quarta-feira, 28 de maio de 2008
Uma casa que é Macau
Quem é esta gente que,
quando está num restaurante português, ouve um fado,
sente-se em casa, fala de saudades, delicia-se com um bacalhau, ou,
quando está num restaurante chinês, ouve conversas em tom alto,
sente-se em casa, fala de saudades, delicia-se com um chá siu chao min, ou
surpreende um estrangeiro, com suas feições orientais, conversa com um sotaque português, ou
surpreende um chinês, com suas feições ocidentais, fala um fluente cantonense?
Esta gente, somos nós, MACAENSES,
sem nós, Macau não teria tanta graça assim,
sem nós, Portugal não teria tido um território ultramarino tão singular,
sem nós, é tudo aquilo que você pensa mas guarda para si, ou não.
MACAENSES, o motivo da história dos 420 anos de Macau ter sido tão linda ...
Rogério P.D. Luz
Início da década de 90. Macau agitava o mercado imobiliário português. Muitos macaenses compravam casa em Lisboa, fazendo planos de regressar até antes da transferência de soberania. Estavam bem frescos na memória os acontecimentos de Junho de 1989 na Praça Tiananmen, em Pequim. Os mais velhos recordavam ainda os incidentes do 1,2,3, no ano de 1966. A vontade de continuar em Macau e trabalhar para a administração chinesa, na altura uma verdadeira incógnita, era pouca ou nenhuma.
O caso não era para menos. No início dos anos 80, após a vaga de emigração para as Américas nos anos 70, não se falava de transferências de soberania, nem declarações conjuntas, e a administração funcionava, como se sabe, com muito daquele óleo que faz a máquina funcionar mais depressa. O alarme foi dado com a promessa da entrega de Hong Kong em 1997. Macau caía de seguida qual proverbial dominó. Os funcionários eram tidos pela população como preguiçosos, corruptos e incompetentes, e não poucas vezes eram feitas ameaças de posteriores “ajustes de contas”.
Mas foi uma guerra que nunca chegou a acontecer. A transição deu-se suavemente, quem quis ficar ficou, e ninguém foi mandado embora. Para alguns partir foi uma decisão dramática, deixar a terra que os viu nascer e onde sempre viveram. A ideia de que Portugal, local aprazível para passar férias, seria um lugar ideal para viver, foi rapidamente esfumada com as enormes dificuldades de adaptação às distâncias, mentalidade e custo de vida. Houve quem se tivesse arrependido rapidamente, e quem nunca tenha chegado a partir.
Obrigar um macaense viver longe da sua terra é sujeitá-lo a uma dor indiscritível. Por muito portugueses que os macaenses se possam considerar, e por muito espaço que Portugal tenha, existe um apego, uma ligação a esta terra que ninguém consegue compreender tão bem como eles. Principalmente para nós portugueses metropolitanos, que confinados a este local tão exíguo, temos tantas saudades de casa. Para os macaenses a casa pode ser pequena, mas é a sua casa. A tal casa de Macau que Charlie Santos tão bem descreveu na sua música.
As novas concessionárias de jogo deram uma nova oportunidade aos filhos da terra para regressar. Com a vantagem de dominar as duas línguas oficiais e sendo profundos conhecedores do território, muitos abandonaram os postos na função pública em Portugal sem sequer olhar para trás ou pensar duas vezes. Alguns, por uma questão de face, preferem nem tocar no assunto. Seja qual for a sua história, a sua motivação, é sempre bom ver os filhos da terra voltarem a casa. O amanhã logo se vê.
Bem...a maneira romântica de ser macaense é assim, mas na realidade há muito de comodismo, competição e sacanagem no meio, não é verdade? Nos tempos do R. da Luz acredito que não tenha sido assim.Macau foi sim senhor um espaço lindo, calmo com qualidade de vida, até talvez inicio dos anos 90. Tenho saudades da minha Terra, mas daqueles tempos, agora não vejo ninguém a conviverem diariamente e os que convivem, muitos são sorridentes à frente e depois espetam-se atrás. Não, basta de hipocrisias. Com algum dinheirinho vive-se muito bem Portugal, problemas há em todo o lado claro, mas pelo menos aqui respira-se ar puro (por enquanto). Macau terá sempre um lugarzinho no coração, voltarei sempre para férias mas viver? Naquela confusão, nem pensar. Essa de ser macaense...já há muito que se diga mesmo.
ResponderEliminarConcordo consigo gotícula. Aliás os macaenses foram das pessoas mais gananciosas e interesseiras que alguma vez conheci em Macau. Sempre se aproveitaram do facto de falarem duas linguas para se servirem de unica ponte de ligação entre chineses e portugueses, fazendo o jogo dos dois lados, chantageando a uns e sugando o que podiam aos outros. Não é por acaso que a maioria dos chineses detestavam-nos e os portugueses também não nutriam nenhuma simpatia por eles.
ResponderEliminarEu lembro-me de ir aos Serviços de Identificação nos anos 90 (localizados no edificio atrás do Leal Senado) e assistir à forma absolutamente incrível como as funcionárias macaenses ao balcão tratavam os chineses abaixo de cão, aos gritos com asneiras e ameaças à mistura. Chegavam a atirar os documentos para o chão para os chineses apanharem. Isto vi eu com os meus próprios olhos. E aliás este comportamento era generalizado no atendimento ao público, não era de todo um caso isolado destes serviços.
A forma como esta gente foi integrada na função pública depois da transição, sem sobressaltos e sem espírito nenhum de vinganças é um exemplo de tolerância notável.
Nunca vi um chinês tratar assim um macaense só porque o território regressou agora para administração chinesa.
Os Macaenses são acima de tudo sobreviventes. E como se sabe, os sobreviventes são pessoas muito especiais.
ResponderEliminarRecomendo a leitura de Shanghai Dancing, de Brian de Castro. É um bocado de seca mas está lá o essencial. Cumprimentos
E onde se consegue arranjar o "Shanghai Dancing"? Se alguém souber, por favor, deixe aqui uma mensagem... Obrigada.
ResponderEliminarLeocardo, desculpe usar assim o Bairro...
Não faz mal Maria. Também gostava de saber (se bem que se pode comprar o livro online)
ResponderEliminarExcelente artigo, caro Leocardo- um artigo escrito por um verdadeiro Macaense, sem dúvida.
