sexta-feira, 18 de março de 2011

Os blogues dos outros


Já todos ouvimos dizer que as tragédias trazem à superfície o melhor e o pior das pessoas. Neste caso, ilustrado, vemos o pior. Depois do devastador sismo no Japão, e na sequência da libertação de radiações na central nuclear de Fukushima, a corrida aos comprimidos de iodo tornou-se um fenómeno típico de paranóia colectiva. Caixas de comprimidos de iodo, que custavam dez dólares, passaram a ser vendidas por quinhentos. No espaço de menos de uma semana. Em Macau, a corrida não é aos comprimidos de iodo. É ao .....sal!! É isso que se vê naquela fila na imagem. Dezenas de pessoas a procurarem adquirir sal. Porque, presumivelmente, os alimentos, que podem estar contaminados com radiações (quê???), ficariam libertos das mesmas se lavados com água e sal. É realmente muito ténue a fronteira que separa a prevenção da paranóia. Seria bom que as autoridades competentes viessem rapidamente esclarecer a população no intuito de se evitar a repetição de cenas terceiro-mundistas como esta. Que representam o oposto do civismo que tem caracterizado o comportamento da população japonesa.

Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

O que vemos, o que ouvimos, o que pensamos mistura-se de uma forma que há quem pergunte em jeito de ironia "também já és perita em física nuclear?" É mais que certo que o facto de vermos que os especialistas não sabem o que responder e que cada dia aparece uma solução nova (e as fotos dos reactores a desfazerem-se....), leva a que seja fácil acreditar no pior cenário. Os japoneses não entram em pânico. Errado. Entram. Mas não mostram. E temos um grupo de gente a trabalhar em Fukushima (que desconhecemos) nesta missão que parece quase de salvar o mundo. É assustador como as fraquezas agora aparecem todas. Dizem que a probabilidade de um acidente como este é tão pequena que nunca se imagina. Pois é. Isto tem tudo um bocado de filme em si mesmo. No egoísmo humano todos pensamos em nós. E se a radioactividade chega aqui? E quando digo aqui, não me refiro só à China porque tenho a certeza que do Brasil à Noruega já houve gente por momentos a pensar na primeira pessoa. É verdade. Não gosto muito da frase mas é verdade. A realidade supera a ficção. Sinto quase que há um livro que se está a escrever. Embalados pela noção de salvação típica dos filmes, fala-se na venda dos comprimidos de iodo como se a solução estivesse aí. Uma nova indústria a nascer. Agora percebo porque nunca gostei de filmes ou livros que se desenvolvem sobre a ideia do fim do mundo ou de salvação da humanidade. De facto, não é o meu estilo de humor. O suspense causa-me ansiedade.

Maria João Belchior, China em Reportagem

No nosso pensamento e nas orações. Cada um à sua maneira, de acordo com as suas crenças. Aconteça o que aconteça o povo japonês redimiu-se se era que tinha culpas próprias. Nunca vi desde que me conheço adulto um povo comportar-se com esta galhardia, com esta corajem, com esta dignidade, com esta calma numa situação de emergência nacional. Não há roubos a supermercados, nem assaltos, nem pilhagens, nem estupros. Todos aguardam serenamente à medida que as instituições funcionam. Sem desespero. Quantos países no mundo reagiriam desta forma perante esta calamidade? Poucos muito poucos. Os Estados Unidos, talvez. Os países da Eurora do Sul? Duvido. A China? Duvido, também (o episódio do sal se não fora ridículo seria lúgrube). Que vergonha. A ajuda internacional intensifica-se. O impacto desta crise nos mercados internacionais é inevitável. O crescimento asiático vai sofrer e bastante. Dê-se alguns meses.

