domingo, 31 de maio de 2015

Sporting ganha a taça "na raça" - uma elegia em verde e branco




O Sporting venceu a Taça de Portugal, quando tudo parecia perdido. Quebrados na Cruz Quebrada, sem luz em Queluz, de nada vale o Jamor: aos quinze minutos Cédric faz "penalty" e é expulso; Éder marca o primeiro; o Braga deixava a porta aberta para levar a Taça aos arcebispos.


Vinte e cinco minutos, o segundo - Rafa, qual gazela à solta no destro verde da cova do leão, nas covas deixa o verde Miguel Lopes, mal entrado no lugar do Mário [o João). A festa na bancada era minhota, rebentavam-se os rojões, de Braga eram os foliões, da outra que era verde restavam os pálidos camaleões, sobranceiros, angustiados, cinzentões.


Segunda parte, Sporting sem arte. Dançava o vira no banco o Conceição, desesperava o Marco Leão - tira o Camané, mete o Carrillo, outra substituição, só que ninguém apertava no gatilho. Nani liderava a revolta, no ar pairava o fantasma da derrota. Até que o jovem leão do Islão, Slimani de sua graça, reduzia quase no fim, restava esperança em levar a taça!


O minuto era o último, sofre coração Minhoto! Acaba lá o jogo, árbitro maroto! Mas do banco tinha vindo Montero, garboso colombiano, dos golos um pistoleiro (às vezes), que mesmo à beira do apito final, deixa o resultado outra vez igual, e lá se vai para o prolongamento - mais 30 minutos de tormento. Conceição não queria acreditar: já pensava estar na taça a segurar.


E a decisão foi para "penalties", pela primeira vez na história, e quando Braga já sonhava com a glória, eis que entre os postes o Patrício brilhava, e o Sporting mais uma taça conquistava. Um triunfo na raça, quando já poucos esperavam, o leão leva a taça, a cruz, a quebrada, levam os minhotos de volta para Braga - e mais nada.


Paciência Sérgio...


...e parabéns, lagartada! 


Fogo em palha seca


Foi como atear fogo em palha seca, assim sem mais nem menos, a Bloomberg diz que o desempenho da Economia de Macau é "deplorável", possivelmente a pior coisa jamais vista desde a Grande Depressão de 29. Esperem, muito, muito pior que isso. Cem depressões de 29. Macau é uma depressão de 2900. Como já disse aqui várias vezes, *detesto* Economia, mas gosto de gráficos de barras, tabelas, estatísticas, em suma, em Economia sou um bocado como as crianças mongolóides e os chimpanzés mais ou menos inteligentes: gosto de coisas coloridas, que façam barulho e andem à roda, e de preferência com luzes que piscam. E é exactamente o gráfico de cima "que pisca" para os gajos da Bloomberg, que se não é impressão minha, estão apenas a alinhar na "caixinha" que os nossos amigos americanos têm feito ultimamente no sentido de provocar a China, por tudo e por nada. Ora Macau é isso mesmo, China (mais do que aparenta, infelizmente, mas apenas porque gostávamos de ver concretizada a tal ideia do "elevado grau de Economia, entenda-se), e como tal um "crash" destes nos números da Economia dos últimos dois anos vem mesmo a calhar para que os gajos comecem para ali: - "Hey, loo'ka that! Geezus fuckin' Christ! Seen these numbahs of Macau's economy, God dam!" - "Oh fuck! Yeah! That's fucked up shit mudafucka" - "Ya bet, asshole! Just as sure as I came all over ya wife's face last night!".


Mas disto não falam eles, os sacanas, pois não? Olha ali o nosso PIB, todo vicoso, em crescendo, e agora permitam-me que cite o bruxo Alexandrino: "firme e hirto, como uma barra de ferro". É sempre a subir pelo rabiosque daqueles gajos acima, toma! Pois interessa lá se agora a China anda para lá a engavetar os gajos que cometem aqueles desfalques de centenas de milhões de remnimbis, à custa de empregos, da miséria de famílias, do desprezo pela vida humana ou pela solidez das infra-estruturas públicas, e depois vêm para aqui branquear o pilim pois caso ficássemos sentados à espera dos pindéricos dos locais para jogar estávamos feitos ao bife? Temos a dispensa cheia para o mais longo e rigoroso dos Invernos, não vêem? Tá bem, pois, agora parece que estão a despedir uns trabalhadores dos casinos, e anda por aí um regabofe que tal, mas isto deve-se apenas ao facto de um dos magnatas locais ter ficado com o coração nas mãos depois de só ter podido realizar um casamento de 60 milhões de dólares ao seu filho mais novo, que de olhos lavados em lágrimas recordou ao pai que poucos anos antes o irmão mais velho havia tido uma boda cuja conta ultrapassou os 100 milhões - isto são problemas dos ricos. Sim, eles também sentem, choram, e depois assoam-se em lenços da Bromley, da Duchamp, e por vezes até da Fiorio Milano. É triste.


E depois olhem para o nosso PIB per capita, o quarto maior do mundo! Aqui está a prova da desonestidade intelectual destes gajos: dizer que a Economia de Macau é "deplorável", ou que "bateu no fundo", é o mesmo que dizer que um residente de Macau aufere rendimentos e goza de uma qualidade de vida de fazer qualquer australiano, suíço ou canadiano babarem-se de inveja. Ainda bem que tivemos lá no Telejornal o Albano Martins, que essoutro sim, gosta de Economia (e de quadrúpedes, ruminantes, etc.) e explicou-nos que as coisas "não são bem assim". Nem bem, nem mal, não são assim e acabou a conversa! Macau não é bem uma Economia, quer dizer, é, mas é como dizer que a MLS e a J-League são ligas de futebol "sérias, competitivas e que dão gosto ver". É um bocado assim...qual é a palavra que eu estou à procura...ah! É uma farsa. Senão vejam:


Aí está a nossa balança comercial, e não, não está ao contrário. Aqui sim, somos a "number one in the world", quais quarto lugar, qual quê. Se os gajos da Bloomberg pegassem antes nisto, tinhamos aí aviões com ajuda humanitária a sobrevoar o céu de Macau em menos de nada, a despejar lá de cima sacas inteiras de sementes de girassol. Este foi o não-resultado do não-investimento na diversificação da Economia: é o que nos deu o tal Parque Industrial da Concórdia, do qual nunca chegou a ser lançada a primeira pedra. É que apesar de termos a pior balança comercial, pior  índice de investimento externo, um registo de vendas a retalho de meter dó, em suma, não vendemos um parafuso que seja para lado nenhum, mas temos uma folha de pagamentos limpinha, limpinha, reservas a dar com um pau, e uma taxa de desemprego de 1,7%, das mais baixas do mundo (certamente uma das mais baixas da Ásia). Ah sim, e não se esqueçam que os 98,3% da população activa que compõe o mercado de trabalho aufere rendimentos "per capita" superiores aos próprios Estados Unidos!


Agora...compararem-nos com a Grécia?!?! Haja dó. Estão a ver este gráfico aqui em cima? Isto não é o PIB grego, mas sim a percentagem da dívida do Governo em relação ao PIB. Isto vale por dizer que nos próximos cinquenta anos não vão nascer gregos que aceitem trabalhar de borla em número suficiente para liquidar esta dívida. Estes são uns tipos tão habituados ao calote que quando toca o telemóvel do gajo sentado ao lado deles já dizem compulsivamente: "se for para mim não estou". Quando um turista aborda um ateniense para lhe perguntar o caminho para o Partenon ou para o raio que o parte, o ateniense mostra-se arisco, e antes que o forasteiro abra a boca já soltou um "o que é, pá? pago-te amanhã, fogo! unha-de-fome!". Comparar-nos, a nós, com a Grécia? Isso é que é a grande tragédia.


