quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Quem somos, realmente? Parte VII: os infiéis
A infidelidade é uma característica atribuída aos homens como sendo “inata”. Os homens são anatomicamente incapazes de se manterem fiéis, e os que conseguem são “especiais”. Já diziam os antigos que “fiéis são os cães”, portanto os homens que cumprem à risca a monogamia imposta pelo casamento passaram por alguma escola de treino da GNR para pastores alemães. Quero imaginar que sim. Torna-se fisicamente impossível a um homem resistir à diversidade, e adaptar-se à rotina, aguentar a monotonia, a sempre-mesmice da alcofa, onde lhe espera o mesmo triângulo de Vénus de ontem, da semana antes, do mês anterior, do ano passado. Se o pénis falasse (isso ia ser giro) dizia “então só isto? não há mais nada?”. O irmãozinho do meio anda sempre a pedir para ir ao “buffet”.
Perguntem a um homem casado com a mesma mulher há 20 anos se gostaria passar um fim-de-semana na Ilha da Pouca-Vergonha, onde as lindas e jovens nativas, de seios redondinhos, pele macia e cintura estreita pulam todas nuas como pipocas à espera que lhes deitem o caramelo em cima. Ele dizia que não? Bem, também há ilhas com papuanos altos, fortes, viris e bem equipados, se for esse o problema. Cada um entende por “variedade” aquilo que quiser.
No caso das mulheres a infidelidade é uma arma de destruição maçiça. Se para os homens é uma granada, para elas é uma bomba de neutrões. A mulher traída é apenas uma “coitada”, enquanto um homem leva com os nomes mais humilhantes, como “cornudo”, e diz-se dele que “a mulher lhe enfeitou a testa”. Um indivíduo mulherengo e putanheiro passa completamente despercebido na sua comunidade, mas se a mulher ousa trai-lo uma vez que seja, é apontado na rua e rebaixado ao estatuto de pateta, falhado, ou paspalho. Pode ter enganado a mulher centenas de vezes, com a irmã dela e com a melhor amiga, com as colegas do clube de yoga, com as amigas de infância, com a vizinha do lado ou com a empregada. Ela dá uma rapidinha com o carteiro encostada à porta do prédio, é o cheque-mate. Sua infeliz, como foste capaz! Divórcio, já!
E porque dão as mulheres facadinhas no matrimónio? Por três razões principais: 1) por vingança (sempre no topo, esta razão), 2) porque são fracas e sentem-se sozinhas e 3) porque “precisam”. Ora a primeira foi o contributo de Satanás na criação da mulher. Quando Deus fez Eva, não tinha maioria absoluta no Parlamento da Genesis, e precisou dos votos da bancada do Inferno, que lhe mandou uns “deputados”: a inveja, a vaidade, e “voilà!”, a vingançazinha feminina. “Com que então andaste metido com a gaja dos queijos lá no supermercado, ah? Agora vou roçar-me no teu chefe para veres como elas mordem”.
A segunda razão prende-se com a falência da própria relação, ou quando as distâncias se impõem. Um gajo que nunca pára em casa arrisca-se a chegar um dia e ter lá “outro parvo no seu lugar”, como dizia a canção dos Sitiados. Maridos que estão fora do país, que emigraram, que se ausentam em trabalho durante longos períodos, são jogadores de futebol e dá para saber pela televisão que estão a jogar a centenas de quilómetros da traição, tudo isso. Depois desculpam-se com “estava sozinha...tinha medo dos ladrões”. Comprar um cão está completamente fora de questão, portanto.
Finalmente a terceira razão, que será a mais embaraçosa para o marido traído, mas que também deixa a mulher infiel ficar mal na fotografia. O casal começa a ter relações com menos frequência, ora por desinteresse, por cansaço, devido ao “stress” ou simplesmente porque a chama da paixão se vai apagando, resumindo, deixa de haver “fruta” na cama. As mulheres alegam que precisam de quem lhes trate da horta, e como o jardineiro oficial tem pecado por ausência, toca a chamar os bombeiros. O homem é visto como um frouxo, e a mulher uma tarada, uma ninfomaníaca. E não se pense que isso da ninfomaníaca é um mito. Há mulheres que exigem uma revisão completa diária, e em alguns casos duas ou três vezes por dia. Caso o parceiro não cumpra os requisitos, chama a selecção nacional de futebol dos Camarões para terminar o serviço, com técnicos, roupeiros e massagistas incluídos, e ainda dá um viagra a cada um. Muito cuidado com isto na hora de casar, homens. Antes da viagem, atestem a autonomia de vôo do aparelho.
Mas para quê complicar, senhoras? Os homens são infiéis apenas porque sim, não é por maldade. A culpa é das hormonas, da herança genética. São os vestígios que ainda resistem dos nossos antepassados paleolíticos, que arrastavam pelos cabelos a primeira fêmea que encontravam. Não (n)os levem a mal, mas um homem que comete uma infidelidade não é a mesma coisa que uma mulher adúltera. Uma chave que abre qualquer fechadura é uma chave-mestra, enquanto a fechadura que abre com qualquer chave...não presta. Por isso certifique-se da segurança da sua fechadura, e evite dissabores.
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