Arnaldo Gonçalves, China em Reportagem

Este vídeo é impressionante e mostra bem como o amor entre os cães existe, muitas vezes mais digno que entre os homens. Com o número de mortos a aumentar dia após dia, chegam do Japão imagens emocionantes das operações de socorro. Um cão chamou a atenção dos socorristas e salvou a sua parceira que estava inconsciente. A lealdade de um cão japonês está a colher aplausos em todo o mundo, depois de o jornal britânico The Telegraph ter divulgado as imagens em que o animal se recusa a abandonar a parceira, na zona de Ibaraki, no nordeste do país. Durante alguns segundos, o animal branco e castanho chama a atenção dos jornalistas e conduz os seus olhares até à parceira branca, inconsciente, no chão, junto a destroços deixados pelo tsunami da semana passada. Ambos os cães acabaram por ser salvos por veterinários das equipas de apoio e socorro aos animais, também vitimados pelo duplo desastre natural da passada sexta-feira. De acordo com a edição online do jornal britânico, o herói foi levado para um abrigo em Mito, cidade onde também a parceira está em tratamento.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Tendo em consideração a rapidez com que o sal desaparece das prateleiras dos supermercados da região, quer parecer-me que os ataques cardíacos que se seguirão vão ser mais fulminantes do que o rebentamento de uma ogiva nuclear em pleno Real Senado.

VICI, MACA(U)quices

Nunca me desiludem, os pivots das notícias da manhã. Hoje, compungido e convicto, oferecia-nos um deles - durante uma entrevista a alguém que falava da catástrofe no Japão - esta pérola de sabedoria e profundidade: "Depois de tudo isto, é imperial ajudar o povo japonês".

Ana Vidal, Delito de Opinião

8 comentários:

  1. Ontem vi noticias de hong kong no youtube o pessoal que foi comprar sal a serem entrevistados e disseram que não sabiam nada sobre as radiações e que só foram comprar sal porque viram os outros também foram comprar.Ou seja,se os outros fossem comprar merda e chichi contra as radiações,também iam todos comprar merda e chichi.Pensando bem,a merda e chichi se calhar fazem bem contra as radiações já que possuem muito iodo.Vou já cagar e mijar para ter iodo de borla.

    http://emedix.uol.com.br/vit/vit024_1f_iodo.php

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  2. sim, isso é um bocado como acreditar em Deus...

    follow the crowd.... meee meee meee

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  3. O Arnaldo Gonçalves meteu aqui mais uma das suas pérolas. A propósito do civismo dos japoneses, pergunta ele: "Quantos países no mundo reagiriam desta forma perante esta calamidade? Poucos muito poucos". Muito bem até aqui. Depois é que vem o pior: "Os Estados Unidos, talvez". Vejam só do que ele se foi lembrar! Há cerca de 200 países no mundo e (como qualquer bajulador do Tio Sam) ele acha que eram logo os norte-americanos a comportarem-se civilizadamente, à japonesa. O Sr. Arnaldo das duas uma: ou - apesar de se dar ares de intelectual extremamente bem informado - não costuma ver as notícias e não sabe dos saques que aconteceram em Nova Orleães; ou então não sabe que Nova Orleães fica nos EUA.

    Eu nomeava-lhe uns 20 países (pelo menos) onde tenho a certeza que as pessoas se comportariam de forma muito mais civilizada do que nos EUA, mas não vale a pena porque estes fanáticos pró-americanos insistem em não acreditar nas evidências. Não admitem que se lhes estrague o seu "American Dream".

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  4. Se fosse na américa estavam todos roubar aquilo que resta ou a porrada a ver que compra mais comida,mas no japão não se ve isso,até ficam todos na fila calmamente a espera da sua vez.O japão é o país mais evoluido e civilizado do mundo.Só é pena ter este grande problema que se chhama: SISMO.

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  5. E se fosse em portugal estava tudo f#####

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  6. Eu percebi logo que o texto era do Arnaldo Gonçalves quando vi "coragem" escrita com jota. Só ele dá erros ortográficos destes nos blogues e artigos que o Bairro costuma citar.

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  7. Isso dos erros ortográficos é muito normal,não é por acaso que há tantos jornais com o mesmo erro ortográfico da mesma notícia,é que todos os jornais copiam notícias de outros jornais e quando 1 jornal escreve mal uma palavra ou dá uma informação errada,vários outros jornais também tem o mesmo erro.È que todos andam a copiar as mesmas fontes.

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  8. Não senhor, nisso há que dar mérito ao Arnaldo Gonçalves! O gajo tem erros só dele.

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