Portugália: afinal, como é?


Fui hoje à Taipa, facto que só por si é notícia, tal a a aura de raridade com que se reveste, e uma vez lá pelas ilhas a prioridade, antes de todo o resto, era almoçar. Fazia planos de ir até ao espanhol da Rua do Regedor, ou quem sabe dar um pulinho até à Marisol (me gusta los tacos y burritos), mas descendo pela azinhaga da velha Taipa, deparei a Portugália. Esta Portugália, filha mais nova da autêntica, da genuína, da alfacinha este ano nonagenária, foi inaugurada há alguns meses, e lembro-me de ter tido uma acesa discussão (pacífica, note-se) sobre a sua localização. Também não tinha bem a certeza, mas dei com ela sem querer, e por isso...porque não? Vamos lá "matar o bicho", então.


Este era o aspecto do interior do local, não muito amplo e muito menos concorrido. Sim, era Domingo, sim, vim para almoçar, mas também já passava das 4 da tarde, pelo que a esta hora calculo que se tenham dado por findas as hostilidades das duas horas seguintes ao meio-dia. Bem, espero que tenha sobrado alguma coisa...


Que disparate, claro que sobrou - estamos aqui a falar de uma Cervejaria, não de um restaurante de finórios (mesmo que aqui as linhas se cruzem, mas não se nota). O menu é um "notepad", muito bem, "very sofisticated", mas a hora da verdade aproxima-se: afinal, o que se come aqui?


Para entrada umas ameijôas à Bulhão Pato - "not too shabby", nada como algo mais previsível para começar, e assim não pareço muito extravagante. E como estavam? Di-vi-nais! O molho estava no ponto, bem guarnecida de limões e o pão onde se ensopava o referido molho era pão como deve ser, não aquele plastificado das padarias chinesas. Mesmo ameijôas eram umas senhoras ameijôas, e não aquelas bicharocas subdesenvolvidas que apanhamos por aí no mercado, com mais areia do que outra coisa. Aprovado e comprovado.


Para o prato principal pedi Pica Pau, que é daquelas coisas que "does the job" quando toca a encher a barriga. Em Macau já é um sucesso quando o bife não está rijo como os cornos de quem o cozinhou, mas aqui deixem-me dizer-vos que estava mastigável e deglutível ao ponto do soberbo: nem rijo, nem se desfazia na boca. Em suma, parecia mesmo que estava ali a comer qualquer coisa de jeito. Os picles e as azeitonas estavam tal e qual como eu gosto. É como podem ver aqui na imagem, senhoras e senhores, meninos e meninas.


A minha acompanhante optou pelo célebre "Bife à Portugalia", algo cuja fama dá ao deprimente "bife à casa" comum um outro "elan". Julgo que nunca provei o autêntico, mas pelo menos no que a bifes grelhados mergulhados em molhos turvos onde na composição é apenas possível identificar vestígios de vinhaça diz respeito, este anda pelo "suculento" e o "de chorar por mais" - para não exagerar nos louvores, que são mesmo assim inteiramente merecidos. A acompanhar tivemos batatas fritas, que apesar de serem obviamente congeladas, não vinham ocas por dentro e ensopadas em óleo, como ja é tão comum encontrar em Macau, que já nem o mais exigente dos "gourmet" desespera. Para beber pedi uma caneca de imperial Heineken, servida com grau de frescura perfeito, e no fim "saltámos" a sobremesa e fomos directos para o café.  


Fomos superiormente atendidos por este senhor, que após uma breve consulta na net fiquei a saber responder pelo nome de Diogo Vieira. Palavras para quê? Olhando para ele dá para ver logo que ali se come bastante bem; e nao me refiro apenas à sua ampla moldura (tanto melhor, que assim fica menos vulnerável a apanhar gripe), mas tambem pela simpatia e boa disposição que irradia. Um bom cozinhado é no fundo um pouco como uma boa queca: dá para perceber se a pessoa comeu bem - nos dois sentidos, lá está - ou se teve que se contentar com qualquer coisa feita à pressa, sensaborona, e em alguns casos de origem duvidosa e muito longe da frescura ideal. A conta ficou em pouco mais de 700 patacas, o que se pode considerar alto puxadote para duas pessoas, mas já em jeito de conclusão deixem-me que vos diga apenas isto: recordo a ida a Portugália por aquilo que comi, e nao pelo que paguei. E um dia destes volto para "investigar" os bichos do mar. Até breve!



Três "sequinhos", pagam os rapazes



Portugal estreou-se a ganhar no mundial de sub-20, que teve ontem início na Nova Zelândia, ao bater o Senegal por expressivos 3-0, um resultado com números justos, mas construído apenas no final do encontro. Portugal não podia ter começado melhor o encontro do Waikato Stadium, em Hamilton, marcando logo no primeiro minuto, numa jogada onde a defesa do Senegal parecia não estar a levar os jovens portugueses a sério. Depois de uma bola perdida que necessitou a intervenção do guardião Ibrahima Sy, os defesas africanos teimavam em trocar o esférico entre si no seu no seu último reduto, e numa distracção o avançado André Silva desarma um adversário e cruza de imediato para o lado direito, onde numa desmarcação impecável surgiu Gelson Martins, que não desperdiçou a oferta. O Senegal, vice-campeões africanos, ficou com as contas baralhadas, e os seus jogadores, na maioria dos casos nascidos em França e formado nos escalões juvenis de equipas francesas, nunca foram superiores aos jovens portugueses, e iam compensando com "fruta" o que lhes faltou em técnica e imaginação: 19 faltas contra de 8 de Portugal e dois jogadores seus a verem o cartão amarelo dá uma pista sobre a dureza exercida sobre os jogadores lusos. O Senegal precisava de correr atrás do prejuízo, mas era Portugal quem dispunha das melhores oportunidades de golo, e algumas delas demonstraram uma displicência que numa fase adiantada do torneio poderá ser fatal. Noutros casos ou Sy intervinha, ou na falta dele o poste da baliza impedia que Portugal adquirisse uma vantagem mais confortável. Foi só ao cair de pano que Portugal deu uma expressão mais justa ao marcador, e pode-se dizer que a "arma secreta" estava no banco: Nuno Santos, extremo-esquerdo do Benfica, que esteve nos dois últimos golos da sua equipa. Entrado para o lugar de Gelson aos 89 minutos, pega pela primeira vez na bola para fazer um cruzamento com conta, peso e medida para meio da área do Senegal, onde André Silva surge a cabecear para um golo já mais que merecido. Já nos descontos foi o próprio Nuno Santos a marcar, lançado por Raphael Guzzo, que desmarca o companheiro no flanco esquerdo e este, perante uma saída extemporânea de Sy marca o 3-0, fazendo o resultado. Na outra partida do Grupo C, onde Portugal está incluído, a Colômbia venceu o Qatar por uma bola a zero, enquanto noutros grupos destaques para o empate a duas bolas da Argentina frente ao Panamá, no Grupo B, enquanto no Grupo D o México seria surpreendido pelo Mali, perdendo por 0-2, enquanto o Uruguai vencia a Sérvia pela margem mínima. Portugal joga na quarta-feira frente ao Qatar, com a partida a disputar-se ao meio-dia, hora de Macau.

A taça foi para o Lago Ness! Argghhh!



