quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Ao todo poderoso


O administrador da H. Nolasco, Frederico Nolasco, foi ouvido ontem no TJB, naquela que foi a segunda sessão do julgamento do caso que, além deste empresário, são arguidos, além de outros empresários do ramo da construção, familiares do ex-secretário Ao Man Long, caído em desgraça, detido em Dezembro de 2006 e julgado o mês passado por vários crimes de corrupção e branqueamento de capitais.

O depoimento de Frederico Nolasco no seu próprio julgamento foi interessante, talvez mais interessante do que a maioria dos depoimentos recolhidos durante o julgamento do próprio Ao Man Long. Nolasco fez um retrato de Ao que não difere muito dos anteriores feitos por outros envolvidos neste processo: era um homem frio, calculista, quase como um estratega vil e astuto, que gostava de fazer as coisas à sua maneira e não gostava de ouvir um "não".

"Não era um indivíduo que gostasse de ouvir 'não', mesmo da parte dos familiares. Sabia que era um indivíduo que gostava que as coisas fossem feitas à sua maneira, não gostava de ser contrariado e sabia que era um indivíduo com poder na sociedade"(...)"

F. Nolasco alegou que "nunca quis nada de Ao", mas que este podia 'fazer a vida negra' à CSR. Segundo o arguido ouvido ontem no TJB, terá sido o ex-secretário que entrou em contacto com ele, lembrando-o da sua passada 'generosidade' e exigindo pagamentos e comissões diversas. Nolasco descreve mesmo um episódio em que Ao terá perdido a paciência: "Vocês estão a brincar comigo. Isso nunca aconteceu com nenhuma empresa a que eu estava ligado. O melhor é não me irritarem mais".

"Segundo Nolasco, tudo começou entre Agosto e Novembro de 2005, quando Ao Man Long contactou o empresário, pedindo-lhe para falar com ele. Na conversa deu a entender que a CSR já trabalhava há muitos anos em Macau, que ele sempre a ajudara e que "achava estranho que a empresa nunca lhe tivesse pago qualquer atenção". Nolasco quis saber a que tipo de atenção o então secretário se referia a Ao não terá tido papas na língua: estava à espera dos cinco por cento do valor dos contratos para os projectos."

Depois de profunda reflexão, F. Nolasco terá feito "o melhor" para os interesses da empresa e dos seus quatrocentos assalariados. Sentindo-se encostado entre a espada do ex-secretário e a parede, optou por pagar. Sabe que errou, mas apenas para evitar problemas à CSR, mas nega interferência na obtenção de contratos. Pagou para sobreviver, nada mais.

"(...) segundo Nolasco, os pagamentos não foram para obter vantagem, mas apenas para evitar os "problemas" que Ao podia causar à empresa, como por exemplo "arranjar formas de suspender um concurso", "dar instruções para não assinar contratos" (..) "Não queríamos facilidades do engenheiro, mas também não queríamos que ele estorvasse as nossas operações"(...)"

10 comentários:

  1. Ó leocardo, o Nolasco ou pagava ou perdia o impériozinho que construiu. Pagou, eu no lugar dele fazia o mesmo, e agora está tramado. Isto faz parte da lei da sobrevivência, o que o choca tanto?


    Um Abraço do Armando

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  2. Nada me choca. Indique onde revelo choque, ou mesmo surpresa? Agora não me diga que o Armando "já sabia" disto tudo antes das revelações do sr. Nolasco...

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  3. Só quem não conhecia o Ao Man Long é que não sabia disto. O Engº até tinha as suas virtudes, de bom trato comigo, por exemplo, mas era um tubarão no negócio. Um "esperto" que sabia utilizar o seu posto e poder. O Dubi é um tipo porreiro e os gajos de HK não brincam em serviço. Meteu-se no meio e tramou-se.


    Um Abraço do Armando

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  4. E não há quem pergunte quem são os outros administradores e sócios da CSR?

    Será que foi deliberado em reunião da CSR que seria apenas o Dubi a representá-los como arguido no processo ficando os outros administradores ou sócios livres de responder pelo crime de corrupção activa?

    É impressionante.

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  5. Caro Armando,

    O homem vai pagar por tudo o que fez (e bem), mas então e o resto da cambada? Você argumenta que "só quem não conhecia o Eng. é que não sabia disto", e eu pergunto, então e o chefão todo poderoso, amigo de longa data e que o nomeou para o cargo?? Não tem de assumir o mínimo de responsabilidade neste caso?? Das duas uma, ou sabia de tudo e era acusado de cúmplice, ou não sabia de nada e então era acusado de ser um enorme incompetente que nem foi capaz de notar o enorme elefante escondido durante anos debaixo da carpete bem em frente do seu nariz...
    É uma vergonha o estado de podridão silenciosa a que isto tudo chegou...

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  6. Ó deolinda, o chefão não é o óraculo - não vê tudo e sabe tudo. Suspeitava com certeza e foi por isso que CCAC andou a sniffar. Mas o Ao mMn Long também não era parvo e só começou a dar nas vistas no fim da sua vida política.


    Um Abraço do Armando

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  7. Então não foi o caro Armando que disse que só quem não conhecia o Ao Man Long é que não sabia disto? Então e agora já acha que é preciso ser o oráculo para saber o que se estava a passar?

    Em que ficamos?

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  8. Anónimo, muito educadamente lhe digo que, uma coisa é saber, outra coisa é provas nos tribunais. Foi o caso.

    Um Abraço do Armando

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  9. OUMUN TERRA DE MIL ENCANTOS...

    Conheço algumas pessoas, que por inerência do serviço se viam na contingência de despachar com o Sr. Eng. AO MAN LONG, e aos quais ouvi dizer várias vezes que esses dias eram verdadeiros pesadelos, lembro-me inclusivé de ter ouvido que "aquele que se seguir será concerteza melhor que o ditador "miniatura".
    O medo parecia reinar e, como tal o silêncio impunha-se.
    Um bom fim de semana para todos.

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  10. Caros bloggers....
    Como é possível o Sr. Nolasco ter uma pena tão elevada ? E os restantes sócios da CSR? Hein?
    Isto foi tudo politiquices.... à quem diga que nunca se deve confiar em mulheres... secalhar...
    O Sr. Nolasco foi manipulado !

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