domingo, 24 de fevereiro de 2008
Perdido no supermercado
Muitas vezes pergunto-me: porque será que quando digo que vou ao supermercado e volto em cinco minutos, acabo sempre por demorar mais de meia hora? É culpa da maldita concorrência, isso sim. Da economia de mercado. Queriam uma vantagem de viver num regime comunista? Aí têm. Que desplante, os milhares de marcas disto e daquilo garantirem que são melhores que as outras.
Por exemplo, hoje. Saio para fazer "umas compras". Sempre meia dúzia de coisas que fazem falta. Uma vez no supermercado penso sempre "isto vai dar jeito" ou "podemos comer isto hoje à noite". A maioria das porcarias que se compram sem fazer falta acabam sempre no lixo. Então e na minha lista de compras? Bebidas, leite (eu sei que também é uma bebida, mas à parte), cotonetes e batatas fritas.
As bebidas foi a parte mais fácil. Sumol de ananás para o pequeno almoço, o excelente Luís Pato, das Beiras (falo de vinho tinto, para os menos informados), água tónica Schweppes (não há outra), das Pedras para a senhora e Fanta para os miúdos. Mesmo assim trouxe uns sumos da Dole nem sei bem para quê. Aí está, o nojento fantasma do consumismo.
Quanto ao leite, a escolha é muito mais complicada. Se tivessem Mimosa ou Dairy Farm estava o problema resolvido. As marcas chinesas, digam-me o que disserem, não merecem a minha confiança. Mesmo aquela que garante que manda astronautas ao espaço. Entre a Anlene, a Magnolia ou a Dutch Lady, sei lá, venha o diabo e escolha. Prefiro a Paul's, sempre é subsidiária da Parmalat. Ah sim, e aprendi um truque para fazer o mais novo beber leite: "viste o que aconteceu ao Eduardo? Foi porque ele não bebia leite". Uma mentira branca. Como o leite.
A seguir os cotonetes. E que complicada pode ser a escolha! Garanto que fiquei pelo menos cinco minutos na secção dos cotonetes para me decidir que marca devia comprar. Para que se perceba melhor, existem pacotes de 100 e de 200. Alguns pacotes de 200 custam entre 3 e 5 patacas, enquanto um pacote de 100 da Johnsons custa 19 patacas! O que quer dizer isto? Os primeiros podem fazer-me surdo enquanto os da Johnsons podem-me dar orgasmos múltiplos? Decidi-me por uma marca que custa 5 patacas uma embalagem de 100. Um meio termo, vá lá.
Finalmente as batatas fritas. E cheguei a uma conclusão a que já devia ter chegado à muito tempo: as melhores são as "plain" (sem sabor) e da Lay's. A desilusão suprema aconteceu quando na semana passada comprei um sabor novo da Pringle's, o "Guacamole & chili". Existem também o "Sour cream & onion", o "Jalapeño", o "BBQ", etc. etc.. Chegou a altura de dar um murro na mesa e dizer basta! Batatas com sabor a batatas. Batatas e sal. Lembram-se da "Pala Pala"? Ou da "Doro"? Ah...belos tempos.
Saí do supermercado apreensivo. E os pobres, que não têm por onde escolher? Será que bebem água da torneira? E que leite compram? Um amigo meu dizia-me que às vezes os pobres bebiam água de lavar o arroz como substituto para o leite. E será que compram cotonetes que se partem dentro do ouvido? E será que sabem o que são batatas fritas? E tantas vezes nos queixamos da sorte...
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