quarta-feira, 30 de abril de 2008
A educação e a bandeira
Um grupo de cidadãos entregou na AL uma petição no sentido de tornar obrigatória a presença da bandeira chinesa em todas as escolas de Macau em dias de aulas. Este grupo de patriotas representados por uma senhora que preferiu manter o anonimato (porque será?) acha que não tem sido feito o suficiente para elevar o patriotismo entre os jovens, e pedem a aplicação directa da “Lei da Bandeira Nacional da República Popular da China”.
Fong Chi Keong, presidente do comité da AL, afirma que não se vai alterar a actual lei que regula a exibição dos emblemas nacionais ou regionais. Considera que o sentimento patriótico deve ser promovido entre os jovens, e garante que se vai agir nesse sentido junto das instituições de ensino. “Há uma vasta variedade de estabelecimentos de ensino em Macau e algumas das escolas não têm equipamentos suficientes”, afirmou. Lá se fala algum senso.
Para estes patrioteiros, a bandeira resolve todas os problemas do ensino em Macau. A criminalidade juvenil, a violência nas escolas, o abandono escolar, o limitado acesso ao ensino gratuito, a parca qualidade do mesmo, ficam logo neutralizados com o içar da bandeira. Não sei qual o objectivo deste grupo, se provar que são muito patriotas, se esperam algum tipo de contrapartidas ou se simplesmente o facto de muita gente preferir o tal segundo sistema, lhes faz ainda muitas cócegas.
Não que eu tenha algo contra os símbolos nacionais da República Popular da China, não senhor. E vou até mais longe: como estamos na RPC propriamente dita, por mim a bandeira devia estar por toda a parte, o hino devia ser tocado todas as manhãs e claro, os jovens deviam aprender a amar este país que também lhes pertence. A RPC tem feito mais por mim do que o meu país de origem já alguma vez fez, e orgulho-me de ser cidadão permanente de uma Região Administrativa especial da RP China.
É que o simples facto de ter uma bandeira lá no alto para que toda a gente se lembre onde está, não é só por si um sinal de soberania. Quando Neil Armstrong caminhou na Lua e lá espetou a bandeira norte-americana, isso não deu aos yankees o direito de reclamar o satélite natural da Terra como seu, e só seu. Mais do que ter lá a bandeira é preciso assumir a responsabilidade de conduzir com eficácia os destinos do território.
Se há algo que profundamente me irrita é ver nos noticiários os tais fulanos que queimam bandeiras. Os palestinianos, por exemplo, adoram queimar bandeiras dos Estados Unidos e Israel, assumindo que tacando fogo a esses pedaços de pano estão a neutralizar de vez a honra e soberania daquelas nações. Mais do que "ofensa aos símbolos nacionais", os queimadores de bandeiras deviam ser presos por perturbação da ordem pública e tendências piromaníacas.
Mesmo quando vejo a bandeira nacional (de Portugal) em qualquer sítio remoto do mundo ou aquele puto indonésio que sobreviveu ao tsunami de 2004 com a camisola da selecção das quinas acho piada. Acho tanta piada como ao meu gato quando tenta apanhar os carros de Fórmula 1 no televisor. Não, não me rola uma lágrima pelo rosto nem me enche de orgulho, nem desato a cantar o hino. É só uma bandeira, bolas.
Já bastou quando depois da transição o Governo gastou milhões em minhoquices, quando mudou placas, plaquinhas, carimbos, selos, indicações toponímicas e tudo mais. Que sentido faz o chinês "vir primeiro", se os chineses vão só ler o chinês e os portugueses só o português? Mesmo os meus amigos chineses consideraram isto um desperdício de tempo e meios. Se era para mudar por mudar, mais valia ficarem quietos.
Ensinar o significado da bandeira, do hino, dos outros simbolos nacionais e a História do país é importante, pois claro. Mas mais importante é preparar os jovens para que sejam elementos úteis à sociedade, que desenvolvam uma maior capacidade de raciocínio, que tenham uma cultura geral mais vasta. Pensar que ver a bandeira da RPC içada na Escola Portuguesa de Macau, por exemplo, é um xeque-mate no campo da soberania, é fanatismo retrógrado.
Não sei porquê quando li esta notícia na imprensa de hoje, lembrei-me de um episódio que se passou pouco depois da transferência de soberania. Um cidadão tão alarmado quanto mal informado telefonou para o tal fórum matinal do canal chinês da Rádio Macau exigindo explicações para o facto da bandeira portuguesa "continuar içada no Edifício do Hospital de S. Rafael", que como se sabe é actualmente a sede do Consulado Geral de Portugal. "Mas agora não somos parte da China?", perguntava enfurecido. Ó meu amigo, somos pois. Educai-vos.
Ó leocardo,
ResponderEliminarjá não mantém o seu blá blá quanto a Macau ser uma Região Administrativa ESPECIAL, com elevado grau de autonomia, governado pelas suas gentes,uma sociedade harmoniosa....
Lembra-se de um comentário seu a de 13 de Março? "Explique lá melhor"...
Ora nesse texto disse: "e Macau não é "a República Popular da China". Macau é uma Região Administrativa Especial com um elevado grau de autonomia, governado pelas suas gentes, etc, etc já todos conhecemos este paleio." (SIC).
Foi o Leocardo que proferiu tais palavras...
