sábado, 16 de fevereiro de 2008

Brigada anti-pornografia


Eu pessoalmente não gosto de pornografia. A sério, não estou a dizer isto para me armar em intelectual ou para me considerar superior, simplesmente considero os filmes pornográficos e a pornografia em geral uma perda de tempo. Primeiro porque sou um amante da sétima arte, e se alguns filmes mal realizados ou interpretados já me incomodam, o que dizer da pornografia? E quanto a revistas, fotografias, ou este site, se por acaso me quiser auto-gratificar (sim, e também sou humano) tenho outras formas, uma vez que não me falta imaginação. Mas posto isto, a pornografia é um direito. Tem o seu espaço, e a possibilidadede estar acessível a qualquer adulto é simplesmente inegável. E aí está o busílis da questão: a qualquer ADULTO, maior de 18 anos.

Não que os jovens não tenham também acesso à pornografia. Como se sabe, as hormonas começam a saltar feito pipocas lá pelos 13 e 14 anos, e quem vai dizer a um jovem que sofre com uma cara cheia de borbulhas e outras erupções nos locais mais estranhos que não pode descobrir o seu próprio corpo? É quase uma crueldade digna dos Taliban proibir qualquer contacto dos jovens com a sexualidade até à idade do consentimento. E é a responsabilidade dos pais encaminhar os jovens na direcção certa. Não do Governo, da escola ou dos amigos. Dos pais. São os pais que têm que explicar ao menino que é "natural" que ele se sinta atraído pela "bunda" grande da tia, ou não consiga deixar de olhar para os pézinhos da prima ou da vizinha do lado, caso tenha um fetiche precoce.

Isto tudo a propósito da recente polémica que envolve um grupo de celebridades de Hong Kong, que por razões que são muito mais estranhas do que se possa pensar, realizaram há alguns anos um "photo shooting" privado, que veio a transpirar para o grande público, graças às maravilhas das novas tecnologia. Há dias um amigo meu dizia-me que isto nunca tinha acontecido na era das fotografias de rolo. Sinceramente acho que isso pouco interessa. Quem tira fotografias nú ou a ter relações sexuais nunca pode pensar que as fotografias nunca serão vistas por quem quer que seja. Quem pensar o contrário só pode ser atrasado mental. Outra amiga minha dizia-me no outro dia que "nunca tirou fotografias nua ou em poses 'sexy'". Porquê? Razão principal: "outras pessoas podem ver". Touché.

Mas o que mais preocupa as autoridades deste e do outro lado é o facto dos jovens terem acesso a estas fotografias. O que fazer? Em Macau as cabecinhas pensadoras acham que a lei está desactualizada, é de 1978, não previa o aparecimento da internet, etcetera, etcetera. Gostava de deixar claro que se esta eventual legislação for benéfica e com o intuito de proteger os mais jovens das sujas perversões por vezes características do mundo dos adultos, se for para proteger as crianças da pornografia, de acordo, assino já. Se for para instaurar a censura, é mau. Só cá faltavam os Mutaween ou a PIDE para entrar pela casa do cidadão e dizer-lhe o que deve e o que não deve ver. Já imaginaram uma autêntica rede que sabe exactamente por onde o cibernauta anda? Que sites vê? Há quem defenda que já exista, mas eu prefiro nem imaginar.

Além do mais, este escândalo é da inteira responsabilidade dos tais actores e actrizes. É para eles que os jovens olham de baixo para cima, são eles o arquétipo da juventude. Será que quando cantam pensam que os jovens não ouvem o que eles dizem? Não são os jovens que compram os seus discos, procuram as suas letras, compram as revistas em que eles aparecem, vêem os seus filmes, e, no fundo, enchem-lhes a conta bancária? E depois ainda vêm falar de privacidade. Não me lixem. Querem vida privada vão exercer uma outra profissão liberal, ou enfiem a carapaça numa repartição de finanças ou outro buraco qualquer onde tenham o consagrado direito à "vida privada". Sim, as fotografias são um escândalo. E sim, é natural que as pessoas queiram ver, que tenham uma curiosidade mórbida, que se embriagem de sensações "voyeuristas". Não sois suficientemente bem pagos para vos portardes bem?

Nada de alarmante, portanto. O pior foi ver aquela sonsinha das Twins vir dizer que era "ingénua", e que pensava que aquele buraquinho só servia para fazer chichi e não sei quê. Eu vi as fotografias, e sinceramente, ingénuo sou eu. E que culpa têm os nossos jovens? E nós? Não sei que legislação se pode produzir agora de repente, que as celebridades foram atingidas. Cai o céu em cima da cabeça dos meninos bonitos do canto-pop de Hong Kong e pimba, toca a achar que isto é muito grave e não pode ser, e já chega, etc. Antes até parece que não tinha importância, e que não se fazem leis para os pobres. Não sei se isto é produto da célebre "paciência de chinês", em que se deixam as coisas andar até ao dia em que tudo rebenta, e que se perde a face. O que penso? Que as etiquetas de "interdito a maiores de 18" nos clubes de vídeo e o "M" no canto superior do ecrã da TV chegam muito bem.

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