Argghh!! O Inverness Caledonian Thistle, agremiação escocesa sediada mesmo junto às margens do Lago Ness, onde habita o famoso monstrinho, entrou para a galeria dos clubes a vencer a Taça da Escócia, tornando-se o 25º a fazê-lo. Na final os "cardos" derrotaram o Falkirk, que já tinha vencido o troféu em 1913 e 1957...pfff...também era altura de deixar mais alguém ganhar alguma coisinha, sinceramente. Os dois golos do Inverness foram apontados por jogadores ingleses: primeiro pelo extremo Marlon Watkins, aos 38 minutos, e aos 85 por James Vincent, depois de cinco minutos antes o Falkirk ter empatado por Peter Grant, e quando o Inverness jogava com dez devido à expulsão de Carl Tremarco. Foi o primeiro grande troféu do Inverness, fundando apenas 1994 pela fusão de dois clubes rivais, o Caledonian F.C. e o Inverness Thistle, que disputavam os campeonatos regionais das Highland, as terras altas do norte da Grã-Bretanha. Estrearam-se na divisão principal em 2004 e só não o fizeram antes porque o seu estádio, o Tulloch Caledonian, não cumpria com as exigências da federação escocesa. Desceriam à First division em 2009, regressando no ano seguinte para não mais descer, e esta época obtiveram a melhor classificação de sempre na liga, um 3º lugar, atrás do campeão Celtic e do vice-campeão Aberdeen. Estão de parabéns, os bravos escoceses das margens do Lago Ness.

"Lobos" levam taça na Alemanha



E foi mesmo um fim-de-semana de finais de taça, que tem também mais logo no Jamor a decisão da portuguesa, que colocará frente a frente o Sporting e o Sp. Braga. Entretanto na Alemnha o VfL Wolfsburg fez história ao conquistar pela primeira vez a DFB Pokal, derrotando na final o Borussia Dortmund por 3-1. O Wolfsburg, que foi a "next best thing" na Alemanha este ano, terminando o campeonato em 2º lugar a dez pontos do "imperial" Bayern de Munique, marcou os três golos por Luiz Gustavo, Kevin de Bruyne e Bas Dost, aos 22, 33 e 38 minutos, respectivamente, depois de Pierre Aubameyang ter adiantado o Dortmund no marcador logo aos 5 minutos. O Dortmund terminou a época em sétimo lugar, muito abaixo das expectativas, e o treinador Jürgen Klopp, que se fala poder estar a caminho do Real Madrid, sai sem glória. Contudo o Wolfsburg vai para a Liga dos Campeões na próxima época, o que permite ao finalista derrotado uma entrada na 3ª pré-eliminatória da Liga Europa, à medida do que aconteceu com o Aston Villa na Inglaterra e com o Athletic Bilbao em Espanha.

Barça à beira do pleno



Outra final da taça disputada numa das monarquias europeias aconteceu em Espanha.Perdão, esta primeira frase está uma autêntica lástima, permitam-me ser mais preciso: disputou-se na Catalunha a final da competição designada "Taça do Rei" da união dos reinos contrariados que dá pelo nome de Espanha. Curiosamente frente-a-frente estavam duas formações que já diziam ao rei onde podia meter a taça: o Barcelona e os "deabruen" bascos do Athletic Bilbao. Curiosamente estavam em campo duas das equipas com maiores pergaminhos na prova, pois para o Barcelona esta foi a 37ª final, e para o Athletic a 35ª, e melhor do que isto só mesmo o Real Madrid, que participou em 39 finais desde 1903, primeiro ano em que se realizou a competição oficial mais antiga do país de "nuestros hermanos". O jogo foi mais uma oportunidade para Messi brilhar, e foi muito graças ao génio do argentino que os catalães levaram o 27º "caneco" da sua história. Primeiro o "pulga" deu a marcar a Neymar aos 19 minutos, mas o brasileiro estava em posição irregular e não valeu, portanto teria que ser o próprio Messi a quebrar o enguiço logo a seguir, com mais uma jogada daquelas de "partir os rins" à defesa adversária, fazendo mais um dos golos com a sua marca. Ainda na primeira parte Neymar fez o segundo, numa jogada de combinação com Luís Suarez, os dois sobredotados que juntamente com Messi formam aquele que é considerado o mais acutilante tridente ofensivo do futebol mundial. Já no segundo tempo Messi fez o terceiro, após assistência de Dani Alves, e o Bilbao fez o ponto de honra a dez minutos do fim, por Iñaki Williams. O Barcelona junta a taça ao campeonato, e pode ainda fazer o pleno caso conquiste a Liga dos Campeões no próximo Sábado frente à Juventus, na final que se realizará no Olympiastadium, em Berlim. Nada mau para o ano de estreia do técnico Luis Enrique, mas com jogadores deste calibre...

FA Cup dá recordes a Arsenal e a Wenger



O Arsenal venceu ontem pelo segundo ano consecutivo a FA Cup, derrotando com relativa facilidade na final de Wembley o Aston Villa, por expressivos 4-0. O internacional inglês Theo Walcott inaugurou o marcador pouco antes do intervalo, aos 39 minutos, culminando uma jogada de insistência do ataque da sua equipa, e onde se viu que a defesa adversária não estava nos seus dias, tanta que foi a timidez em retirar o esférico da sua zona de perigo. No entanto a defesa do Villa pouco podia fazer para deter o "míssil" disparado por Alexis Sanchez ainda fora da área, estavam decorridos 49 minutos, já pouco depois do reatamento. A força e a colocação do remate do chileno começavam a indicar que a taça ia ficar mesmo em Londres. E de facto assim foi, e se dúvidas restavam, ficaram completamente dissipadas dez minutos mais tarde, quando o defesa alemão Per Mertesacker faz o 3-0, num golo de cabeça após a marcação de um canto, onde ficou bem demonstrada a passividade da defesa do Villa. O seu treinador Tim Sherwood desesperava no banco, e na tribuna de honra o príncipe William também não estava com boa cara, ele que é adepto da equipa de Birmingham, curiosamente. O quarto e último golo chegaria no terceiro minuto de descontos, da autoria do francês Olivier Giroud, que após passe da direita de Alex Oxlade-Chamberlain, surge no limite do fora-de-jogo a atirar para o fundo da baliza do veterano Shay Given, que já tinha a sua defesa a meio caminho do duche. O Arsenal conquistou pela 12ª vez a FA Cup, tornando-se assim a equipa que mais vezes conquistou o troféu, contra 11 do Manchester United, e o treinador Arsène Wenger, que vai para a 20ª temporada ao comando dos "gunners", tornou-se também no técnico que mas vezes venceu a competição oficial de futebol mais antiga do mundo, fazendo-o pela sétima vez. Ao Aston Villa resta o consolo de ir disputar a terceira pré-eliminatória da edição 2015/2016 da Liga Europa, uma vez que os arsenalistas foram terceiros classificados na Premier League, e como tal entram directamente na fase de grupos da Champions League.

As flores do mal (pelo sobrinho-neto distante de Baudelaire)


Além da maldita sonolência provocadas por 1) trabalho, 2) calor, 3) antibióticos e xaropes para a gripe, esta provocada por 1) poucas horas de sono, 2) ar-condicionado alternado com o calor e a humidade, e lá está o suor, tive uma semana chata p'ra c*****o por não andar com pachorra para mandar à fava quem à fava devia ser mandado, e com bilhete só de ida. Vou tentar compor estas linhas de forma a não revelar o caso ou a pessoa em causa, e se há pessoas que vão ler e eventualmente reconhecer a referida situação, não será com toda a certeza por terem ouvido, visto ou lido algum comentário da minha parte - é a primeira vez que me pronuncio, de todo. Não sei se com isto estou a dar demasiada importância ao assunto, mas como tenho, segundo dizem os chineses, "um pescoço muito duro", penso que assim ficamos em paz com os anjinhos.

