domingo, 29 de novembro de 2009

Esta cidade não é para novos


Aparentemente mora uma mulher maluca no meu edifício. A senhora em questão gritou com a minha prima, que tem 17 anos, chamou-lhe “lixo” e a pequena ficou a chorar. Outros vizinhos já se queixaram, mas ninguém sabe dizer quem é, ou em que andar mora. Uma cena muito caricata, assim estilo “O Inquilino” de Polansky. Um colega meu tem os filhos – um casal – de 17 e 15 anos de idade, a estudar em Inglaterra. Não só ficou sozinho com a mulher, como ainda tem que gastar uma nota preta.

O caso do alegado pedófilo que mantinha um Centro de Estudos aqui perto de casa, foi bastante intrigante. Entrevistei algumas pessoas da comunidade chinesa das vizinhanças, e dizem-me que o agressor é, coitado, doente. E uma pena de prisão seria “exagerado”. É bom saber que as pessoas têm coração. Estes “centros de estudo” são um negócio bastante rentável, com lucro de entre 20 e 30 mil patacas por mês para o seu proprietário. É aqui que a maioria dos chamados “pais operários”deixam os filhos depois da escola: não têm tempo para eles.

Será que Macau se está a tornar uma cidade perigosa para educarmos os nossos filhos? Realmente é uma pena que as escolas (principalmente as chinesas) misturem maus elementos com estudantes aplicados. Os maus elementos são assim uma espécie de “camadas jovens” das associações de malfeitores, mas como os compreendo, sendo que a única educação que adquirem depois da escola é nas casas de jogos electrónicos, esses antros de podridão. Se vir um jovem com um ar esgazeado, casaco preto, boné e cabelo pintado, mude de passeio.

Os bons alunos ouvem os pais, são educados, não assam os gatos nem batem nas velhinhas, mas são muito influenciáveis, coitadinhos. Hoje estão a dar uma passa num cigarro, amanhã estão a ver pornografia na internet. Quanto se juntam os maus elementos e os alunos aplicados, temos uma situação complicada, pois de certeza que não são os “putos da passa” que se vão tornar bonzinhos. Isso só nos filmes da Disney. É preciso defendê-los destes perigos custe o que custar, e porque não interessa saber o porquê dos jovens cairem nas malhas do jogo, droga ou prostituição.

Daí que os pais mais endinheirados mandem os filhos crescer lá para os bifes ou para os cangurus, perdendo alguns dos anos mais importantes das suas vidas. Será que os pais não têm tempo para responder às dúvidas dos filhos púberes, ou simplesmente não sabem como? Não sei quem foi que lhes disse que Londres, San Francisco, Sydney ou Vancouver são cidades “livres de delinquentes”, ou que lá, como o miúdo é chinês ou aparentado, os arrogantes nativos mandem-no para o canto da “comunidade asiática”, onde podem crescer e comer chau-min em paz.

Quem não tem cheta, fica com os filhos, e vão depois por ali fora até uma Universidade em Taiwan ou na China, ou simplesmente a UMAC, ou ainda um emprego nos casinos. Por enquanto, o perigo espreita atrás de cada esquina: "esta cidade não é para novos". O se calhar para os coitados dos miúdos que partem para longe com tão tenra idade, custa-lhes deixar muita coisa; os amigos, os avós (muitos sabem da notícia da morte de um avô quando estão a estudar no estrangeiro), a tal namoradinha que depois já é casada, porque só voltam quando estiverem completamente crescidos e funcionais.

PS: Não percam amanhã a edição do 2º aniversário do Bairro do Oriente!

6 comentários:

  1. Escola chinesa é seminário ao lado do antigo Liceu. Todos sabiam, até a policia fechava os olhos aos fidalgos.

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  2. Não percebi nada do comentário anterior. O Mou Man Tai deve ser o Pedro-de-Muitos-Sítios.

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  3. "Hoje estão a dar uma passa num cigarro, amanhã estão a ver pornografia na internet." Bem, se eh isto que o Leocardo acha que sao comportamentos de risco, o proximo passo desse jovem, que da umas passas num cigarro e ve umas gajas boas na net, deve ser a heroina ou coisa do genero!!!

    Sim...Parabens Leocardo (realmente ha parvos para tudo)

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  4. Parabéns ao Leocardo e ao Bairro do Oriente

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