ResponderEliminarAgora, aos comentários.
Como Macaense mestiço natural de Macau, sempre achei engraçado quando a argumentação contra os macaenses acaba invariavelmente na sua capacidade de falar as duas linguas. Criticas, essas, muitas vezes mandadas por pessoas que se encontram em Macau, ou que viveram em Macau durante dezenas de anos. Meus caros, vocês não falam porque não querem. Juntam-se nos seus grupinhos de "expatriados" e vivem completamente desprendidos da realidade desta terra. Muitos de vocês praticamente se "desresponsabiliza" do seu papel na sociedade Macaense. O Macaense- não o natural de Macau,ou o mestiço, atenção- aquele individuo que sente Macau como sua terra, como o nosso Leocardo, que escreveu este magnífico texto, tem a preocupação de prestar atenção a Macau e às suas gentes, à sociedade, às suas particularidades como as suas manifestações e singularidades culturais.
Dizer que o macaense é mesquinho, ganancioso, etc. é reflexo de alguém que nem se deu ao trabalho de conhecer a terra.
Sabe que mais? Como macaense, bem mais mesquinho sinto que são estes portugueses que vem para aqui de nariz empinado, criticando uma comunidade sem ter feito o minimo esforço para compreender a história e a realidade local.
Acredite que ouço falar muito pior dos portugueses pelos próprios portugueses- apunhalam-se pelas costas, falam mal uns dos outros, dividem-se em grupinhos ridiculos hostis uns aos outros (advogados entre advogados, arquitectos entre arquitectos, "artistas" entre "artistas",etc.), isto tudo numa comunidade de 3 mil pessoas aproximadamente.
Olhem para vocês proprios, caros emigrantes, e depois critiquem quem realmente gosta e sente esta terra.
Eu como tuga recém-chegado, estou 100% de acordo com este último comentário anónimo
ResponderEliminaró Motta devias ter vergonha na cara nos disparatados comentários e mentiras que fazes, e só prova que não sabes o que é Macau. tugas como tu não são precisos nesta terra, que sempre foram vistos como os pára quedistas que cairam aqui para abanar a árvore das patacas, muitos deles a fazerem figura simplesmente miserável
ResponderEliminarOlha bem para o teu país.
Concordo com o comentário do anónimo das 0.12
Embora não seja tão extremista como o Motta, tenho de concordar com ele na forma como os Macaenses se comportavam e tratavam os chineses nos anos da administração portuguesa. Qualquer um de nós lembra-se muito bem de assistir a cenas dessas no atendimento prestado aos chineses nos serviços públicos desses tempos.
ResponderEliminarQualquer pergunta ou questão que colocavam era respondida com um olhar de desprezo absoluto e às vezes aos berros e insultos.
Embora muitos portugueses que estavam à frente desses serviços também preferiam ignorar tais comportamentos, a maioria não podia fazer muito pois dependia desses funcionários bilingues para comunicar com os chineses.
Dir-me-ão que era uma questão de sobrevivência.
Os chineses têm um dito popular que descreve bem este espírito. "Olha para cima e faz uma vénia, olha para baixo e pisa com força" (tradução aproximada)
Claro que agora o cima e o baixo inverteram-se, portanto a história agora é outra...
No dia em que os macaenses conseguirem convencer os chineses de que não necessitam dos portugueses, talvez os chineses entendam que não precisam dos macaenses...
ResponderEliminar"No dia em que os macaenses conseguirem convencer os chineses de que não necessitam dos portugueses, talvez os chineses entendam que não precisam dos macaenses..."
ResponderEliminarEsta parece uma daquelas tiradas "fantásticas" do Fernando, digna de última página do Hoje Macau...
Haja paciência...
Mas não vão por mim... façam vocês próprios o teste. Perguntem a um chinês qualquer de Macau, amigo ou colega de emprego, como é que ele era atendido e tratado pelos macaenses antes de 1999.
ResponderEliminarO que eu sei é que nenhum dos chineses com quem falo à vontade gosta de macaios.
ResponderEliminarObrigada, caro Leocardo, por este post e as palavras de Rogério P.D. Luz tocaram profundamente o meu coração de macaense.
ResponderEliminarO meu avô paterno era português, foi fazer a tropa em Macau, gostou e ficou casando com uma chinesa, a minha avó.
Não posso testemunhar qto ao facto dos macaenses atenderem mal os chineses, mas sei q a minha irmã, funcionária pública macaense, chorava lágrimas por não poder fazer mais pelos chineses.
Tb em Portugal vejo chineses a não serem mto bem atendidos nas repartições, com os funcionários a falarem mais alto, qdo o problema dos chineses não é de audição, mas sim de comunicação.
A "raça macaense" está a extinguir. Mais ou menos, a partir da década de 80, os portugueses foram para Macau pª assumir cargos de chefia (mtos eram casados e com filhos e foram em comissão), antes eram tropas polícias que acabavam por criar raízes em Macau. O nosso amigo Leocardo é dos poucos portugueses com mulher chinesa, criando uma nova geração de macaenses.
Este post está a dar muita fruta.
ResponderEliminarAnda por aí muita gente tocada...
Ena...para melhor entenderem o contexto da discussão, tomem atenção que quando um macaense (português) diz que o outro "português", significa português da metrópole. Não que o macaense não se sinta português, bem pelo contrário, porquê na sociedade em Macau subentende-se que Macaense é o Português de Macau, com todas as suas singularidades, com traços fisionómicos um pouco diferente dos portugueses europeus, devido à miscigenação.
ResponderEliminarQuando acusam o macaense de tratar mal um chinês, talvez seja porque o macaense, fruto de misturas étnicas várias, é por si anti-racista e anti-xenófobo, logo NÃO TOLERA QUALQUER TIPO DE MANIFESTAÇÕES DO GÉNERO, e se há etnias etnocêntricas como os Han, vulgo chineses, a reacção do macaense será apenas o de intolerância para com os intolerantes (chineses - há contudo, excepções).
Não foi preciso muito, eu próprio fui alvo de manifestações xenófobas e racistas por parte de uma colega chinesa da redacção da televisão de Macau, que me disse, "está na hora de voltares para a tua terra Portugal, o vosso tempo em Macau está a acabar" (a quatro horas da meia-noite de 20 de Dezembro de 1999.
