sexta-feira, 21 de março de 2008

Direito ao chão


Uma das vantagens da chegada da Primavera é poder acordar mais cedo e fazer o caminho para o trabalho a pé. Torna-se ainda melhor no Verão, acordo por volta das 6 da manhã e tenho a oportunidade de gozar a frescura do ar matinal.

Mas tem sido cada vez mais difícil. Hoje Macau não é igual a Macau de há alguns anos. O caminho para o trabalho que dantes era tranquilo é agora superpopulado. O caminho de onde vivo para o centro da cidade é atribulado, e a disciplina dos transeuntes é no mínimo lastimável. Desde os idosos que se movem com dificuldade nos passeios mais estreitos, às senhoras que param na rua para conversar, aos casais de namorados e famílias de mãos dadas que ocupam a via pública, ou aos cidadãos alienados de olhos no telemóvel que ignoram a gente que passa.

Falta à hora de ponta de Macau a mesma disciplina de que gozam as grandes cidades, como Hong Kong ou mesmo Lisboa. Todos em fila, sem parar, direitinhos ao trabalho ou à escola. O Largo do Senado é exemplo disso, com dezenas de turistas que aproveitam os primeiros raios de sol para tirar fotografias, e onde se torna bastante difícil ter um pouco de chão para andar. Tenho saudades do meu chão, aquele que pisava livre e alegremente. E o meu direito ao chão?

Publicada em Leocardo em 21/03/2007

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