quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O caminho do coração


Jantei ontem naquele restaurante japonês muito giro no 1º andar daquele edifício em frente aos Correios, onde fica o Pacific Coffee. Faço-o uma vez por semana, e posso dizer que é uma forma agradável de consumir algum peixe fresco, mesmo que cru, e tomar o excelente chá verde japonês, já que não sou grande adepto do chinês. Não é difícil encontrar bons restaurantes japoneses em Macau, e no me interessa muito se são melhores, piores ou idênticos aos do Japão, uma vez que só gosto de sushi ou sashimi.

O mesmo já não se pode dizer de outros tipos de restaurantes, ou especialidades. Existe também uma miríade de restaurantes italianos, especialmente nos novos hotéis, e apesar da maioria ser uma porcaria (faço melhor comida italiana em casa), parece ser um negócio muito rentável. Talvez o facto dos italianos previligiarem as massas, à semelhança dos chineses, seja explicativo.

Do que gosto mesmo é de comida indiana, que em Macau se limita ao restaurante do Tony, na Nova Taipa, e à Aruna, residente no território há mais de duas décadas, e considerada a autoridade máxima deste deliciosa e exótica cozinha. Existia um restaurante paquistanês óptimo, primeiro situado na Rua Fernão Mendes Pinto, perto dos três candeeiros, e que mudou mais tarde para o Centro Internacional, onde adquiriu um aspecto mais marginal, e depois fechou.

O que é mesmo pena é que não exista um restaurante de comida árabe digno desse nome em Macau. Temos lojas de kebab aqui e ali, e o Beirut, situado na NAPE, aberto por libaneses. Sempre que vou a Hong Kong delicio-me no Habibi, no Soho, onde se pode apreciar a culinária das mil e uma noites com uma relação preço-qualidade bastante apetecível, e um serviço de cinco estrelas. Existia também no NAPE um restaurante cujo nome agora não me recordo (Star Hub?) que oferecia “a autêntica cozinha da Malásia e Singapura”. Não era grande coisa, mas pelo menos era diferente.

Infelizmente a indústria da restauração em Macau não oferece muita variedade, e obedece muito à regra dos monopólios. O que é mesmo muito curioso é que Macau deve ser um dos poucos lugares no mundo onde é quase impossível encontrar a culinária local, a de origem, a “indígena”. Obviamente que me refiro à comida macaense. Não existe um restaurante macaense propriamente dito, uma vez que o Riquexó é mais uma cantina, e o Litoral oferece apenas uma gama generalista dessa deliciosa e interessante cozinha. Acreditam que estou em Macau há 18 anos e nunca comi Diabo?

Li ontem no JTM, na coluna de Luís Machado aquele interessante poema naife da autoria do sr. Monteiro, e fico a perguntar: o que é brêdo raba-raba? E Saran surabe? E onde posso comer chau-chau lacassá, dodol ou barbá? Serão estas iguarias previlégio exclusivo da tal Confraria da Gastronomia Macaense, e de uma ou outra família que ainda a saiba cozinhar? Ou estarão extintas? E porque será que oiço tantos macaenses saudosos e desiludidos com as ofertas de binbinca de nabo ou porco bafassá que ainda se podem encontrar, suspirando que fulano ou fulana que já não estão entre nós é que sabem fazer bem?

Curiosamente vejo naquelas reportagens que o JTM às vezes faz sobre as Casas de Macau da Califórnia ou de S. Paulo que os macaenses da diáspora mantêm ainda viva a boa mesa macaense. Será que a distância é amiga da culinária original? E será que os seus descendentes vão preservar essa tradição, ou o “segredo” morre com os seus gurdiões? É uma pena que esta culinária seja to elitista, e que os turistas que visitam o território confundam a culinária típica do território com o camarão assado, os pastéis de bacalhau ababatados ou a tal “Portuguese chicken” que se oferece naqueles restaurantes de imitação de comida portuguesa.

É que não basta cozinhar tudo com molho de tomate e cebolas e chamar-lhe “comida macaense” ou “portuguesa”. Assim ficamos mal vistos. Daí que desejo boa sorte para o Luís Machado e para a Confraria que agora preside, e que não deixe cair estas tradições gastronómicas. É preciso não esquecer que o caminho do coração passa também pelo estômago, citando um ilustre macaense.

30 comentários:

  1. O Leocardo agora e' muito fino, nao pode comer na cantina e nao sabe distinguir um self-service com cantina. Pois eu como muitas vezes nessa cantina e acho a comida boa e preco razoavel. Nao sou rico como o Leocardo.

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  2. Ainda bem que cá em minha casa, tão longe da minha terra Macau, se come comida chinesa do bom e também comida macaense. Considero isso um privilégio.

