segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Sorry, no sorry


Au Kam San não pede desculpas pelas afirmações que proferiu na passada quarta-feira na AL. O deputado democrata defende-se, garantindo que as suas afirmações são baseadas em “factos”, e que se dirigia às classes priviligiadas que governam Macau. Au compreende no entanto que a palavra “roubo” possa ter ofendido as susceptibilidades de alguns, mas que nunca teve a intenção de chamar os portugueses de “ladrões”.

Au dá também dois exemplos de apropriação indevida de dinheiros públicos durante o tempo da Administração Portuguesa. A criação da Fundação Jorge Álvares, em que o último governador de Macau transferiu 50 milhões de patacas de receitas para um fundo privado, ou a própria Fundação Oriente, suportada também por impostos do jogo. Sem dúvida bons exemplos que se reportam às últimas três ou quatro décadas de jugo colonial. Fica mais difícil, no entanto, para o sr. deputado dar exemplos dos quatro séculos anteriores.

Também o Novo Macau Democrático (NMD), associação pela qual Au Kam San foi eleito para a AL, diz através do seu vice-presidente Cheong Su Kin, que as afirmações de Au "foram mal interpretadas", e que "não visavam ofender a comunidade portuguesa" e além disso não se dizia "roubo" num sentido literal, uma vez que se insiriam num "contexto histórico", e que se referiam à angariação de recursos por uma potência colonial, portanto, "perfeitamente normal". E assim já podemos dormir mais descansados. Como poderíamos roubar o que já era nosso?

Fica no entanto por esclarecer a posição da "outra parte" das afirmações de Au. Afinal o digníssimo deputado disse que estes governantes "conseguiram roubar em 8 anos mais do que os portugueses em 400". Isto é, na proporção de 50 para 1. Será que isto não os incomoda?

7 comentários:

  1. Mudando de assunto, terei sido o único a reparar que a jornalista Rosa Serrano ressuscitou a Checoslováquia no telejornal de sábado passado, dia 8, na peça relativa à cimeira Europa-África a decorrer em Lisboa? A dada altura, afirmou que «os presidentes da Checoslováquia» e de outro país que já não me lembro tinham dito não sei o quê em relação a Robert Mugabe! Vi duas vezes essas imagens e foi mesmo «Checoslováquia» que ela disse!

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  2. Muito deve o Senhor Au, deputado à Assembleia Legislativa, a Portugal e aos Portugueses:

    1. Ter tido acesso a um "tacho" (AL) criado por portugueses e da lusa multisecular tradição;

    2. Ter a possibilidade de concordar ou de discordar dos assuntos da Cidade;

    3. Ter acesso ao modus vivendi português e beneficiado da tradição universalista portuguesa;

    Enfim, de ter sido sustentado e apoiado pelas lusas e imperiais instituições de Macau, tal como outros multi-milionários residentes na Cidade. Como todos sabemos, pela ironia do destino, duas instituições portuguesas foram citadas ou mal citada...essa é outra guerra.
    Graças a Deus que o Embaixador Pedro Moitinho de Almeida está em funções em Macau, caso contrário tenho as minhas dúvidas que houvesse uma tão rápida intervenção do Estado Português. Bem haja.

    Estas historietas fazem-me lembrar os insultos de uma jornalista chinesa (do continente) que trabalhava na TDM e que a 4 horas antes de bater as 00 horas do dia 20 de Dezembro de 1999, mandou-me a boca que estava na hora de eu e os restantes portugueses voltarem para a nossa terra. Só se calou quando recordei que só a minha família por inúmeras vezes amparou os imigrantes ilegais que vinham fugidos e vieram dar à lusa costa macaense e que a minha família está em Macau enraizada há mais gerações do que esses novíssimos todos juntos que começaram a inundar a Cidade nos meados dos anos 80.

    Essa gente ingrata, há-de um dia pesar a consciência, ou senão coitada, é pobre de espírito e não há nada a fazer e nem conta para o baralho, como diz e bem as autoridades chinesas.

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  3. Por mais que possamos dizer, a terra é ´deles´ e já nada volta atrás. O encanto de Macau já era....neste momento só a árvore das patacas é que ainda tintila, o resto? Ou se entra no jogo ou é iliminado!

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  4. Para se ser um bom realista, a primeira coisa a entender-se muito bem é que a terra é desde há oito anos "deles" e respeita-se com profundidade e sem contestação.
    Mas nada me impede de falar de factos passados, da História que é "de facto" Nossa. Mas nada me impede de analisar tudo o que eles hoje "de facto" herdaram.
    Se Macau não fosse português, talvez o Sr Au pudesse hoje estar a estribuchar pelo Continente, ou até a habilitar-se que família tivesse de pagar pela bala para lhe dar um enterro condigno.

    Será que nunca ninguém comparou Macau com Berlim Ocidental e Zhuhai com Berlim Oriental? Ou melhor ainda, Macau como parte integrante do Ocidente e o Continente do Bloco de Leste?
    Já passearam pelo Canal dos Patos, ou avistaram o arame farpado do lado da Ilha Verde?

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  5. Com democratas como este, o PCC pode dormir descansado, em Macau nãoi teremos tão cedo ninguém a manifestar-se por democracia, não queremos mudar, estamos melhor como estamos, a alternativa democrática de Macau é uma anedota.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Às vezes faz sentido inquirir sobre os conceitos e modelos de Democracia que almejam...
    Dado a escolher o que preferirão as pessoas Liberdade ou Democracia? Certamente que a minha opção será a primeira, Liberdade "de facto".
    Para os que têm interesse em aprofundar estas questões poderão lêr aqui - http://lusavoz.blogspot.com/ - um interessante debate entre um Conservador tradicionalista e um Liberal sobre estas questões da Democracia, Liberdade e Soberania.

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