Para a bandeira isto é República Populaar da China, para a sua mulher e filhos, isto é a R.A. ESPECIAL(íssima) de MAcau, que não é RPC...
Por favor...
Adeus!
"A RPC tem feito mais por mim do que o meu país de origem já alguma vez fez, e orgulho-me de ser cidadão permanente de uma Região Administrativa especial da RP China."
ResponderEliminarAgora onde é que eu digo que Macau não é uma RAE? E reitero: Macau NAO É a RPC. Satisfeito? Cada um...
Olá,
ResponderEliminarDescobri este blogue através do Postas do Oriente. Estou em Macau 3 semanas por motivos profissionais e resolvi descobrir blogues daqui. Desde então venho cá espreitar com frequência. Sou portuguesa mas vivo em Bruxelas e confesso que os meus conhecimentos de Macau, para além da geografia, história do tempo dos descobrimentos e casinos... era/é muito reduzida. Constatei no entanto que os jovens adultos macaenses por vezes também não sabem muito e o que mais me espantou foi saberem tão pouco sobre a China, com a transferência de soberania etc... De facto parece-me que deve ser feito um esforço através do ensino, aliás esse é um problema que existe na Europa também, nomeadamente em Portugal. Peço desculpa pelo comentário tão longo. Vou continuar a ler o que escreve e descobrir mais sobre Macau, aqui e não só, claro. Cumprimentos, Sofia
Caro Leocardo,
ResponderEliminarNão desconverse. Não se discute, aqui, a Bandeira da RPC em todos os estabelecimentos de ensino em Macau?
Ninguém esta a negar que que Macau é uma RAE, pelo contrário. Uma RAE da RPC.
Já agora, o Leocardo remata com uma belíssima pérola, e reitera: "Macau não é a PRC. satisfeito" (sic)
Se não é, qual a razão do seu Post? qual a razão de quererem a bandeira da RPC hasteada?
não se percebe, sinceramente... cada um....
ADEUS!
Lol. O sr. anónimo está a tentar baralhar mas está a ficar baralhado. E não, não se discute aqui a Bandeira da RPC em todos os estabelecimentos de ensino em Macau. Isso é indiscutível. Discute-se sim que não há qualquer necessidade de entregar petições nesse sentido, porque como disse o deputado Fong Chi Keong (leia a notícia), isso já acontece. O que eu esperava (e espero) é que se entreguem petições - e quantas mais melhor - a pedir melhores condições para o ensino em Macau, meios para combater a delinquência juvenil, etc. Se calhar entendeu mal. Releia.
ResponderEliminarÓ anónimo vá mas é apanhar caracóis. Mas quem é que está aqui a falar de designações e soberanias? V. Exa. deve ser daqueles patriotas de circunstância que antes só falava mal e agora só vê vermelho à frente. O Leo desculpe lá o desabafo mas este anda a pedi-las.
ResponderEliminarVá lá, todas as opiniões são válidas. Este é o NOSSO Bairro do Oriente, eu sou apenas o moderador. Ide com Deus.
ResponderEliminarTanto orgulho nos "outros" que acarinham os seus símbolos e tanto desprezo pelos nossos...deve ser do contágio daquelas pestes belgas... "Brussels makes me sick" ... ou algum complexo de inferioridade ... aquele provincianismo de que tudo o que vem de fora é que é...
ResponderEliminarViva Portugal, neste dia tão bonito de São José Operário!
Para mim podem chorar bba e ranho quando vêm a bandeira que não me enganam. Há anos quando fugiram de lá nem olharam para trás. Hipócritas
ResponderEliminarÉ estupido a bandeira da RPC estar hasteada em Macau. Afinal, Macau é uma RAE com elevado grau de autonomia, governado pelas suas gentes. Não é R.P. da China! Da mesma maneira que antes de 99, a bandeira desfraldada era a Portuguesa, símbolo do Estado-Nação, da qual Macau era Parte integrante. Agora é só Macau,não é RPC. Aliás, nem sei porque é que a sra. escolheu a bandeira da RPC. Podia ter antes escolhido a bandeira dos EUA, já que Macau é tão da RPC como dos EUA.
ResponderEliminarADeus
Ah,
ResponderEliminarPara o farol da Guia. Se tiver oportunidade leia a inscrição à entrada da fortaleza do monte. Eu, sou um soldado da Pátria.
O que pretendo chamar a atenção, à completa indiferença que se sente aos ataques à memória lusa de Macau.
Os chineses são nacionalistas (racistas, mesmo), e juntam-se quando atacam a R.P. da China. Os chineses cuidam e preocupam-se com a grandeza e prestigio do seu Estado. Percebam, Portugueses em Macau, são voces, Portugueses, que têm de cuidar dos teus próprios símbolos!
Viva Portugal!
Adeus!
Queremos uma bandeira com a figura do vitorio em todas as reparticoes publica!
ResponderEliminarCaro Anónimo último,
ResponderEliminarE isso quereria dizer o quê? A reintegração de Macau como território nacional português? Se me dessem a ESCOLHER seria essa a minha opção e a sua? Após reintegração eu faria questão de substituir a minha figura pela amada Bandeira das Cinco Quinas, da Cidade do Santo Nome de Deus, Macau.
Ao Anónimo das 23:46, bem dito, muito bem! Muito bem!, Apoiado!