Acordei na segunda-feira do sono dos justos já passava da uma da tarde, e este foi apenas o início de uma semana em que passei na cama 80% do tempo em que não estive a trabalhar. E mesmo aí por vezes foi um sacrifício para manter as pestanas descoladas. Enfim. Portanto, ainda mal acordado verifico as mensagens, e apesar de nunca estar à espera de nada de surpreendentemente positivo, fui sobressaltado com uma mensagem no Facebook da autoria da pessoa em questão. Juro que fiquei uns bons 30 segundos a tentar encaixar o personagem com o sentido da mensagem, mas logo me apercebi que isto seria uma daquelas tarefas ingratas que me deixariam com uma mancha no fígado, na pior das hipóteses. A tal criatura não gostou de algo que escrevi a seu respeito (que nem foi nada que ocupasse mais que uma ou duas linhas), aparentemente pecando por omissão, ou inexactidão, não sei bem, e nunca daria para saber, pois antes que pudesse então pedir caridosamente que me elucidasse sobre exactamente onde errei e qual seria a versão correcta da "inverdade", apercebi-me que me tinha bloqueado, assim, sem mais nem menos.

Isto para quem acaba de acordar é especialmente confuso, permitam-me que desabafe, pois não acusei a pessoa em causa de ter cometido qualquer dos crimes contemplados no Código Penal, não declarei, insinuei ou sugeri fosse o que fosse, e aos olhos de qualquer pessoa com olhos agarrados a um pedaço de massa cinzenta para onde a mensagem seja transmitida e interpretada, não cometi sequer nenhuma deselegância. Estando eu, como já disse, bloqueado, fui por outros meios "medir as ondas" (há outras pessoas com conta do FB cá em casa, sabia?) e observei que o S. João tinha chegado um mês mais cedo este ano. Nesse dia e nos dois seguintes aquilo é que foi montar o arraial, lançar os foguetes e apanhar as canas. Foi como naquela piadola brejeira que se diz a respeito dos coelhos: "vai ser tão bom, não foi?". Deu também para perceber que mesmo sem querer tinha atingido ali um nervo qualquer, tão profundo e sensível que só poderia mesmo ter sido por acidente.

Acidente ou não, a verdade é que nunca tive jeito para "bombo da festa", e se pessoas houver de quem eu tenha a consideração e o respeito em doses q.b. para me deixar ficar, ou ainda ir ao ponto de procurar apaziguar o mal-estar reinante, V. Exa. não se inclui com toda a certeza nesse grupo. Posto isto, deixo ponto assente que:

- Conhecia-a mal, posso mesmo dizer agora com uma confortável margem de segurança que não a conhecia de todo, e V. Exa. incluía-se no rol de pessoas que, não sendo ou tendo alguma vez sido íntimas da parte que me toca, tratava com a mínima deferência exigida nessas circunstâncias.

- Repare como digo "tratava", pois quem, completamente de surpresa, sem qualquer ataque ou provocação da minha parte me agride desta forma, deixa de fazer parte do conjunto de mamíferos, verterbrados, bípedes ou outros organismos pluricelulares que valha a pena identificar ou sequer atribuir importância à massa que ocupam no mero contexto da Física como ciência.

- Não penso que tenha "escrito sobre" V. Exa. especialmente, - e agora a propósito da mensagem que me deixou - mas nesse particular pode ficar tranquila que isso não vai acontecer, e só não digo "mesmo quando se justifique", pois para mim isso seria sempre NUNCA.

- Deve ser óptimo acordar um dia e descobrir-se que não somos esquimós dos Inuit, mas antes dos Yupik, não sei, nunca tive essas crises de identidade nem me senti especialmente "rafeiro" para precisar de me encostar a qualquer "tribo". Contudo fico mais descansado que tenha arranjado novos amigos, que assim esses aturam as (muitas) perdas de altitude emocionais que se vão dando nessa viagem.

- Finalmente, quanto ao "e agora?", e se quiser dizer que não está preocupada ou até que se está "nas tintas", óptimo! Ralar-se com isso seria muito mais intimidade do que o recomendável nestes casos. Se me quiser virar a cara quando me vir na rua, não me resigno a que o faça: recomendo, até, pois quem vilipendia as mais básicas regras da conduta social como V. Exa. fez neste caso, só pode esperar encontrar no meu semblante a expressão do mais enegrecido e séptico dos desprezos.

Posto isto desejo que prospere, floresça e frutifique em todo o seu asinino esplendor, de preferência o mais longe que puder da minha pessoa e de todas as valências directa e (se possível) indirectamente com ela relacionadas.

Leocardo


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Taiwan - uma viagem de reconhecimento


Peço desculpa mas não tenho lá muito jeito com o Photoshop - o que vêem ali é o que há.

Na minha primeira viagem para Macau, em Agosto de 1993, tive a sorte de fazer aquela que tinha sido então a maior viagem da minha curta vida de 18 anos em boa companhia. No voo entre Londres e Hong Kong o destino quis e a aleatoriedade da marcação dos assentos pela British Airways proporcionou a que viesse sentado ao lado de uma menina chinesa, que na altura seria apenas dois ou três anos mais velha que eu - ou menos jovem, que juntos não teríamos a idade que tenho eu agora. Passámos praticamente todo o tempo a conversar, ficámos amigos e no fim da viagem trocámos contactos. Numa daquelas coisas que se diz nestas ocasiões prometi ir visitá-la um dia "no seu país", de que conhecia o nome e pouco mais: Taiwan. Era chinesa, sim, mas de Taiwan, uma diferença que vai dando para ter em conta à medida que nos vamos deixando ficar por esta realidade que compõe os três vértices do triângulo do grande gigante asiático que é a China: o continente, Macau e Hong Kong, e Taiwan, que é considerado pelos primeiros uma província rebelde, pelos últimos uma referência, e por Macau...bem, um sítio onde se come bem e fica a pouco mais de uma hora de avião. Apesar de parecer fácil e a distância ser curta, seria apenas quase 22 anos depois de travar conhecimento com esta minha amiga que finalmente visitava o seu país. Se lhe estava a dever a visita, menos uma coisa que fica por pagar.


É chato, quando "chovem malas"...

Voei do aeroporto internacional de Macau na sexta, dia 1 de Maio, pelas 22 horas, depois de ter passado o dia inteiro a dormir. Juro que isto é verdade. Como sempre deixei a organização com a minha mais que tudo, que ousou experimentar uma nova companhia de "low-cost" sediada exactamente em Taiwan, a "V-Fly". A mascote desta companhia é aquele simpático ursinho de suspensórios, sempre sorridente, presente um pouco por todo o lado no avião, ora a avisar para a queda das malas, ou a dizer para não fumar nos lavabos. Um pândego. A malta da companhia é jovem, usa um uniforme refrescante, leve, e são apresentados como se fossem jogadores de uma equipa de futebol. O voo decorreu suavemente, e menos de uma hora e meia depois estava a aterrar em Taipé pela primeira vez. Parece pouco, mas para mim o que continua a ser o grande mal das viagens de avião é o tempo que se demora a descolar, a aterrar, a chegar ao terminal, a esperar pelas bagagens e tudo isso. Viajámos apenas com bagagem de mão para poupar tempo neste último particular, mas no aeroporto da capital nacionalista há um "handicap" no que toca à organização do departamento de imigração. Tanta, mas tanta gente, que pensei que os japoneses tinham invadido outra vez e toda a gente se preparava para fugir (por acaso ia a entrar, o que faz com que nem seja necessário retrair-me do humor negro histórico utilizado). Pelo menos nota-se simpatia por parte do pessoal alfandegário.


Batata-doce de madrugada? Quem diria...