Só perguntei onde é que ela tinha nascido, e ela respondeu no continente chinês, e eu retorqui:
Gentinha como vós, minha família radicada em Macau há séculos, há muito tempo, pelo menos há 40 anos que vos tem sido misericordiosa e solidária, quando vós andavam fugidios dos comunas e a atravessarem a nado da China continental até à "Meia Laranja - Barra" em Macau, ensopados e cheios de fome. Não seja pobre e mal agradecida!
E se a minha querida Avó tivesse denunciado à polícia cada vez que um imigrante ilegal chinês dava à costa e saltava para o jardim da casa para se abrigar?
E se o meu saudoso Avô tivesse dado um tiro em cada um dos ilegais chineses que apanhava a meio da madrugada dentro do jardim de casa a gemer de frio e de fome?
E os trocos que a Avó não gastou com essa gente para poderem apanhar um transporte para se reunir com a família ou pessoa de contacto?
E se os tipos morressem aí de frio e de fome? Provavelmente seriam menos uns quantos, dentro da percepção dos mil milhões de xinos que andam aí.
Aí se vê a diferença dos valores dos macaenses (portugueses de Macau), profundamente católicos, misericordiosos, solidários e bem diferentes dos tais chineses que são racistas e xenófobos que odeiam gente de cor de pele diferente e ou mais escura i.e. filipinos, indonesios, tailandeses, etc... e a mania dos chineses de clarearem a pele? Com os cremes de pérola, vulgo "whitening"?
Prefiro um bronze saudável, um toque luso-tropical do que essas tretas do culto da raça "branca".
ERRATA - onde diz "porquê" lê-se "porque" na 6ª linha
ResponderEliminarLuso-tropicalismo de Gilberto Freyre:
ResponderEliminarhttp://www.instituto-camoes.pt/cvc/bdc/revistas/revistaicalp/lusotropical.pdf
O Grande patriota e Estadista Alberto João Jardim, mais conhecido pelo ditador da Madeira, é o grande orgulho e exemplo da comunidade Tuga em Portugal e arredores.
ResponderEliminarlembrem-se de como ele adora os chineses....
anedota
já esperava à muito tempo do longo dicurso do vitinho sobre macaense e agora com outro nome vcr, cuidado com as emitações...
ResponderEliminarComeço a ficar baralhada... mas afinal o que é ser macaense? Não há portugueses-macaenses? E macaenses-portugueses? E chineses-macaenses e macaenses-chineses? Desculpem lá, mas não percebo porquê essas formas redutoras de compartimentar as pessoas em categorias estanques. Alguém me pode explicar?
ResponderEliminarVRC, já agora podia esclarecer isto:
ResponderEliminar"Quando acusam o macaense de tratar mal um chinês, talvez seja porque o macaense, fruto de misturas étnicas várias, é por si anti-racista e anti-xenófobo, logo NÃO TOLERA QUALQUER TIPO DE MANIFESTAÇÕES DO GÉNERO, e se há etnias etnocêntricas como os Han, vulgo chineses, a reacção do macaense será apenas o de intolerância para com os intolerantes (chineses - há contudo, excepções)."
É que diz-se e contradiz-se neste pequeno parágrafo...
"O que eu sei é que nenhum dos chineses com quem falo à vontade gosta de macaios."
ResponderEliminarAi sim? E deve pensar que gostam muito de si...
Será, meu caro, que fala mesmo "à vontade" com eles?
Custa-vos a nossa capacidade de comunicar naturalmente e compreender estes dois mundos, tão diferentes. Sim, devo dizer que, a alguns chineses, também. O que me entristece é que estes sentimentos são fruto de ignorância, que prevalece passados tantos seculos de "convivência".
Sabe porquê?
O Macaista,o mestiço de Macau é resultado do encontro e da comunicação entre vocês- entre os vossos mundos.
Será assim tão dificil de entender que o macaista é o resultado mais belo destes dois mundos? Sim, falo daquela comunicação singular humana que tanto evitamos dizer, que é pirosa,praticamente indizivel! Sim, falo do amor. Amor, aquele sentimento que ultrapassa barreiras linguisticas, raciais, sociais e economicas.
É natural para o macaista falar Chinês e Português. É natural para o macaista compreender os ritos e especificidades destes dois mundos, porque eles fazem parte dele.
Essa naturalidade com que o macaista comunica com estes dois mundos provoca medo, receio, inveja e mesmo ódio por parte dos membros destes dois mundos que não compreendem o que, de facto, o macaista representa. O Macaista é Macau e simboliza o que esta terra representa.
Acredito que o dia em que o Macaista desaparecer, e se tal acontecer é por culpa desta gente cega pela ignorancia, a alma de Macau morrerá.
Que siguem, agora, os habituais comentários humoristicos cheios de "sumo intelectual"
É triste dizer, mas no dia em que os macaístas desaparecerem é por erro deles próprios, por não terem sido unidos na devida altura. Não terem integrados os chineses desde o ínicio , lhes ter ensinado a lingua e os costumes. De os próprios macaístas e portugueses terem aprendido o chinês, integrarem se mais nos costumes dos chineses e faziam de Macau um sítio unico, onde todos se sentissem Macaenses.
ResponderEliminarÉ o que dá escrever à pressa: quando digo
ResponderEliminar"Será assim tão dificil de entender que o macaista é o resultado mais belo destes dois mundos?"
Obviamente que o quero dizer é:
"Será que é assim tão dificil de entender que o macaista é o resultado mais belo e significativo da comunicação destes dois mundos?"
E ainda
"Acredito que o dia em que o Macaista desaparecer, e se tal acontecer é por culpa desta gente cega pela ignorancia, a alma de Macau morrerá."
Deverá ser lido como:
"Acredito que o dia em que o Macaista desaparecer- e se tal acontecer é por culpa desta gente ignorante- será o dia em que a "alma" de Macau morrerá.
os portugueses naturais de Portugal tambem tinham má fama em Macau de serem corruptos,eram assm que os chineses pensavam dos portugueses que viviam em macau
ResponderEliminarTodas as raças têm bons exemplares e maus exemplares...
ResponderEliminarHá portugueses, macaenses chineses, suecos, russos ordinários e bem educados.
