sexta-feira, 19 de junho de 2009
Os blogues dos outros
Como é possível o mundo dos homens ter uma memória tão fraca? Como é possível ser-se tão hipócrita? Como é possível deturpar-se tanto a história apenas porque passaram 10 míseros anos? Eu vivi em Macau 20 anos. Lutei pela liberdade de imprensa, de expressão, de reunião e de associação. Lutei contra poderes corruptos instituídos na administração. Editei jornais e revistas. Dediquei uma vida aos jornais, à rádio, à televisão e ao Grande Prémio. Assisti a toda a variedade de desmandos, prepotências, roubos dos dinheiros públicos, transferências astronómicas para empresas de comunicação social portuguesas e estrangeiras, à chegada de todas as construtoras portuguesas que sacaram a seu bel-prazer e dos seus "amigos" instalados na política, à prisão de grandes criminosos e de inocentes, à compra de dirigentes da administração, de juízes, de procuradores do Ministério Público, de directores de serviços, de secretários-adjuntos, de governadores, de ministros e de presidentes de Repúblicas. Um dia, cometi a asneira de me revoltar no meu jornal contra uma injustiça e uma ilegalidade praticada por uma personalidade importante. Foi o meu fim. Os tribunais fantoches da altura encarregaram-se de fazer o favor de escorraçar-me da terra que eu amava e onde sustentei a minha vida. Ainda tenho lá dois ou três amigos que me pedem para regressar. Digo-lhes que não se deve voltar ao local onde se foi feliz. Hoje, sem eira nem beira, neste ano de 2009, ainda possuo uma grande riqueza: a dignidade e o conhecimento cabal de tudo o que representa a história recente de Macau e especialmente de toda a elite que ontem foi abraçar Rocha Vieira. São os mesmos que abraçam toda a gente, mas também são os mesmos que espetam a faca nas costas a qualquer um que deixe de contar para o engrandecimento dos seus interesses. É assim há décadas, não há nada a fazer. Macau sã assi...
João Severino, Pau Para Toda a Obra
Todos os objectos - bem assim como os seres mais ou menos humanos - têm um período de vida útil que, em regra, não pode nem deve ser ultrapassado. É o caso da minha torradeira. Com muita pena minha, urge que seja substituída por uma mais possante. É verdade que a minha torradeira não tem as bochechas descaídas de um buldogue prestes a exalar o seu último suspiro, nem assevera - até porque, felizmente!, não bota faladura - que a derrota da esquerda nas eleições europeias é uma derrota da união europeia que levará a sobressaltos e violência (sic). Por conseguinte, no caso específico da minha torradeira, o seu ocaso não é resultado da senilidade. É apenas porque já não me torra o pão como deve ser; e ela sabe e aceita o seu destino de utensílio obsoleto com dignidade. Em suma, está disposta a calar-se de vez. Tomara fossem todos como ela.
VICI, MACA(U)quices
O Major ao longo da sua nobre vida tem sido alvo de vergonhosos ataques que indecentemente colocam em causa a sua honestidade. Mais uma vez a Polícia Judiciária voltou a importunar Valentim Loureiro e os "gondomarenses". Ainda tentaram atenuar a coisa garantindo-lhe "que não é nem será arguido" na actual investigação, que se diz estar relacionada com branqueamento de capitais - se assim é podiam ter evitado a visita lá a casa. Tudo isto é revoltante quando se sabe que não existe homem mais impoluto. Nem eu próprio. “Ninguém vai vencer o Valentim Loureiro nem os milhares de gondomarenses que o têm acompanhado”.
Pseudo-livreiro, A Leste da Solum
Está decidido. Na ressaca das europeias há que transformar a massada de cherne no prato regional europeu. Mesmo em França, terra de excelência culinária, os chef, Michelin incluídos, renderam-se ao foie gras de Epinephelinae e já inovam os paladares do velho continente habituados ao atum, por ser quem dantes não era peixe nem carne. José Manuel passou a ser o amuse bouche do povo europeu, atingindo assim o auge dos sonhos juvenis quando idolatrava o patamar de unanimidade de Mao, seu Sol Vermelho.
Luís Novaes Tito, A Barbearia do Senhor Luís
Já está. Ou melhor, está quase. Agora falta que o Conselho acerte agulhas com o Parlamento Europeu para que Durão Barroso tenha o caminho livre para, de novo, assumir a presidência da Comissão Europeia, em Bruxelas. Parece pouco claro neste momento se a eleição de Barroso no Parlamento poderá ocorrer em breve ou ser adiada para Setembro. No entanto, não deixa de ser significativo, parece-me, que os líderes, apesar de um apoio unânime, tenham refreado a intenção de nomear o presidente da Comissão formalmente e forçar sobre a assembleia o seu candidato. Sem reflectir agora sobre as questões que se prendem com a nomeação em Nice ou em Lisboa, acho que os chefes de estado e de governo mostraram que o Parlamento Europeu ainda apita qualquer coisa. Ruídos à parte, o que parece certo é que assembleia, hoje, ainda não está pronta para votar Barroso. Na conferência de imprensa que encerrou o primeiro dia do Conselho Europeia Barroso disse estar "honrado" e "até comovido". Só não chorou. Teve o apoio unânime de todos os governos da União Europeia, da esquerda à direita. Há muitos que pensam que só assim é porque, pela segunda vez, Barroso continua a representar apenas o acordo possível, o mínimo denominador comum.