A desvantagem de se chegar já de madrugada a um destino que ainda por cima visitamos pela primeira vez é o de estar toda a gente a dormir, indiferente à nossa presença. Deve ser psicológico, mas tenho sempre a sensação que quando vou a um lugar onde nunca estive antes, esse facto é facilmente perceptível pelos locais, que olham para mim como se isto estivesse escrito na testa. Em Taiwan a sensação é menos "exótica", por assim dizer, pois parece que passámos para o continente vindos de Macau, mas num tom acima, e alguns ainda abaixo de Hong Kong - que diabo, ultimamente as primeiras impressões sobre os sítios novos onde chego têm andado a bater certo; ou estar a ficar velho e com menos expectativas ou então é o tal "amadurecimento" que se diz que os homens atingem, morrendo pouco depois. Os aeroportos têm sempre tudo, mas não são convidativos, especialmente para um destino novo, misterioso, pronto para ser explorado...no dia seguinte. Chegado ao "apart-hotel" (e era isso mesmo do que se tratava) fui ao Family Fart ali próximo onde finalmente confirmei aquilo que sempre me foi dito: Taiwan é o paraíso do "bom gourmet". De facto em termos de variedade devem ser imbatíveis, e a isso junta-se uma criatividade espantosa, e claro, os taiwaneses fazem questão de se distinguir dos seus irmãos do continente por dar primazia ao controlo de qualidade. Costumo comprar sobretudo líquidos: sumos, leite, batidos, chás, tudo o que previna o pesadelo que é acordar a meio da noite com sede,  longe de casa e sem nada para beber. 


So? Go!

A noite não foi de todo tranquila, pois a minha cara mia acordou-me em sobressalto, queixando-se de que lhe doía não sei o quê, ao ponto de me deixar uma espécie de testamento verbal e tudo. Mais tarde confessou-me que eram seis da manhã, mas só deu mesmo para abrir metade de um olho e virar-me para o lado. De facto dava para ver que estava mais pálida que o habitual, mas não detectei qualquer hemorragia, fracturas expostas ou orgãos vitais de fora, por isso virei-me para o lado e voltei a dormir. Algumas horas mais tarde (muitas, por sinal) acordei, e como vi que continuava viva perguntei-lhe se ainda queria ir ao hospital. Eram quase duas da tarde quase nos metemos a caminho do hospital, cuja direcção ela dizia conhecer. A este ponto devia talvez referir que ao contrário de mim, a minha esposa já foi a Taiwan várias vezes, e dizia saber orientar-se - dizia. Ao contemplar pela primeira vez a luz do dia em Taipé deparei logo ao virar da esquina com o centro comercial da Sogo, uma espécie de "estrela polar" para quem fica instalado na zona de Zhongxiao Fuxing. Estava com um bocado de larica, mas queria resolver o mal-estar da minha parceira primeiro, e antes de mais nada arranjar um cartão de internet para o smartphone - ainda o mundo acabava e ali, na ilha que os navegadores portugueses de quinhentos baptizaram de Formosa, sem nada saber. Foi aí que apanhei com um choque de frente; os estrangeiros têm que fazer registo no momento da compra do cartão, e para o efeito é necessário apresentar passaporte, e - erro crasso da minha parte, agora que penso nisso - o BI do país de origem, ou equivalente. Acontece que o passaporte é de Portugal e o BI  de Macau, e não sendo estes documentos compatíveis, o registo não pode ser efectuado e em vez cartão na mão fico a chupar no dedo. Podia ter simplesmente alegado que só viajava com passaporte, mas pensando bem, ia só ficar dois dias inteiros e há "wifi" em toda a parte. Taiwan é dos sítios onde fui até agora com a maior área de cobertura "wifi".


Um hospital. Em Taipé. É só.

Uma vez que não atinávamos com a porcaria do hospital mais próximo, mesmo depois de ter pedido direcções ao simpático povo taiwanês umas quatrocentas vezes, apanhámos um táxi que nos deixasse à porta de um qualquer local que não pudesse ser confundido com outra coisa qualquer. Tenho um filme que fiz nos dias em que estive na capital taiwanesa que editarei quando me der para isso, mas vou adiantando que não é nada de especial - nunca é, eu sei, mas desta vez ainda é menos. Mas é ali que eu falo durante alguns segundos sobre este hospital, um dos vários que existem espalhados por Taipé, e onde digo que tem um aspecto semelhante ao do Kiang Wu, em Macau. Fiquei sentado na sala de espera das urgências durante mais de duas horas enquanto a minha mulher era atendida. Atenção: ERA ATENDIDA, não enquanto esperava para ser atendida. Passei pelas brasas, visto que apesar da rede "wifi" decente que cobria o hospital estava a ficar sem bateria. Quando terminou a consulta já passavam das cinco da tarde, e a larica tinha-se tornado numa crise civil. Metemos-nos noutro táxi de volta ao Sogo, até porque chovia. Choveu todos os dias enquanto lá estive, talvez um pouco mais intensamente na última noite, mas nada que fosse estragar o que quer que seja, pois não havia planos nem expectativas. Naquele momento havia só fome.


Há dias em que eu queria ser vaca...pelos estômagos, entenda-se.

Quem me segue pelo Facebook e estava atento nesse dia deve-se recordar, pelo menos vagamente, de algumas destas imagens. De facto fiquei impressionado com o esmero e com a apresentação de quase tudo o que vi. Talvez o senão seja o facto de todas as lojas de conveniência tresandarem a um cheiro daquele ovo cozido numa espécie de caldo vegetal, que julgo ser uma receita tradicional desta região, que inclui a província chinesa de Fujian, a área de costa da China mais próxima de Taiwan, e de onde a maioria dos habitantes da ilha tem descendência. Diz-se das gentes de Fujian que são unidos, que têm pelo na venta, e na hora de se juntar são piores que os ciganos. Pelo que me foi dado a perceber os taiwanenses não são nada assim, ou pelo menos não o demonstram. Parecem-me cordiais, exibindo uma civilidade e civismos acima de qualquer suspeita, são sem sombra de dúvida menos ríspidos que os chineses e para isso até ajuda a pronúncia do Mandarim que falam, mais musical. Também não vi ninguém a cuspir no chão, ou a expelir o ranho segurando o nariz com os dedos em forma de mola,  a palitar os dentos sonoramente com a língua, ou dobrado a sacudir a caspa. Imaginem que mesmo estando a chover, não reparei em ninguém a usar saco de plástico na cabeça, ou aquelas capas de chuva que protegem da água do céu mas deixam quem as usa a suar em bica - e esteve algum calor, pelo menos até ao último dia. Até os modos são outros, comparando com o continente, Macau e até Hong Kong. Apesar de ser o fim-de-semana do 1 de Maio e o comércio estar apinhado de gente, não vi empurrões, fura-filas, gente aos gritos, nada. Imaginem que em dois dias e três noites não me irritei uma única vez com ninguém! Pode-se dizer que juntamente com as férias na acepção turística do termo, tirei ainda férias dos "foram-se" e dos "carvalhos" que vou grunhindo entre dentes aqui em Macau cada vez que saio à rua. 


Goulash: optei pela Hungria porque estava mesmo..."hungry"!