Os macaenses não são excepção e não merecem que se generalize. Nem todos os macaenses são como este VRC. Mal estariamos!
Os macaenses são fruto da fusão entre dois povos, os chinês e o português e tem uma cultura secular própria que resultou dessa fusão de hábitos, língua, culinária, história, etc.
ResponderEliminarNão há portugueses-macaenses, macaenses-portugueses, chineses-macaenses e macaenses-chineses.
O que há são Macaenses (a tal mistura e culturas), Chineses e Portugueses de Macau.
ó Tuga do comentário das 6.56, como é que falas ou falastes com os chineses ? por gestos ? foi com tradutor oficial ou serás um Macaio como tu dizes disfarçado e armado em parvo.
ResponderEliminarGostei muito deste post. Óptima visão sobre o que a nova geração filhos de macau sente.
ResponderEliminarObrigado L.
Eu é que estou satisfeito com a forma como o debate decorreu. Posições firmes, algumas picardias normais atendendo à natureza do tema, mas sempre com o mínimo de correcção. Obrigado eu.
ResponderEliminarCara Gotícula, é triste dizer-lhe mas no dia em que os macaístas desaparecerem NÃO é por erro deles próprios, mas sim porque os portugueses já não se juntam às chinesas para gerar macaenses (macaense implica ter sangue português e chinês).
ResponderEliminarOs macaenses aprenderam as duas línguas por natureza própria (corre no corpo dos macaenses o sangue chinês e o português), mas os portugueses nunca se preocuparam em aprender chinês.
Os chineses, esses sim, aprenderam português (em idade adulta, porque a língua portuguesa não fazia parte do curriculo escolar deles) e por esta razão, ainda antes da transferência de Macau, muitos chineses já assumiam cargos de chefia na Função Pública.
Eu sinceramente não sabia que o Macaense era tão mal visto, facadas nas costas estão-me a dar agora, amigos portugueses!
ResponderEliminarCaro anónimo das 6:24:
ResponderEliminarComo se pode constatar pela diversidade de opiniões aqui manifestadas, só podemos concordar com o anónimo das 23:42 de ontem (29 de Maio). Gente boa e gente má existe em todo o lado, independentemente da cor ou credo.
Macau sê assi, com todos à mistura, quem não gosta vá embora, seja português, chinês, filipino ou de outro lado qualquer.
Cara Maria,
ResponderEliminarNão contradigo mas apenas houve um lapso na transcrição do meu pensamento.
Podem de facto acontecer cenas do género que não deixam de ser lamentáveis, mas por outro lado, sei que não é nada fácil lidar com gente (alguns chineses) que para além de fraca instrução, muitas vezes padecem de falta de educação, para nem falar de chá, por mais que bebam.
Alguns deles (chineses) ainda chegam armados em mafiosos, e por mais paciência que as senhoras funcionárias macaenses tenham há limites que são ultrapassados e obrigam a um colapso. Se uma pessoa se me dirigisse malcriadamente, tentaria entrar em diálogo, caso contrário serei obrigado a defender a honra pela força.
Compreendo que hajam pessoas pós-modernistas, sonhadoras da utopia de um mundo sem pátrias nem fronteiras e união dos proletários do mundo inteiro... mas sei que o mundo é constituído por nações, por sociedades que têm como base nuclear a Família, as tradições, valores, crenças, hábitos, fé que se distinguem umas das outras, daí separar bem o que é pão e o que é queijo, o que é água e o que é azeite, logo chineses de Macau, Macaenses(portugueses de Macau), portugueses expatriados...porque cada um deles traz consigo uma vivência diferente e percepção diferente sobre Macau e do mundo.
Não critico as ideias da Maria, contudo as minhas ideias, principalmente a minha visão de português do Oriente sobre Portugal já foi validada pela Metrópole. Com imensa honra e orgulho, os meus escritos sobre o tema foram distinguidos perante Generais, Almirantes, representantes do Ministro da Defesa do Governo PS, e Chefe do Estado Maior das Forças Armadas portuguesas, na passada Segunda-feira.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=4&id_news=334350&page=0
"Quando acusam o macaense de tratar mal um chinês, talvez seja porque ...(o/a macaense tenha perdido a paciência com algum chinês insolente e mal educado, armado em mafioso e a levantar a voz, e demonstrado comportamento racista em termos de superioridade racial chinesa face aos "impuros" macaenses)...talvez seja porque o macaense, fruto de misturas étnicas várias, é por si anti-racista e anti-xenófobo, logo NÃO TOLERA QUALQUER TIPO RACISMO E XENOFOBIA"
Temos todo o direito em discriminar quem discrimina.
A sorte dos expatriados portugueses em Macau, não ouvem nem percebem por vezes metade dos insultos que lhes são dirigidos e o ridículo chega ao ponto dos expatriados portugueses ainda defenderem quem os insulta.
O macaense (português de Macau) está farto de amparar os golpes dos outros quer dos xinos quer dos pt expatriados, o macaense não pode eternamente estar a tapar os buracos dos outros E O MACAENSE NÃO TOLERA SER CRITICADO POR QUEM TEM PROTEGIDO (portugueses da metrópole), DEFENDIDO E DADO TUDO NOS ÚLTIMOS 500 anos, logo EXIGE-SE RESPEITO!
Não só nós Macaenses, portugueses de Macau sentimos este desrespeito e falta de reconhecimento dos seus feitos e serviços pela Pátria, mas também os outros portugueses ou luso-descendentes pela Ásia repartidos i.e. Malaca ou Goa.
Errata: Linha 16, em vez de "caso contrário" deve-se ler "se persistisse".
ResponderEliminarIgnorarar conceitos como povos marítimos e seus valores e povos continentais e seus valores é não saber o que se debate nesta questão que o Leocardo lançou.
É o choque entre vivências e valores de abertura, MARITIMISTA/PORTUGUESA e vivências e valores etnocêntricos, CONTINENTALISTA/CHINESA - O macaense é o que faz a ponte da Terra para as Naus.
Caro Anónimo das 5.53,
ResponderEliminarVocê está enganado! Ser macaense não é necessáriamente ter o sangue chinês e o português. Eu sou macaense, a minha família é de macau desde há mais de 200 anos, e não temos nenhuma ascendência chinesa, com muita pena minha, há muita mistura pelo meio, mas chinesa não, infelizmente. Falo perfeitamente as duas linguas oficiais, como aprendi a falar inglês, francês e ainda o tailandês.