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  3. Em relação aos restaurantes italianos de Macau, quando aí vivi tinha 2 de que gostava muito: o La Torre em Cheoc Van que era do Lucca, mas, sobretudo, da Toscana, da Isabella (ou do pai). Acho que ela agora tem outro, no Nape, chamado Tratoria, não é assim?
    Em relação à comida macaense e às casas de Macau pelo mundo fora, tenho a dizer que aqui em Lisboa, a Casa de Macau costuma organizar Chás Gordos onde se come comida macaense muito boa :D

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  4. Os italianos eram bons, o Santos na Taipa tb, o Afonso Tb, mas a Lorcha era o melhor de todos (excepto qd se juntava o grupo das tatuagens na mesa do fundo)

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  5. O Santos!
    A minha mãe costumava lá levar-me a almoçar frequentemente :)
    Penso que foi aí que comecei a ficar viciado no Sumol que bebia de todas as vezes que lá ia..lol

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  6. O anónimo das 13:52 gosta de confundir o cu com as calças. O que é que ser "rico" tem a ver com o que que quer que seja? Também conheço sítios onde se come bem por 20 ou 30 patacas, mas não é disso que estou a falar. Se o Riquexó quer ser um self-service que funciona num local cada vez mais degradado e isolado, eles é que sabem. No artigo estou a falar de restaurantes propriamente ditos, dignos desse nome. Penso que a comida macaense merece um lugar assim. Mas olhe, boa sorte para si, que é pobrezinho.

    Cumprimentos.

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  7. Existem pratos, caro Leocardo, que não se adecuam a ser servidos em restaurantes. Aliás, existem bastantes pratos das mais variadas cozinhas internacionais, entre as quais a Portuguesa, que não são servidos nos restaurantes. .

    já foi ao "Porto Interior" ou à "Cozinha do Armando" na Rua do Campo? Ao "Café Pérola" na Rua Central? Ao "Carlos" no NAPE? Está a ver, são mais restaurantes macaenses do que pensa. Agora se são conhecidos, ou se eles se preocupam com o seu marketing, isso é outra coisa.

    Quantp ao Riquexó, concordo que se deva fazer alguma coisa, não no sentido de lhe tirar o "charme" de restaurante de bairro, mas na perspectiva de actualizar um bocado o espaço. Ainda tem, na minha opinião pessoal, o melhor "minchi" cá da terra- dos que são servidos ao público, está claro.

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  8. Caríssimo Leocardo:

    Só no que diz respeito à culinária nipónica, aposto que o Leocardo certamente haverá de gostar de muitíssimas outras especialidades de cá (Japão)- bem para além do sushi & sashimi, que não é nem pouco mais ou menos o que os Japoneses comem quotidianamente -, que provavelmente ainda não teve oportunidade de conhecer.
    Assim tenha uma chance de dar uma passada por cá, certamente ficará surpreendido com a riqueza e variedade gastronómicas deste país.
    E sinta-se à vontade para me pedir sugestões.

    Um abraço do Japão,
    NBJ

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  9. Eu também nunca comi Diabo ;) Mesmo que abra um restaurante macaense genuíno e digno, acho pouco provavel que inclua esse prato no menu(ver o comentário do anónimo das 23:20). Mas podemos experimentar em casa, pois a receita consta de vários livros de culinária macaense e também aqui: http://www.admac.org/Port/Voz/Edicao18/Art12.html ou aqui: http://www.memoriamacaense.org/id216.html

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  10. Hong Kong é sempre melhor, não é? Eu também não conheço em Macau nenhum restaurante árabe. Mas em Hong Kong também não conheço, por exemplo, nenhum restaurante português. Macau não tem as cozinhas do mundo todo, mas Hong Kong também não. Provavelmente, nenhum sítio tem. Porque é que Macau, com menos de 30 quilómetros quadrados, tinha de ter?

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  11. Há ou havia restaurantes de comida macaense aqui em Portugal que também servem ou serviam dois ou três pratos macaenses como o arroz de bacalhau ou o entrecosto à moda de Macau. Tenho aqui inclusive o site dum deles, o Lilau, que fica em Alverca: www.lilau.com.sapo.pt
    Quanto à Casa de Macau, sei que o pessoal lá costuma organizar almoços ou jantares-convívio, inclusivamente já fui convidado por carta para compararecer uma ou outra vez no passado, mas nunca lá pus os pés.

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  12. Parece que esse Lilau já fechou :(
    Estive a dar uma vista de olhos no site e estava lá essa nota. Encontrei outra coisa interessante, o site foi construído por um FireHead, não é ele que costuma comentar aqui no blog?