Poderia ter apreciado com muito mais detalhe a graça dos taiwaneses nesse dia se não estivesse quase a desfalecer de fome - e andar ali a comer bolos e pães com os olhos também não ajudava muito. Os restaurantes pareciam sempre cheios, a todas as horas do dia, e o facto de serem quase seis da tarde e estar ainda para fazer a primeira refeição do dia dava para comer quase qualquer coisa. E digo "quase" porque sinceramente não tinha vontade nenhuma de provar as especialidades locais, que neste Sogo se podiam encontrar em aglomerados de restaurantes praticamente a portas-meias uns com os outros. Não é por uma questão de preconceito, e sou uma pessoa aberta a todas as experiências gastronómicas dentro do que considera "comestível": qualquer alimento inerte e imóvel que não tenha cheiro ou gosto atroz e não me provoque a morte depois de o consumir. Mas bolas, era a minha primeira refeição diga desse nome que fazia em Taiwan, e tinha que ser memorável (ou pelo menos "lembrável"). O que não é comida chinesa é outra coisa, e aí há muito por onde escolher, e optei por um "bistrot" ao estilo vianês localizado no décimo andar do edifício, e também o último. O único senão foi faltarem alguns dos itens do menu (é muito mau oferecer aquilo que não se tem, meus amigos), pelo que pedi um Goulash, o prato nacional da Hungria, que tinha no cardápio o mesmo bom aspecto que se vê na imagem em cima. Para empurrar pedi uma cerveja austríaca, e assim recreei uma versão gastronómica do império austro-húngaro, que assim foi restaurado no meu estômago durante algumas horas, até acabar por ter o mesmo destino que o original. Enquanto esperava pela comida dei um toque (finalmente) ao meu camarada Eric Sautedé, na esperança que ele estivesse interessado em saber as minhas primeiras impressões sobre o tubo-de-ensaio da democracia chinesa, e não é para meu espanto que ele me diz que está em Taipé com a família, e voltaria para Macau no dia seguinte. Sem mais demora combinámos um pequeno rendez-vous duas horas mais tarde, num bar que ele escolheu, de modo de aproveitar esta oportunidade. É daquelas coisas que combinadas com antecedência acabavam por nunca acontecer.


A janela para a "outra China"

O local de encontro era o China Pa, um bar situado num edifício que ficava a menos de dez minutos de táxi de onde eu estava instalado, e a esta hora se calhar estão a pensar que muito andei eu de táxi por ali. E de facto é verdade, mas é prático apanhar um táxi, não se espera mais de dois minutos por um que pare mesmo à nossa frente, e é barato. Os taiwaneses precaveram-se dos truques que os taxistas desonestos usaram em Macau utilizando um sistema muito simples: uma tarifa normal no turno diurno, outra acrescida no nocturno e ainda uma taxa extra para tomadas depois das 11 da noite. Claro que isto implica uma fiscalização competente e ninguém me diz que em circunstâncias idênticas os taxistas de Taipé não fariam o mesmo, mas isso já são muitos "se", e verdade seja dita os taxistas ali são disciplinados, simpáticos, tentam falar o pouco de inglês que sabem (e que até nem é  tão mau assim), e mais importante, mantêm a viatura limpa e apresentável. Assim chegado ao local de encontro, pude ter umas noções do que é a vida nocturna taiwanense, mesmo que mínimas. O tal China Pa fica num dos andares superiores de (mais) um edifício comercial e é decorado com motivos que nos remetem para a China Imperial, como se pode ver na imagem de cima (na de baixo não sei se é perceptível, mas chovia). Como os Sautedés vieram com as crianças não ficámos até muito tarde, e além disso era Sábado, por isso havia música ao vivo e não dava para trocar grandes impressões, por isso ao fim de duas bebidas por cabeça saímos dali. A experiência valeu por duas razões que destaco: deu para perceber que de facto a influência norte-americana é forte, e isto nota-se no inglês que os taiwaneses falam, e pela primeira vez notei a presença de mulheres bonitas. Aqui, e falando apenas na condição de observador, Taiwan foi uma desilusão.


Vejo que estão todos contentes, sim senhor...não entendo é porquê...

Domingo. Não choveu tanto como no Sábado nem como no dia seguinte, pelo que o tempo convidava a visitar alguns locais de interesse, como foi o caso deste Memorial ao Dr. Sun Yat-sen, que como se sabe foi em 1911 o fundador da República da China, e continua a ser uma inspiração para todos os chineses - mais os de Taiwan, sendo para os outros tido como uma referência apenas graças à sua contribuição para o fim da dinastia dos Qing, e consequentemente da China imperial. O local tem um interesse do ponto de vista..."museístico",  chamemos-lhe assim, e fica na Avenida Xinyi - e pode ser que isto interesse - e se ficar no Hotel Shangri-La ou no Grand Hyatt fica quase mesmo a dois passos do local. Foi também neste Domingo que tive a oportunidade de viajar no metro de Taipé, que se insere na classificação de "iá, porreirinho e tal", e de noite fiz compras no 101 Tower e no Jianmei night market, cujos comentários remeto para o tal vídeo, quando sair (talvez este fim-de-semana).


O que estou a pensar? Que está frio, porra!

No último dia, e antes de regressar a Macau, fui visitar o Memorial dedicado a Chang Kai-Chek, outra das manifestações simbólicas da soberania de Taiwan - peço desculpa pela observação pouco concisa, mas fazia bastante frio nesse dia, e como podem verificar estava em mangas de camisa. Do próprio Chang Kai-Chek, desavindo com Mao depois de terem combatido lado a lado os invasores japoneses, posso dizer que levou uma vida bem catita, como é possível descortinar pelos objectos e restante memorabilia que constam do museu anexo ao memorial. Quanto à paixão dos taiwaneses pela sua "independência"...é uma conclusão que terei que tirar de uma próxima vez que lá for. E fica combinado o regresso, pois afinal não é longe, não é caro e não é desagradável de todo. Pelo menos para viagem de reconhecimento, não tenho qualquer razão de queixa.


Mais do que "mania das vaidades"



A anorexia nervosa é um transtorno psiquiátrico como tantos outros, onde às vezes nos convencemos que "basta querer" para o vencer - ainda mais tratando-se de anorexia, que muita gente considera "uma mania" ligada ao culto da beleza e da linha. Tragicamente para Rachel Farrokh, uma actriz de 37 anos da Califórnia, tudo isto pode ser verdade como pode ser mentira, pois para ela chegou o fim da linha. Anoréxica há dez anos, pesa pouco mais de vinte quilos, e depende do seu companheiro para lhe prestar os cuidados mais básicos. Um vídeo comovente, mais um para a galeria desta condição que é bastante mais do que "a mania das vaidades".


E onde estava você no 25 de Maio?


Passou na segunda-feira um ano desde que tivemos "a revolução que nunca foi". Foi esse o mote do artigo de quinta-feira do Hoje Macau (dia 21 de Maio). O Bairro do Oriente espera vir regressando lentamente à sua actividade normal enquanto o seu autor recupera do "choque térmico" que marca a entrada neste maldito Verão. Obrigado por continuar desse lado.

Vai fazer agora um ano que teve início a maior crise política dos 15 anos de História da RAEM. Esta crise, dizem em surdina os pragmáticos residentes de língua nativa chinesa, será a razão porque vem agora o Governo dizer que está na hora de apertar o cinto, que onde era tudo rosas não restam senão espinhos, e das fontes por ontem jorrava mel sai agora o mais amargo fel. Com a acentuada quebra nas receitas do jogo e nos números da taxa de ocupação hoteleira, começam a soar os alarmes – os “investidores” não estão a ter o mesmo retorno chorudo, criminoso, quase pornográfico e em vez disso “só” fazem muitos milhões, em vez de...bastantes milhões.