Não digo que o erro tenha sido só dos macaenses se um dia desaparecermos, também foram dos portugueses que aqui passaram, mas como estavam de passagem talvez nem sabiam bem o que deviam fazer, como não fizeram com as ex-colonias.
Nós os macaenses, no geral e principalmente os que tiveram oportunidades de o fazer na altura, porque tivemos algum poder nas mãos e podiamos ter influenciado mais os chefes portugueses, não fizeram e agora somos apenas umas alminhas sem grande significado na nossa própria terra e quem quiser destaque é preciso mudar de nacionalidade. É triste, e é triste também dizer que havia cenas revoltantes mesmo com os macaenses que lhes corriam o sangue chinês nas veias, chamar chinas de merda ou china cão ás pessoas e ngau tchot ou ngau lân às outras quando também lhes corriam esse sangue. Claro que nem todos eram assim, e os que ficaram só posso desejar as maiores felicidades, mas que a desilusão é muita, e acredita a dor de alma é imensa ver o estado que ficou a minha Terra, porque o dinheiro e o progresso não é tudo.
Caro Gotícula, o senhor, a meu ver, não é "macaense". Ou, por outras palavras, digno desse título. Sabe porquê? Porque é um chorão que, longe da sua terra, apenas prega a desgraça.
ResponderEliminarSou jovem, Macaense e Macaista, porque Macaenses, acredito, somos todos nós, aqueles que, independentemente da raça ou local de origem, amamos Macau e sentimos Macau como a nossa terra.
Estou cá, o patuá está mais popular do que nunca, na Universidade mais e mais interessados existem em aprender o Português, o Pereiro Coutinho, Macaista, é dos mais populares dos deputados por entre a população, os jornais portugueses encontram-se de boa saude e com cada vez mais páginas de opinião e reflexão sobre a sociedade (e são tidos como referência pelos deputados e média chineses),"Os Soler", macaistas- assim os considero- são uma banda popularissima em Taiwan e em Hong-Kong...
Bolas, chega de péssimismos e de fatalidades.
Quanto aos macaistas, estão bem e recomendam-se.
Existe, Goticula, uma nova geração, cheia de energia, força e optimismo por Macau e as suas gentes. Acredite, ficamos tristes por ouvir alguém que se assume "Macaense" a praticamente nos "riscar" do Mapa. Estamos aqui, Macau está aqui, o Minchi, o Patuá continua aqui, o Português continua aqui...
Temos um futuro brilhante na nossa terra.
Quanto ao português, do género Motta... Assim que deixar dessas "merdas" das invejinhas, derrotismos e egoismos ridiculos, verá que deixará de os ver tanto à sua volta.
Olhemos para o futuro. As tensões entre as comunidades tendem a diminuir. Isso acontece devido handover. Leio estes comentários vejo muitos preconceitos, juízos com base na ignorância generalizações injustas. Cheguei depois de 1999. Não testemunhei o que contam, mas dizem-me que vários portugueses e macaenses portavam-se mal. Acredito, mas não penso que devamos ficar amarrados a isso. A forma como a comunidade maioritária, a chinesa, tem mostrado tolerância e algum carinho (é o que sinto, embora haja lá está excepções) toca-me. No futuro espero que esses fantasmas desapareçam. Com o tempo, entraremos definitivamente numa era pós-racial e pós-colonial das mentalidades. Entretanto é importante que aqueles como eu e alguns dos que aqui escrevem, incluindo o Leocardo, façamos o que temos a fazer. Com a nossa atitude no dia-a-dia dar o exemplo. O resto virá, com o tempo.
ResponderEliminarEu nasci em Portugal, o meu país, claro. Mas já vivi 18 por cento da minha vida em Macau. Ngo m´hai tou sang pou ian, dan hai ngo oi ou mun! Com a vossa licença, um abraço amigo
Caro Anónimo das 9.22,
ResponderEliminarNão sou chorão nem quero pregar desgraças a ninguém,longe disso. Fico feliz em saber que há uma nova geração com vontade e energias para melhorar e dar continuidade aos Macaenses. Apenas tenho mais experiencia do que você.Não está a ver o que eu já vi e vivi, Deus queira que a nova geração seja diferente e que tenham mais oportunidades. Digno ou não do nome também já não me importo, pois temos que estar feliz onde estamos e sentir aquilo que somos. Quanto ao Dino e Julio, bem como o Lancelote tiveram todos que sair de Macau para se vingarem e serem conhecidos ou alguém lhes deu oportunidade aí?. Felicidades caro jovem, o que importa é ser feliz!
Eu não sou macaense mas vivo em Macau e só tenho uma coisa a dizer: os portugueses que não gostam dos macaenses têm bom remédio, é apanhar um avião e voltarem para o seu país. Os chineses que não gostam dos macaenses bom remédio têm, e mais barato, é darem corda aos sapatos e atravessarem a fronteira das Portas do Cerco para sempre. Se eu achasse que os chineses eram melhores do que os macaenses, não estava em Macau, estava na China. E se achasse que os portugueses eram melhores nunca tinha saído de Portugal. Percebe-se assim ou é preciso fazer um desenho?
ResponderEliminarLOL
ResponderEliminarCaro VRC
ResponderEliminarEm primeiro lugar, parabéns pela menção honrosa que recebeu. pelo que percebi terá escrito algo sobre "ser macaense", infelizmente não tive acesso ao documento em questão. Mas gostaria.
Quando refere que não critica as minhas ideias - mas sinta-se à vontade para o fazer, pois é da discussão (saudável) que nasce o conhecimento - devo dizer-lhe que, neste caso, não havia ideias para criticar. Eu também não critiquei as suas, questionei. O que é diferente. E questionei porque estava - e estou - genuinamente interessada em perceber um pouco melhor o que é ser macaense. Daí que tenha levantado as questões que levantei. Não eram afirmações. Eram, efectivamente, interrogações.
Quando lhe pedi melhor esclarecimento, a si directamente, é porque me fez alguma confusão que alguém que diz não tolerar manigfestações racistas e xenófobas (e nisso estamos absolutamente de acordo) imediatamente a seguir afirmar que a reacção do macaense só pode ser de intolerância. Tipo, quem com ferros mata com ferros morre...