Alexandra Carreira, Corta-Fitas
O Tio Patinhas tinha um sobrinho azarado que se chamava Donald. Como acontece naqueles contos de fadas que um dia se tornaram reais, esta saga da BD humanizou-se em Portugal em duas versões. Para os adeptos do Tio Patinhas, temos a história de um sobrinho azarado (Sócrates) tramado por um tio (Júlio Monteiro). A história ainda não acabou, mas acredito que tenha um final feliz para o sobrinho, para desgosto dos fãs do Tio Patinhas. Para os adeptos do Pato Donald, temos um tio (Isaltino Morais) que decidiu dar parte da sua fortuna a um sobrinho taxista que vive na Suíça, fazendo-o finalmente feliz. Só que esta história não tem um final feliz para os fãs do Pato Donald. O sobrinho de Isaltino não teve cabecinha e delapidou a fortuna em três tempos. Acabou constituído arguido por prestar declarações falsas em Tribunal. O tio, provavelmente, safa-se. Assim se demonstra que os contos de fadas podem ter finais felizes, mesmo quando são os “maus” a vencer.
Carlos Barbosa de Oliveira, Delito de Opinião
Estava eu muito bem (ou nem por isso, não interessa) a jantar, ouvi de relance, vi mal, por alto, não me fez sentido, não quis acreditar, mas depois vi e ouvi que era verdade: Elisa Ferreira disse alto e bom som para todos os portugueses e portuenses em particular ouvirem: se eu ganhar a Câmara do Porto, abandono as regalias e o trampolim de Bruxelas para me dedicar à minha cidade (a citação está correcta, mas não é literal). Repeti a frase para mim: “Se eu ganhar a Câmara, etc”….. Ou seja, se me derem a Câmara fico com vocês de alma e coração (coração grande e altruísta), se não me derem a vitória eu vou-me embora para Bruxelas ou Estrasburgo, ignoro-vos porque não me quiseram (esta citação já é especulativa e da minha responsabilidade, mas consequência da anterior, logicamente). Isto sim, é amor e coração luminoso: à cidade no seu todo, a Serralves, à Casa da Música, ao FC Porto, à Avenida da Boavista, ao Círculo Portuense de Ópera (fica-lhe bem, depois do governo de J. Sócrates ter destruído por muitos anos o S. Carlos), ao repovoamento de uma cidade despovoada, etc, etc. Amor. Coração dividido entre Porto e Bruxelas. Já não há políticos assim, ou cada vez há menos, infelizmente. Pela foto de Elisa Ferreira com Ana Gomes (felizes), suponho que esta irá fazer o mesmo por Sintra. Trocar as regalias de Bruxelas pela cidade de William Beckford. Ora, perante este clamor de coragem, eu tenho de terminar com o Pessoa da Mensagem (nem menos nem mais): agora sim, “É a Hora!”
Carlos Vidal, Cinco Dias
Lembram-se de Ana Gomes, de canastra de peixe, aos saltos, justo à base das Lages, perguntando aos locais pelos acorrentados que teriam sido vistos e que ela garantia serem de "voos da CIA"? Dois anos depois, milhares de folhas de papel e de horas de trabalho e conclui-se que era militares americanos e deportados portugueses. Ana Gomes quer agora ser Presidente da Câmara de Sintra. F^..-.e!
Range-o-Dente, Fiel Inimigo
Muitos dos nossos políticos, pedagogos e cientistas da educação enchem a barriga com a ideia de educação para a cidadania. Parece até que descobriram a pólvora. Mas que a educação serve para formar cidadãos é uma ideia tão velha quanto a própria ideia de educação. Os gregos chamavam-lhe paideia. Que ideia é essa? Bom, é a ideia de que formar cidadãos é ensinar-lhes a falar, a escrever, a contar, a argumentar, a avaliar, a pensar por si. Estas são as ferramentas necessárias para uma cidadania plena e esclarecida. Em suma, formar cidadãos plenos é ensinar-lhes bem Português, Matemática, Biologia, História, Filosofia, etc. Quem aprende bem estas coisas está em boas condições para se tornar um cidadão esclarecido. O resto é quase só ruído ideológico.
Aires Almeida, Crítica na Rede
Manifestar-se contra a ditadura de Ahmadinejad é um acto de grande coragem. Qualquer um daqueles manifestantes pode ser facilmente preso, torturado ou enforcado. Os enforcamentos dos dissidentes políticos em praça pública, bem como apedrejamento e lapidação de mulheres é comum neste regime. Estes manifestantes iranianos arriscam somente pela esperança de conseguir um dirigente menos ortodoxo e menos fundamentalista. Esperança muito escassa, mas esperança.
Carlos, Galo Verde
O papa Bento 16 disse nesta quinta-feira que os padres em todo o mundo devem permanecer fiéis a seus votos de castidade.
Em uma carta pública endereçada aos 400 mil clérigos da Igreja Católica, Bento 16 não chegou a mencionar explicitamente os escândalos de pedofilia envolvendo padres católicos em diversos países.
Comentário: Na idade dele deve ser fácil.
Carlos Esperança, Diário Ateísta
Consumam crianças biológicas.
Mais caras, mas provocam menos alterações climatéricas.
Rui Zink, Rui Zink versos livro
Obrigado Leocardo pelo destaque ao que escrevi, talvez com sentimento demasiado. Mas é o que sinto e o que me faz ainda sofrer ao pensar em Macau.
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