quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Escola, a quanto obrigas


Estava esta tarde a conversar com uma colega de trabalho, que se dizia “zangada”. Perguntei-lhe porquê, e aí disse-me que a filha de sete anos “só” tinha tirado 90% num teste de Matemática. Fiz pingue-pongue com a história, e dei-lhe os parabéns, uma vez que essa é uma marca de “Excelente”, e não tinha razão para estar zangada ou desiludida. Aí explicou-me que tinha passado o fim-de-semana anterior inteiro a preparar o exame da pequena, e que ela devia ter tido os redondos 100%. Era quase como que a obrigação da menina, que naturalmente terá sido ralhada esta tarde quando a mãe chegou a casa.

Desenvolvemos uma discussão, no bom sentido, claro, e fizemos comparações entre os nossos diferentes sistemas de ensino. Não vou discutir se o nosso ensino português é eficaz, ou se prepara bem os jovens para a vida adulta, mas tenho a certeza que o sistema chinês é pior que a tropa – e eu nem sequer fui à tropa. As crianças de quatro e cinco anos são obrigadas a aprender centenas de caracteres chineses e declamar sete poesias clássicas lá do não sei quê, e não me surpreende que tantas vezes se tornem em adolescentes e adultos cabeçudos, mas sem nada dentro da cabeçorra. Cabeças de nabo, dizia-se na minha terra.

Já no ensino primário, e com maior acentuação no secundário, criam uma espécie de ranking entre os alunos, existindo um top-1, um top-5 e um top-10. Os que ficam frequentamente fora dos topes são normalmente atirados para escolas de crianças problemáticas ou simplesmente estúpidas, que depois os fazem entrar num ciclo de mediocridade e eventualmente marginalidade. Um esquema diabólico que nem não se imaginaria nem na Alemanha Hitleriana.

Oiço muitas vezes a minha mulher dizer que o filho de fulana ou a filha de outrana “são muito inteligentes”, porque são sempre do top-5 ou lá o que é. Eu diria antes que são conformistas, coitadinhos, que comem tudo o que lhes põem à frente. E ainda levam porrada se não comem. Seria fácil criticar este sistema olhando um pouco para o lado, ali para Hong Kong, onde é comum adolescentes suicidarem-se pela pressão dos resultados escolares. Não quero aqui desprezar o sistema milenar confuciano de ensino, que tem também os seus méritos, mas passa-se qualquer coisa de errado quando alguém se suicida por causa dos resultados escolares.

Voltando à minha colega, contei-lhe que no meu tempo era normal passar de ano com notas baixas. Tinha colegas que repetiram o secundário várias vezes (tinha um colega de 21 anos no 11º ano), e que mais tarde acabavam cursos universitários, ou tornavam-se empresários por conta própria, e tinham sucesso. Outros que tiraram resultados brilhantes toda a vida estavam apenas mais ou menos, alguns menos bem. A minha colega Carla Susana, que era de longe a melhor aluna no secundário, é agora uma daquelas professoras que andam a ser atiradas de escola em escola a depender de colocação. E tem quase 40 anos.

Os resultados escolares de base são sem dúvida importantes, criam estruturas e não sei que mais, mas não é preciso fazer uma base que acolha logo dez porta-aviões nucleares de uma vez só. Quem sabe se deviamos começar apenas com um submarino? Não quero dizer com isto que não coloco qualquer pressão sobre os meus filhos pelos seus resultados escolares, mas não os obrigo a tirar boas notas. Este é o trabalho deles, e eles também não me dizem como devo fazer o meu. É preciso aproveitar esta tenra idade para ensinar uma das lições mais importantes na vida: aprender as consequências dos actos.

O que me parece que existe no sistema de ensino chinês é uma espécie de “Family Feud”, ou na sua versão portuguesa o “Entre Famílias”, uma competição entre os pais das crianças pelos resultados brilhantes. O mais curioso é que estes pais desejam o melhor para os filhos, naturalmente, e que não deitem fora as mesmas oportunidades que eles próprios tiveram. Esta minha colega, por exemplo, terá pouco mais de trinta anos, e tendo terminado o ensino superior há menos de dez, teve exactamente as mesmas oportunidades que teria hoje. Só que depois apaixonou-se, casou, teve filhos, enfim, coisa normal, e tornou-se naquilo que era a mãe dela, que lhe puxava as orelhas para estudar e ter bons resultados quando era pequena.

Alguns mandam depois os filhos estudar no estrangeiro (a Inglaterra está na moda), como se no estrangeiro existisse algums elixir milagroso que faça com que o jovem regresse e se torne no “rei de Macau”. Existem em pleno século XXI escolas monossexuais dirigidas por elementos da Igreja. Aquilo que em Portugal só se vê em mosteiros, seminários e conventos onde se ensina que o sexo é pecado e as mulheres são o diabo. Mas como não sou ninguém para ir contra o sistema – que apesar de tudo, vai funcionando – apraz-me apenas registar com um sorriso mais este episódio. Afinal eu próprio também vou aprendendo mais qualquer coisa.