É claro que nestes pequenos comentários muitas vezes deixamos escapar algumas palavras e a mensagem que passamos não é exactamente a que pensávamos ter passado. Compreendo.
Reitero o meu pedido: se me puder explicar melhor o seu conceito (ou a sua ideia) de ser macaense agradeço. Poderá, quem sabe, deixar-me aqui indicação de como posso chegar aos seus escritos. Obrigada.
Nota: Não sou nem utópica nem pós-modernista, se era a mim que se referia...
Cara Maria,
ResponderEliminarPoderá consultar parte dos escritos, no livro "Crónicas da Nação" em que intervenho numa secção sobre valores e identidade nacional (portuguesa) sob a perspectiva, "Portugal visto pelos Portugueses do Oriente". No próximo dia 12, pelas 17horas, irei abordar este tema no Palácio da Independência, nas conversas de fim de tarde. O macaense é isso mesmo, um português do Oriente, que tem em si miscigenizadas várias culturas inicialmente "estranhas" a Portugal continental, que por sua vez faz delas e da portuguesa uma nova síntese cultural, tornando-a obviamente portuguesa mas à moda do Oriente.
O livro Crónicas da Nação encontra-se na Livraria Barata, creio que na FNAC, Corte Inglés e Bertrand, e é editado pelo Jornal de Coruche, uma colectânea dos melhores artigos.
Por outro lado, tenho os restantes publicados na revista "Alameda Digital"
http://www.alamedadigital.com.pt/n10/arquivo.php
Nº9
Sugiro que faça uma busca sobre a palavra "macaense" neste blogue que encontrará com certeza longos debates sobre o tema.
Ser intolerante para com os intolerantes é isso mesmo, pelo igual modo, São Miguel Arcanjo expulsou à força o Anjo Lúcifer do Paraíso.
Nunca tive preconceitos em discriminar o que é mau, ou melhor discriminar e não tolerar o Mal e apoiar o Bem. Sendo o Mal e o Bem, as raízes ou os preceitos das mais profundas discussões políticas, bem reais e nada relativas.
Sobre as questões relacionadas a este pensamento poderá encontrar vasta bibliografia na Alameda Digital, um espaço de actualidade, cultura e ideias.
À v/ disposição,
Saudações.
VRC: Obrigada pela sua resposta. tomo em boa conta as sugestões que me faz e irei ver com muita atenção .
ResponderEliminarCara Maria,
ResponderEliminarTenha consciência que o Vitório fala apenas por si e não pelos "Macaenses", e as suas afirmações são apenas isso: suas.
Como Macaista, digo-lhe desde já que não concordo com ele. E como reparou nas respostas ao longo deste e outros temas, muitos também não.
A meu ver, não faz sentido ao Macaista negar a sua costela Chinesa-Oriental. É como reconhecer o Pai, e abandonar a mãe. O Macaista é isto, e só faz sentido nesta terra. Daí considerar a sua existencia intimamente ligada com a "alma" desta terra.
Ao Vitório, respeito a sua convicção e Portugalidade ferranha. Está muito bem a representar e a lutar pelo país que ama. Como Macaista, e muitos, acredito, pensam o mesmo, o meu amor é por Macau e o que Macau representa. Nunca apenas Portugal, mas um encontro entre dois mundos- Entre Portugal e a China. Aqui reside e residirá, sempre, o coração do verdadeiro Macaista.
Caro anónimo das 9:40
ResponderEliminarObrigada pelo seu alerta. Claro que tomo cada opinião como isso mesmo: uma opinião. Estou muito curiosa com este assunto e por isso a minha vontade de "ouvir" (ler, no caso) as várias opiniões. Já reparei que a postura de negar a costela chinesa, como diz, é muito recorrente. Ando a ver se consigo perceber porquê. Às vezes parece-me que é a negação da própria ideia de macaense... fico baralhada.
Mas também há o contrário, ou seja, quem dê maior relevância ao lado oriental (não costuma é ocupar muito espaço no debate público ou quem assim se assume não tem vontade de aí se colocar - mas afirmaram-mo, várias vezes, directamente aí em Macau). Depois há os que não tomam posição extremada e assumem-se como oreinte/ocidente... Todas as opiniões são válidas. Não estou aqui para criticar ninguém nem pretendo que a minha opinião pessoal (que ainda nem está formada) substitua a de ninguém. Mas alicia-me este tema. É muito, muito, muito interessante! E só posso agradecer a quem me vai dando uns toques e ao Bairro por me andar a deixar abusar...
Obrigada!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCara Maria,
ResponderEliminarComo tem reparado, não tenho o pretenciosismo de falar por "muitos" e essa de falar pelas massas só o Estaline, pol Pot, Lenine ou Hitler, entre outros carniceiros é que o faziam.
Há que compreender que o Macaense não começou por ser aquele que nasceu em Macau, mas o "produto" essencialmente de Portugal no Oriente, em Macau mais precisamente. Ora não existiria nunca o Macaense, e ainda a expressar-se em Língua Portuguesa, em Macau se não fosse Portugal, através da figura do Pai, pelo princípio latino, "Pater Famílias".
O bom macaense é o bom português, com TODAS as suas nuances culturais, lá por Macau ter "passado da Pátria para outras mãos" como diz o maior poeta macaense, Adé dos Santos Ferreira, não significa que tenhamos de renegar a nossa nacionalidade, a nossa MATRIZ.
Imagine por momentos, que fosse a Holanda em 1622 a tomar Macau, ou a "descobrirem" Macau, não haveria macaenses...repare nas Cinco Quinas e Cruz de Cristo em todas as bandeiras das Casas de Macau espalhadas pelo Mundo? Eu não falo em nome de maiorias, falo pelos factos reais, presentes.
Cara Maria, converse em Macau com os senhores da APOMAC, contacte os jovens da Escola Portuguesa de Macau, onde aí sim a maioria dos filhos dos macaenses estudam e registe o seu sentimento de Portugalidade.
Falemos de factos, de realidade. Há sempre minorias que fogem à regra, é natural, são opções de vida, é a cultura que têm ou não têm, é a educação que tiveram ou não tiveram, tudo isso condiciona.
