segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)



Passam hoje 239 anos desde o nascimento de Manuel Maria Barbosa du Bocage, poeta e génio maldito, assim como eu, e só me falta mesmo o lado poético. E o génio. Erm, bom não me vou aqui numa núvem de absinto a contar pela enésima vez detalhes da vida de Bocage, portanto vou deixar em jeito de singela homenagem alguns "slides", se me permitem.



Esta é a estátua de Bocage no centro da cidade de Setúbal, que o viu nascer, e explica ainda o nome pelo qual viria também a ser conhecido: "Elmano sadino". Bocage é o orgulho de Setúbal, e em suma, o orgulho de Portugal, "carralho". Na imagem da direita é possível observar as esporas de metal que sobressaem da estátua, colocadas para que os pombos não lhe defecassem em cima. Conhecendo o que conhecemos de Bocage, se calhar ele nem se importava...



Outra estátua de Bocage encontra-se no Cafe Nicola em Lisboa, local que o poeta frequentava durante os seus tempos da Arcadia, onde atazanava a vida aos outros intelectuais, que no fundo não eram tão intelectuais quanto ele.



Bocage cumpriu o serviço militar, como toda a boa gente setecentista, passou por Goa, depois pelo Brasil, Goa outra vez, e antes de regressar a Lisboa teve a gentileza de nos presentear com a sua visita, e deixou aqui nome de rua e tudo! Se sabem onde fica esta rua, ali para a zona do Porto Interior, percebem porque é que Elmano a frequentava (assumo que terá pelo menos ido lá espreitar...). Em chinês a rua chama-se "Peng Lai San Kai" e este "Peng Lai" (蓬莱) é na mitologia chinesa o nome de uma das montanhas onde terão vivido os "oito imortais" (se fossem mesmo imortais ainda lá viviam, não?). Mas pronto, tudo bem, não faz mal - deixamos o "nosso" Bocage como o "nono imortal".



A vida de Bocage é "must" para a ficção e drama, mas a primeira grande produção televisiva nacional apareceu apenas em 2006, com Miguel Guilherme no papel principal, e ainda o grande, grande, mas mesmo muito grande Manuel João Vieira, dando vida à personagem de um padreco qualquer, pouco importa, desde que esteja lá.



Mas anos antes também o nosso multifuncional Herman tinha feito a sua imitação do poeta, foi no programa "Parabéns", em 1994. Um bocadinho gordo para o "vicioso" Bocage, mas escapa.



Bocage deixou-nos poesia romântica (no fundo inseria-se nesse estilo), mas era mais conhecido pela sátira que escreveu, pelos versos obscenos que debitou, pelas rixas em que se envolveu, o absinto que bebeu, as putas mulheres que amou, a sífilis que contraíu, o anedotário que lhe valeu uma secção completa. Este é um bom exemplo, "A água", um dos seus poemas mais conhecidos.



E a comédia era mesmo o forte de Manuel Barbosa du Bocage, e o deboche, e a javardice, e epá, para mim isso resume-se tudo apenas a uma palavra: génio. Como melhor definir o homem que queria escrito como epitáfio na sua lápide: "Aqui dorme Bocage, o putanheiro; Passou vida folgada, e milagrosa; Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro". Hoje é feriado municipal em Setúbal - é o mínimo que podem fazer para se lembrar do grande Bocage.

Sem comentários:

Enviar um comentário