (dizem eles sem risota) com as "fraudes". Isto quer dizer que, durante mais de trinta anos, o PS não se importou nada com as aludidas "fraudes". A maioria absoluta exige muito trabalho de sapa. Não nos tomem é por tolos.

João Gonçalves, Portugal dos Pequeninos

1 comentário:

  1. Mas o que realmente acabou com a credibilidade do Chávez foi ter anunciado com pompa e circunstância a chegada do Magalhães à Venezuela. Parecia o Sócrates a anunciar a boa-nova, mas com mais piada, apesar de tudo.

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