16 comentários:

  1. Os tugas não põem esta pressão nos filhos porque têm sempre a mais conveniente das desculpas à mão: se o filho tem más notas, a culpa é... do professor, pois claro! Deve ser uma característica da "cultura" portuguesa. É como os benfiquistas, que põem sempre a culpa nos árbitros. É um hábito enraizado, portanto.

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  2. o meu pai é tuga e não é assim. e por acaso é benfiquista.

    Eu tive uma colega no 8º, acho, que tirou 99% e começou a chorar á frente da turma toda.

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  3. Os chineses têm essa pressão toda na escola e como resultado são extremamente infantis quando se tornam adultos. Daí continuarem viciados nos jogos electrónicos ou adorarem os pandas

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  4. O energúmeno das 18:51 é da mesma leva do treinador dos porquistas: Vive a pensar, a sonhar e a falar do Benfica.
    Qualquer motivo serve para falar do Benfica, incluindo um post sobre... os chineses e a escola, um assunto que como é bom de ver tem tudo a ver com futebol e com o Benfica.

    Quer um conselho? consulte um bom psicanalista, que isso é capaz de passar.

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  5. Claro que tem tudo a ver, ó idiota. Basta ver que o subterfúgio de uns e de outros é o mesmo.

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  6. Claro que tem a ver.
    Com cérebros formatados com a versão dragay da lógica da batata, tudo o que existe no mundo, qualquer assunto, tem tudo a ver com o Benfica, tudo vos faz lembrar o Benfica.

    Aqui se vê a grandeza do meu clube.

    Mesmo a 11 pontos de distância

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  7. caros anónimos, será que o vosso cérebro, não consegue entender um post e fazer a sua apreciação de acordo com o conteudo do mesmo? Venho ao bairro do oriente de vez em quando, nem sempre me lembro, porém é realmente deprimente ler certos comentários, sobretudo em post, que têm realmente interesse e podia dar uma boa discussão se fossem cerebros normais a ler, interpretar e comentar.

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  8. Então, pseudo-intelectuais, expliquem vocês as diferenças. Eu vejo um padrão comportamental nos portugueses que se reflecte na (falta de) educação dos filhos da mesma forma que se reflecte na falta de cultura desportiva que não lhes permite reconhecer que o seu clube não vai à frente porque NÃO é o melhor. Tem tudo a ver, até porque na maior parte dos casos se trata das mesmas pessoas. Vá, intelectualóides, expliquem lá a diferença, provem que uma coisa não tem a ver com a outra. Se gostam assim tanto de debates cientificamente elevados, porque é que será que não os conseguem iniciar vocês? Porque é que o último anónimo, por exemplo, só cá veio para dizer que ninguém faz "a sua apreciação de acordo com o conteudo" do post? Onde é que está, afinal, a sua própria apreciação? Cambada de idiotas...

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  9. "Até porque, na maior parte dos casos, se trata das mesmas pessoas".

    Ou seja, em Portugal quem tem filhos com más notas é benfiquista e culpa os professores por isso.

    A elite estudantil portuguesa é na sua maioria adepta do foculporco, assim como é o foculporco que tem ganho mais campeonatos ultimamente.

    LLLLOOOOOOLLLLLLL

    E depois eu é que sou o pseudo-intelectual.

    LLLOOOOLLLLLLL.

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  10. Na maior parte dos casos trata-se das mesmas pessoas porque a maioria dos portugueses acumula essas duas "qualidades" de pais desqualificados e benfiquistas ressabiados. Logo, tem de haver coincidências.

    A interpretação dada pelo anónimo das 16:58 é mais um pensamento masturbatório saído da cabecinha de um pseudo-intelectualóide. Se a maioria é benfiquista (são vocês os primeiros a dizê-lo) e a maioria são também pais de merda que culpam os outros da idiotice genética dos filhos, não é preciso ser um génio matemático para se perceber que, obviamente, se trata dos mesmos animais em grande parte dos casos.

    Mas percebe-se. As interpretações do idiota das 16:58, na verdade, são típicas de um desses exemplares ressabiados que acumula as tais duas "qualidades" e que se sente muito ofendido quando ouve a verdade e se revê nela contra a sua vontade.

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  11. Se os chineses são infantis deve ser por isso que a china é muito mais evoluido que Portugal,aqui para construir um prédio demora cerca de 10 anos,na china demora a volta de 2 ou 3 anos.

    Há 1 video que retrata muito bem o que é 1 tipico benfiquista :

    http://www.youtube.com/watch?v=2IbiDbnT0ik

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  12. O que tem a ver ser infantil com o tempo que se demora a construir um prédio?

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  13. Eu que até nem fui um aluno muito acima da média, gostava muito de comparar os meus resultados escolares com o palermoide das 18:56.

    Aposto que até o adepto típico do foculporco, ou seja, o famoso Emplastro, tem um QI superior a esse idiota armado em intelectual.

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  14. Anónimo das 08:42 ainda não percebeste que o anónimo das 18:56 é benfiquista???Tão burro,só pode ser mesmo benfiquista

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  15. Ai é?

    Pelos vistos não sabes ler.

    Nada de estranhar, já que és um dragay parolo e analfabruto.

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  16. Repito: se gostam assim tanto de debates cientificamente elevados, porque é que será que não os conseguem iniciar vocês?

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