O facto é que a MAIORIA dos macaenses são de nacionalidade portuguesa, e nada os impede de estudar, aprogundar e gostar de outras culturas, seja ela a chinesa, malaia, japonesa, etc... só enriquece, mas culturalmente e matricialmente são portugueses, será algum crime amar a sua Pátria Portuguesa e a Terra onde nasceram? Ou será que há gente com ideias puristas? Ou ainda há quem seja pela auto-determinação de Macau, como um Estado-Nação, livre, soberano e independente?
O problema é que esses que falam que apenas pertencem a Macau e tanto me criticam, não são corajosos ao ponto de levar avante aquilo que pensam ou não pensam, ou seja declarar Macau como o mais novo Estado soberano, livre e independente, aí só há um nome, cobardia.
O que defendo como macaense, é que há que respeitar que Macau é parte integrante da RPC e que Portugal deve ser um priviligiado actor na cooperação com a China, respeito mútuo acima de tudo, somos estrangeiros na terra onde nascemos e com muito orgulho.
Se não nascemos chineses porque é que nos querem impingir essa de ser chinês, lá porque se transferiu Macau da Pátria para outras mãos?
Nesta relação não se está contra ninguém, mas a favor desse alguém que tem o nome de Portugal. Pretendemos como macaenses-nacionais portugueses, respeito mútuo em relação aos chineses e deixar a vida andar. Lá por se ter olhos "amendoados" não se pode ser português? Só se estiver a conversar com um acéfalo, comuna/socialista ou com um nazi, que ambos é que têm essa perspectiva de sociedade.
Sds,
Caro VRC
ResponderEliminarEu não nego o seu ponto de vista. Nem o critico. Apenas encontrei outros diferentes - e também nas novas gerações, da EPM e não só...
Pelo que percebo o conceito de macaense presta-se a várias interpretações. Mas aceitar que existem outras posturas não é negar a sua. Não é disso que se trata. Julgo já ter deixado isso claro e às vezes parece-me que quando me responde simultaneamente dirigi-se a outras observações, porventura mais acutilantes que as minhas. Não pretendo provocar nenhuma espécie de mau estar e vejo que já há comentários removidos; espero não ter contribuido para espicaçar excessos... Todas as observações são úteis para mim (quando honestas); revelam apenas que há diferentes formas de sentir. Mas isso não é estar contra ninguém. Diria mesmo que pode, até, ser bastante enriquecedor. A minha curiosidade é honesta. Asseguro.
Cumprimentos e obrigada por ter respondido.
Tem razão o anónimo das 9:40, também não me revejo na visão do VRC que só defende Portugal, Portugal e quase nunca macau. Penso que o VRC não é verdadeiramente macaense mas sim só português, não consigo compreender esse espirito...
ResponderEliminarCara Maria,
ResponderEliminarFoi só devido à sua observação, creio que pejada de "pré-conceito":
"Já reparei que a postura de negar a costela chinesa, como diz, é muito recorrente. Ando a ver se consigo perceber porquê. Às vezes parece-me que é a negação da própria ideia de macaense... fico baralhada."
Ser Macaense é ser Português e não é negar costela nenhuma.
A Matriz é a portuguesa, e tudo o que vier a mais, é bem vindo e enriquecedor, digo isto porque o Macaense, para além do vulgo "Português+Chinês" é também fruto de várias outras miscigenações com outras culturas regionais, nomeadamente daquelas por onde passaram as antigas rotas comerciais do Império Português do Oriente, mas sempre com a Matriz portuguesa.
A nau leva muita gente de várias origens, credos e etc..., a bandeira será sempre a das Quinas e da Cruz de Cristo.
Uma riqueza de facto!
Fico é estupefacto com aqueles que afirmam que o Macaense não é nem português nem chinês mas sim apenas Macaense, mas para teriam de defender a autodeterminação do "Povo Macaense", coisa que não alinho, por ser integralista e realista, respeitador da história e da realidade.
«"O mostrengo que está no fundo do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: "Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?"
E o homem do leme disse, tremendo:
"El-Rei D. João Segundo!"
"De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?"
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
"Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?"
E o homem do leme tremeu, e disse:
"El-Rei D. João Segundo!"
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"»
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarQual é o Macaense que ousa criticar a Portugalidade do macaenssíssimo "Adé", José dos Santos Ferreira, o expoente máximo da poesia macaense?
ResponderEliminarNegar "Adé", é negar a macaensidade, é desconhecê-la.
Tenho dito.
O VRC não é macaense é idiota!
ResponderEliminarO Adé foi um grande poeta. Um indivíduo excepcional, e um dos grandes responsaveis da preservação do Patuá e da cultura Macaista no passado recente.
ResponderEliminarPorém, por mais excepcional que foi, temos que ser capazes de ver que Adé, por maior que tenha sido o seu coração Macaista, foi um homem, e os seus poemas nunca foram pretenciosos ao ponto de afirmar que a sua voz era a dos Macaistas ou muito menos que pregava a "verdade". Eles reflectiam a alma deste grande senhor da literatura Macaense, o seu grande coração, as suas paixões, mas também as suas inseguranças e conflitos.
Como, calculo, a todos os Macaistas, a transição obrigou a que a questão da identidade fosse pensada de forma mais profunda- situação que raramente foi posta em causa, porque a história de Macau é l de paz, harmonia e convivência (tirando algumas excepções pontuais na história, naturalmente, que não fazem, de todo, a regra)
Acredito que Adé viveu esta crise como todos os Macaistas. Eram tempos de receio e insegurança, por se saber que aí poderia surgir uma nova realidade, diferente e que poderia por em causa a "essência" desta terra.
O que vou dizer a seguir é apenas uma reflexão pessoal. Falo, portanto, apenas por mim, sem pretenciosismos de pregador da verdade.
Existia, de facto, tristeza na comunidade. Temia-se que esta mudança simbolizasse a partida definitiva do "Pai" e de que nos fosse imposta a negação da nossa costela portuguesa. Quem ler isto que não interprete esta afirmação como qualquer espécie de amor patriótico Português, atenção. A costela Portuguesa macaista, a meu ver, nunca deverá ser confundida com qualquer espécie de Nacionalismo português, do genero daquele sentimento do emigrante Português dcujo objectivo de vida é querer ir para Portugal Continental e construir a sua quinta em Trás os Montes. Falo da costela cultural, das tradições locais, dos ritos, da língua e das manifestações religiosas. Pessoalmente, como macaista, a transição trouxe-me o receio da negação da "alma de Macau" e da sua costela cultural de origem portuguesa.