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  13. A blogosfera é pequena... De facto o espaço encontra-se fechado, mas ainda há uns tempos atrás organizei lá o jantar com o meu pessoal do Kenpo.

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  14. O Leocardo esta' cada vez mais vaidoso, nao gosta das pessoas que o contraria. Entao para que convida as pessoas para enviar um comentario.

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  15. O anónimo das 12:27 deve ser o "pobrezinho" das 13:52. Oiça lá, eu não estou a "contrariar" ninguém porque eu não disse que o Riquexó era mau. Eu como lá várias vezes e não é por falta de alternativas. Como disse muito bem o anónimo das 23:20, o Riquexó está muito bem como "restaurante de bairro", mas ficava a ganhar com alguma modernização. Ainda me lembro dos tempos gloriosos do Riquexó, nos anos 90 quando ainda funcionava ali o Park'n'Shop, quando enchia sempre à hora de almoço. Hoje está completamente vetado ao abandono e apenas os "resistentes" e alguns curiosos o frequentam, e lá vai vivendo da encomenda de alguns petiscos e do núvleo familiar que gere o restaurante. Só quero o bem do Riquexó, e mais uma vez, o preço não tem nada a ver para o caso.

    Cumprimentos.

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  16. Ah!Ah! Desta vez nao acertou, coitado do anonimo de 13.52, espero que ele nao responda, porque esta treta ja esta longa.

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  17. O Leocardo esta mal informado desta vez.

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  18. Em minha opiniao o Riquexó, infelizmente, tem-se tornado uma tasca sem qualidade nem condiçoes sanitarias.

    Em HK sí ha (ou havia) restaurantes portugueses. Eu conhecía um em Wanchai que até nao era mau e até alguns que fazem cozinha "à Macau" que nao fica longe das muitas tascas chinesas do territorio que servem as tipicas sardinhas, o bacalhao a chinesa, o african chicken, etc.

    Entao a APOMAC nao conta? Eu sempre comi muito bem ali.

    Cumprimentos,

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  19. Apomac e' um clube, nao restaurante para o publico, embora muita gente la vai sem ser socio, tirando o lugar dos socios.

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  20. Anonimo de 20.39, Riquexo nao tem condicoes sanitarias, quer explicar? porque eu vou la quase todos os dias e nao vejo isso, que o lugar esta velhinho e' outra coisa, por acaso estao a renovar. Nao deitem o restaurante abaixo que eu gosto de la ir. Tirando os clubes (onde tem muita ma lingua) e' o unico sitio que se pode comer a preco razoavel.

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  21. Eu sempre que vou a APOMAC vou com socios e com iso já da para matar saudades.

    Enquanto as condiçoes sanitarias do Riquexó, nao é minha intençao deita-lo abaixo, mas depois de ter visto algumas coisas prefiro nao voltar. Precisa mesmo de ser renovado, sobre tudo algumas panelas, etc...

    O anonimo das 20:39

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  22. Panelas velhas nao pode consider falta de condicoes sanitarias. Muitas vezes panelas novas tambem podem estar nas mesmas condicoes.

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  23. Não há motivo nenhum para as panelas serem velhas, porque falta delas novas não deve haver. Há tanto paneleiro hoje em dia, porque é que haviam de faltar panelas?

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  24. velhas e muito sujas. É preciso dar mais detalhes? A cozinha é uma porcaria, nojenta, suja, cheia de merda e sem condiçoes higienicas. Understand?

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  25. Então a culpa não é dos paneleiros, que esses acho que continuam a fabricar as panelas. O Riquexó é que não as compra. Também se percebe, que os riquexós já estão longe dos seus tempos áureos. Deviam mudar o nome para Táxi e resolvia-se o problema.

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  26. Nao estou a perceber porque esta polemica com o Riquexo. Ja alguem viu as cozinhas dos outros restaurantes?

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  27. Nao sei porque entraram em guerra por causa dum restaurante, coitado deste infeliz restaurante que nao tem culpa nenhuma e esta a ser criticado. Cada qual sabe onde quer ir comer.

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  28. Peçam emprestada a Portugal aquela espécie de polícia de costumes que é a ASAE, que eles resolvem tudo. Como Macau agora também quer ser muito moderna, tem de ter um bando desses para não perder o comboio da estupidez.

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  29. Aposto que se Macau tivesse a ASAE,mais de 60% de restaurantes em macau estariam fechadas.Eu tenho 1 "truque",quando vou a 1 restaurante a primeira coisa que faço é ir a casa de banho,se aquilo estiver sujo vou logo embora do restaurante,porque a cozinha deve ser ainda pior.

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  30. E mesmo assim precisa da ASAE? Eu não.

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