terça-feira, 15 de outubro de 2013
Mais uma Ceni triste
Os brasileiros são loucos por futebol, e penso que isto não é novidade para ninguém. No país do samba o futebol adquire um estatuto de religião, e é de longe o desporto de eleição da sua população, à frente das paradas “gay” e dos assaltos à mão armada em plena luz do dia. Os adeptos brasileiros são os mais exigentes do mundo, e isso é facilmente verificável durante os mundiais, onde qualquer resultado que não a vitória é considerado um fracasso. Da mesma forma que colocam os seus ídolos num pedestal, os brasileiros exercem uma dose cavalar de crueldade sobre quem não corresponde às expectativas. A memória é de elefante, os erros dificilmente se esquecem ou perdoam, e basta um lance apenas para que se passe de bestial a besta.
É o que aconteceu agora com Rogério Ceni, o veterano guardião do S. Paulo, célebre por ter marcado mais de cem golos na sua carreira – e recordo que se trata de um guarda-redes. Dono e senhor da baliza da “tricolor” desde 1992, Ceni, de 40 anos, é especialista em bolas paradas, e opção habitual para bater livres e penalties pelo seu emblema. Só que o guardião mais goleador da História do futebol atravessa um momento complicado, e vai em quatro penalties falhados consecutivamente na edição deste ano do Brasileirão.
Falhas, todos temos, mas o último desperdício de Ceni esgotou a paciência dos adeptos mais tolerantes. Foi ontem em pleno Morumbi, na recepção do S. Paulo ao arqui-rival Corinthians, que acabou empatado a zero. O nulo persistia no marcador, mas no último minuto a equipa da casa beneficiou de um “penalty” que podia valer os três pontos. Chamado a bater, Ceni permitiu a defesa do guardião corintiano Cássio, que podia ter adquirido estatuto de herói, não estivessem as atenções centradas em mais um erro do seu colega e adversário naquele dia.
Na internet choveram “memes”, foto-montagens com propósitos humorísticos, como esta, onde se vê Ceni a dizer que “depois de chegar aos 100 golos, quer chegar aos 100 penalties falhados”. Outras sugerem ainda que o guardião se devia aposentar. A fífia de Ceni não podia vir numa pior altura; o S. Paulo ocupa um modesto 15º lugar no Brasileirão, apenas dois pontos acima da “linha de água”, quando faltam realizar dez jornadas.
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