Ora isto dos milhões pode ter muita graça para aquelas pessoas que têm hora para acordar, para chegar ao emprego, que levam os filhos para escola, vão trabalhar com nódoas de chupa-chupa no fato, ou no macacão, depende do caso, e com toda a certeza iam comprar imenso pão, arroz e batatas e essas que os trabalhadores comem. Os ricos só conhecem este cenário dos filmes de Fellini, e para eles “milhões” não chegam nem para forrar o assento de madre-pérola da sanita de platina do avião a jacto privado antes de lá sentar o seu tutu bilionário. Os ricos não ganham “um milhão” ou bagatelas desse tipo e vão a correr acender uma velinha a Nossa Senhora, dar graças e dizer “obrigado mas já chega”. Os ricos quando não estão a ganhar milhares de milhões uns em cima dos outros não se vão lembrar do tempo em que isto aconteceu, nem que tivesse sido ontem – os ricos pegam na sua trouxa da Swaine Adeney Brigg e vão para onde os zeros crescem à direita.

Para os trabalhadores, paradoxalmente, o trabalho deixa de ser. Não, não deixei a frase incompleta, e era mesmo esta a ideia: o trabalho deixa de ser, e finito, kaputz, it’s over, go home. Numa economia que depende das receitas do jogo (juro que estou prestes a assinalar a vez número 10.000 que escrevo esta frase) é preciso vir quem jogue, e não vão ser os pindéricos de cá que acham um “danish” de 30 patacas que vêem na montra do La Lafayette “caro”, ao ponto de começaram aos guinchos e aos pulos feitos o Daffy Duck. São os tipos da China, que vêm aqui aliviar-se do peso de umas notas que...bem, digamos que “já não querem”, pois agora têm outras novas. Fico por aqui, só para não magoar ninguém, entenda-se.

O elevado grau de autonomia que Macau usufrui é sustendado um pouco na base do “não olhe, não oiça e (sobretudo) não faça perguntas”, e durante anos andavam todos cantando e rindo com a polٕítica de vistos individuais, que permitia que os nossos compatriotas nos viessem visitar, e que visitantes, estes! Não só nos livraram desses enfados que são os táxis, o leite em pó ou a liberdade de andar na rua sem esbarrar passo-sim, passo-não, como ainda levavam como recordação objectos furgais, coisas simples como malas de senhora e relógios de pulso no valor de mais de um milhão de patacas. Devem ser malas e relógios especiais, daqueles que dão...orgasmos múltiplos? Deve ser isso, claro.

Mas não contentes com tudo isto, de que o lucro viam quase nada ou nenhum, os nossos residentes resolvem sair em massa no dia 25 de Maio, para “protestar”. Protestar contra o quê, afinal? Uma proposta de lei mirabolante, uma ideia das arábias, e que os seus defensores ainda vieram com uma enorme lata dizer que “é uma lei que existe em todas as jurisdições”. Quer dizer, lá existir, existe, só que provavelmente noutros termos. Duvido, por exemplo, que alguém que exerça durante seis anos o cargo de secretário de estado das hortaliças no Estufistão vá depois usufruir de opulentas regalias para o resto dos seus dias, transmissíveis aos seus sucessores e tudo. Ah sim, ia-me esquecendo deste importantíssimo detalhe: terá também que responder por crimes de delito comum, mesmo durante o tempo de exercício do seu cargo. Mas isto sou eu a falar, claro.

Ler as leis, consigo ler, como adulto alfabetizado e mais ou menos sóbrio que sou, mas para interpretar é preciso ter em conta O ESPÍRITO DA LEI, e para isso já é preciso consultar o professor Karamba (já agora se tiver problemas de família, com droga, mau olhado ou impotência sexual aproveite para tratar com desconto)
Se estivesse aqui o personagem do Baptista Bastos interpretado pelo Herman José, e me fosse perguntar: “olha lá, ó seu canalha delator e linguarudo, onde é que tu estavas no 25 de Maio?” Eu logo respondia: nas compras.

E agora que penso bem e me recordo daquele dia em que teve o início o Verão quente, tão quente que derreteu a confiança do Governo Central no nosso Executivo, foi um pouco como os milagres de Fátima, só que em vez do sol a dançar tivemos a CTM a oops! “deixar ir abaixo o serviço de internet e SMS – “porque estava muita gente na rua”. Pois, “frapé, você não vê?” O sinal batia na multidão e recuava, como explicou aliás o actor António Silva naquela rábula de “A menina da Rádio”. A Praça da Assembleia Legislativa fez de Cova da Iria, e o Executivo acabaria por retirar a lei: “Ora bolas, não deu”, desabafaram. Não, não, desculpem, afinal agora vêm dizer que não estão a pensar em recuperar e proposta tão cedo, porque “têm mais que fazer”. Pois têm: cortes. Mas também, quem nos mandou ser tão ingratos com o bem dos outros? Uns invejoso, é o que nós somos. Assim não vale, pá!


Os uefeiros de Sevilha



O FC Sevilha conquistou ontem pela quarta vez no seu historial a Liga Europa, revalidando o título conquistado na época passada frente ao Benfica em Turim. Ao contrário do ano passado não foi necessário recorrer aos pontapés da marca de grande penalidade, pois apesar da excelente réplica dada pelo Dnipro, a grande surpresa da prova, a equipa de Unai Emery marcou três golos no tempo regulamentar, contra dois do seu adversário. Os ucranianos adiantaram-se no marcador aos sete minutos pelo avançado croata Ivan Kalinic, mas os andaluzes dariam a volta ao marcador em apenas três minutos, com o ponta-de-lança colombiano Carlos Bacca em grande destaque; primeiro aos 27 minutos assistiu o médio polaco Grzgorz Krychowiak para o golo do empate, e aos 30 fez ele próprio o segundo da sua equipa, correspondendo da melhor forma a um passe do veterano "playmaker" José Antonio Reyes. O Dnipro ainda conseguiu empatar antes do intervalo, por Ruslan Rotan, mas estava escrito que esta seria a noite de Bacca, que aos 73 minutos recebeu um passe de morte do extremo-esquerdo Vitolo, e na cara do guardião Denis Boyko fez o golo da vitória do Sevilha. Foi a segunda vez que os sevilhanos fizeram o "bis", pois em 2006 e 2007 já tinham vencido em duas ocasiões consecutivas esta mesma competição, que parece ter sido feita à sua medida. Menos sorte têm tido na liga espanhola, onde tardam a conseguir uma posição que lhes permita aceder à Liga dos Campeões - em 2013/2014 terminaram em quinto a sete pontos do Athletic Bilbao, e este ano repetiram a mesma classificação, mas estiveram muito perto, ficando a um ponto do quarto, o Valência, e a dois do terceiro, o Atlético de Madrid.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Vão-se as ligas, ficam as taças


Ficou concluída ontem a edição 2014/2015 da Liga NOS, a divisão principal do futebol português, e que consagrou o Benfica como bi-campeão nacional. A equipa de Jorge Jesus é, por muito que me custe dizê-lo, uma justa vencedora, e mesmo com um "penalty" mal assinalado aqui ou um fora-de-jogo duvidoso ali, ganha quem no fim tem mais pontos, tem pontos quem ganha mais jogos, e finalmente ganha mais jogos quem marca mais golos que o adversário. Os encarnados festejaram pela primeira vez em mais de 30 anos o bi porque conseguiram ser a equipa mais regular e contaram ainda com a boa forma das suas peças essenciais nos momentos decisivos da época; ora Talisca e Eliseu, inicialmente, depois Lima e Jonas, uma dupla de avançados que rendeu 39 dos 86 golos da equipa, e durante a época inteira a dupla argentina Sálvio e Gaitán fez o papel municiador do ataque. Pizzi compensou bem a saída de Enzo Pérez, que se transferiu para o Valência com a abertura do mercado de Inverno, e lá atrás Maxi, Luisão e Jardel garantiram a estabilidade necessária, numa zona que não é dada a que se façam muitas experiências, enquanto a baliza esteve entregue a dois brasileiros, Arthur e Júlio César, com primazia para este último. As "nemesis" de Jorge Jesus foram Sérgio Conceição e André Vilas-Boas; o primeiro teve o mérito de com o "seu" Braga infligir a primeira derrota no campeonato e eliminar da taça os encarnados, enquanto o treinador dos russos do Zenit é o grande responsável do fracasso europeu do Benfica, ao vencer ambas as partidas entre ambos na fase de grupos da Champions, relegando a equipa portuguesa para o último lugar. O Benfica ainda pode juntar ao título mais uma Taça da Liga, troféu que poderá conquistar pela sexta vez (em oito edições) caso derrote na próxima sexta-feira à noite em Coimbra o Marítimo na final.