Temia, como Macaista, a morte do Português como lingua, a perseguição e de racismo com a mudança de soberania- no fundo, que a nossa "Mãe" nos obrigasse a negar tudo o que o nosso "Pai" nos deu e ensinou. Que negassemos parte do que somos.
Pois bem. Nada de mais errado. Portugueses? Muitos continuam por cá, e outros vieram no lugar dos que foram, para trabalhar, seja na administração, na justiça, na área da arquitectura e costrução, etc... O sistema juridico continua de matriz portuguesa... Ao contrário do que se temia, a nossa "mãe" sempre percebeu o que é "Macau" e, com isso, o papel dos Macaistas.
Hoje, Mais estudantes do interior da China vêm a Macau aprender português na Universidade,e é notório o esforço do Governo no desenvolvimento de laços com os paises lusofonos... Se mais não é feito não é por falta de recursos virados para as inumeras instituições s e departamentos governamentais criadas para o efeito, mas sim por falta de competência de alguns responsaveis- mas isso é tema para outra conversa...
Querem um exemplo mais imediato? O folclore português e a Tuna, imaginem, estarão na abertura dos jogos Olimpicos de Pequim...Quem diria?
Todas as portas estão abertas para que "o pai" aqui possa residir, visitar, e manter laços que duram à mais de 450 anos. E, a nós? Não sei se leu a entrevista do Dr Freitas no Hoje Macau- "Os Macaenses são mais respeitados". É verdade.
Embora discorde com a utilização da palavra Macaense- que como devo ter feito entender nos meus outros posts (facilmente identificaveis pelas gralhas de comentador com preguiça no preciosismo gramatical no mundo dos Blogs, mas de estilo facilmente identificavel....julgo eu) considero pessoalmente como uma palavra que deveria representar todos os cidadãos de Macau, independentemente da sua local de nascimento e que vejam este espaço como a sua casa e a sua terra de coração - e goste e ache mais correcta a utilização da palavra Macaista para definir o mestiço de Macau, a verdade é que concordo com o a sua análise: Como Macaistas, somos mais respeitados. Aliás, pela primeira vez na história, a meu ver, foi nos dado o reconhecimento de sermos um dos motores fundamentais da identidade do território- da sua identidade cultural. Como exemplo, a condecoração da Tuna pelo Chefe do Executivo, por exemplo.
Quer que lhe diga o que lamento?
Como macaista, apenas lamento que o nosso "Pai", pelas suas constantes atitudes vergonhosas- esta ultima do IPOR, então, inacreditavel-mais e mais mostra que se se está a borrifar para este "filho". E, devo dizer que, com a quantidade de "pretendentes" que a nossa "mãe" tem, até é bastante parvinho, falido como está.
O que temo? Que a nossa "Mãe" possa ser cada vez mais seduzida pelos charmes dos seus pretendentes e acabar por nos arranjar um "padastro".
E está aí um a fazere-se, e bem! Já nos traz uns bons presentes, como o Circo, o Basketebol, as Beyoncés e Celine Dion's...
Do you know what I mean?
As habituais correcções aos erros mais, aham, "evidentes":
ResponderEliminar"considero pessoalmente como uma palavra que deveria representar todos os cidadãos de Macau, independentemente da sua local de nascimento e que vejam este espaço como a sua casa e a sua terra de coração"
Deverá ser lido como,
palavra essa que, a meu ver, deveria significar a identidade de todos os cidadãos de Macau, naturais e não naturais que tomam este espaço como "a sua terra"
E, naturalmente...
"Fazere-se", será "fazer-se". Ái a minha professora de português que ainda cá está... Que grande raspanete levaria! Viva o "anónimo" !
Bem que confusão sobre o termo "nacionalismo".
ResponderEliminarNacionalismo significa AMOR PELA NAÇÃO. A NAÇÃO É O SANGUE (Portugueses, a sua comunidade) e a PÁTRIA é a TERRA, Portugal.
Ser nacionalista é querer regressar e construir uma casa na provincia???
Bem, sei que há gente mal informada e preconceituosa sobre o termo, nada lhes poderei coagir para perceber, mas ao menos indicar o caminho para maior entendimento sobre o assunto.
Por outro lado, não concordo com aqueles que acreditam num mundo sem Pátrias. O mundo está cheio de Pátrias, e a Minha Pátria é Portugal, talvez, a Mátria seja a Língua Portuguesa.
Mais vale um mau pai do que um bom padrasto.
ResponderEliminar"Nacionalismo significa AMOR PELA NAÇÃO. A NAÇÃO É O SANGUE (Portugueses, a sua comunidade) e a PÁTRIA é a TERRA, Portugal."
ResponderEliminarMuito bem, seguindo o seu raciocinio, os Angolanos ou os Ucranianos que nasceram aí já não serão portugueses, por não terem o "sangue".
Gerações de Angolanos, Cabo-Verdianos, Ucranianos, etc- portadores de Bilhete de Identidade Português, a seu ver, não poderão fazer parte da Nação. Aliás, nem se poderão afirmar como "nacionalistas" dado não terem "sangue" português, sendo automáticamente excluidos da Nação.
Não será uma visão um tanto ou quanto... Racista e Fascista?
Meu caro, quando se refere Pátria é a Terra, é o solo, e Nação o sangue, não é o líquido mas sim as pessoas!! Será assim tão difícil de entender ou será mesmo má fé?
ResponderEliminarPátria = Portugal
Nação = Portugueses
Em qualquer parte do mundo se vê pessoal de atendimento ao balcão mal educado/a! Isso depende do caracter e formação de cada um.
ResponderEliminarEm qualquer organização também tem responsáveis acima desses imbecis, e não fazem nada?
Quem observou tanta má formação e guarda-os como segredo para vir acusar toda uma comunidade?
Todos os países têm prisões e esses povos são assassinos e ladrões? Que disparate.
Pensa antes de falar e pensa antes de escrever, pois as maldades (como as bondades) transparecem-se nos olhos.