O FC Porto fica pela segunda época consecutiva sem ganhar qualquer título, tendo sido o último a Supertaça relativa à época 2012/2013, conquistada a 11 de Agosto de 2013 por Paulo Fonseca numa partida em que derrotou o V. Guimarães por 3-0. O Porto havia acabado de perder João Moutinho e James Rodríguez, duas pedras basilares da equipa, e Fonseca não foi feliz, acabando por ser despedido ainda durante o decurso da temporada. Este ano a aposta foi num treinador praticamente desconhecido que no seu currículo tem apenas o título de campeão europeu de sub-21, conquistado em 2013 em Israel, Julien Lopetegui, que trouxe consigo alguns jogadores espanhóis que variavam entre o muito bom, caso de Cristian Tello, e o sofrível, ou mesmo medíocre, como é exemplo o avançado Adrián López, por quem os dragões pagaram ao Atlético Madrid mais de 8 milhões de euros. O Porto até não começou mal, com três vitórias nos primeiros três jogos, ao que se seguiram três empates, um deles em casa com o Boavista, mas o campeonato ficaria perdido à jornada 13 com a derrota em casa frente ao Benfica. Na Taça de Portugal ficou-se pela primeira eliminatória, perdendo para o Sporting, enquanto na Europa chegou a fazer um brilharete, chegando aos quartos-de-final da Liga dos Campeões e derrotando na primeira mão o poderoso Bayern Munique por 3-1, acabando por ser goleado na Alemanha por 6-1.


Na época passada o Sporting recuperou a dignidade perdida graças a Leonardo Jardim, que depois sairia para o Monaco dando o lugar a Marco Silva, que vinha de duas épocas de sucesso do Estoril-Praia. O jovem treinador contou com Nani, um ídolo dos adeptos que veio por uma época emprestado pelo Manchester United, mas cedo se percebeu que não era esta a época de glória do leão; quatro empates nas primeiras seis jornadas eram pontos perdidos a mais, quando se deu a primeira derrota na nona jornada a equipa ficou a seis pontos do líder Benfica, e a partir daí pouco mais o Sporting podia aspirar em termos de campeonato do que a uma vaga na Liga dos Campeões. E por falar em Liga dos Campeões, nessa prova o Sporting pode-se queixar da falta de sorte, pois além do modesto NK Maribor, a oposição era de respeito, com os ingleses do Chelsea e o os alemães do Schalke, com quem os leões seriam prejudicados pela arbitragem. Com o 3º lugar no grupo da liga milionária, seguiu-se a Liga Europa, onde a equipa portuguesa seria eliminada pelos também alemães do VfL Wolfsburg. A época poderá ficar salva em caso da vitória na final da Taça de Portugal no próximo Domingo frente ao Braga, no Jamor.


E falando do Braga e dos seus vizinhos de Guimarães, eis as duas equipas que têm sido consideradas as melhores depois dos três grandes, ambas do Minho, e ambas a aproveitar da melhor forma os jogadores da formação que "rodam" nas equipas "B", ambas a disputar a Segunda Liga. Os bracarenses, treinados pelo irrascível Sérgio Conceição, terminaram no quarto lugar e estiveram a "morder os calcanhares" ao Sporting na luta por uma vaga na Champions, e ainda vão discutir com os leões a conquista da Taça de Portugal. Os vimarenenses também voltaram a obter uma classificação honrosa, o quinto lugar, na quarta temporada de Rui Vitória ao comando dos "conquistadores". O Belenenses fecha a leque das equipas qualificadas para uma prova europeia, ao terminar no sexto posto com mais um ponto que o Nacional e o P. Ferreira. Os azuis de Belém entram na terceira pré-eliminatória da edição 2015/2016 da Liga Europa, enquanto o Guimarães entra no "play-off" e o Sp. Braga está qualificado para a fase de grupos.


No fundo da tabela tinha ficado tudo decidido na penúltima jornada, com Gil Vicente e Penafiel já condenados a descer à Segunda Liga. Os gilistas tiveram um início de época para esquecer, obtendo a primeira vitória apenas à 16ª jornada, já depois do treinador João de Deus ter saído para dar lugar a José Mota, que encetou uma recuperação que os deixou acima da linha de água à 20ª jornada, mas os minhotos voltariam a claudicar e terminariam na penúltima posição. O Penafiel regressa à Segunda Liga um ano depois de ter conseguido a promoção com o Moreirense, e nem três treinadores, Ricardo Chéu, Rui Quinta e finalmente Carlos Brito lhes valeram para fugir ao último lugar da tabela. Outras equipas que estiveram "com a corda na garganta foram o V. Setúbal e o Arouca, que viram confirmada a manutenção apenas na penúltima jornada, ou ainda o Estoril e o Boavista. Os boavisteiros, regressados este ano ao convívio dos grandes depois de sete anos de ausência, conseguiram com a equipa mais "económica" da liga realizar um campeonato mais ou menos tranquilo, apesar das dificuldades iniciais. De recordar que os axadrezados disputavam na época passada o Campeonato Nacional de Seniores, o terceiro escalão, tendo entretanto vencido o recurso do caso "Apito final", que esteve na origem da despromoção administrativa dos axadrezados.


Na Segunda Liga, um campeonato disputado por 24 equipas (!) e que por isso tem 46 jornadas, houve emoção até ao último minuto, com cinco equipas a discutir as duas vagas de acesso ao escalão principal na derradeira ronda da prova. Tondela e União da Madeira dependiam apenas de si mesmo, e não enjeitaram a oportunidade de estar entre os grandes na próxima época. Para os tondelenses vai ser a estreia, depois de ontem terem obtido em Freamunde o resultado que precisavam para se sagrarem campeões: o empate, que foi a uma bola. O União foi a Marvila, na capital portuguesa, derrotar o Oriental por claros 3-0, deixando Sp. Covilhã e Chaves, que venceram também os seus jogos, a "morrer na praia", em igualdade pontual mas com desvantagem no confronto directo. Mais remotas eram as possibilidades do Feirense, que precisava que essas três equipas perdessem, e ainda de uma vitória fora frente ao Farense. Não só a concorrência não lhes deu o gosto, como ainda saíram do Algarve vergados ao peso de uma derrota por 4-1. Lá em baixo Atlético, Marítimo "B" e Trofense desceram ao Campeonato Nacional de Seniores, destino que já lhes estava reservado antes da última jornada.


Numa nota final, gostaria de destacar o Clube Desportivo de Mafra, onde alinha o "nosso" David Kong Cardoso, e que no ano em que comemora o meio século de existência conseguiu a subida à Segunda Liga, e logo no dia exacto do seu 50º aniversário - ainda dizem que não há coincidências. O clube dos arredores de Lisboa foi campeão da zona sul do CNS, depois de na semana passada ter obtido um empate decisivo nos Açores frente ao Operário da Lagoa, venceu este Domingo em casa o Louletano e...fez-se história! A acompanhar o Mafra na subida de divisão vai o Famalicão, e ainda uma terceira equipa, que sairá do vencedor do "play-off" entre o Varzim e o Casa Pia.