Quando Benfica e Porto se encontram reacende-se aquela pequena guerra Norte-Sul que não entendo muito bem. Num país onde ir de Lisboa ao Porto é como ir de Macau a Panyu, existem 300 km de "diferenças irreparáveis", históricas, culturais e até étnicas. Como nasci e vivi abaixo de Coimbra - e penso que ainda é assim que o país se divide, sendo Coimbra a nossa Suíça privada em termos de neutralidade - sou aquilo que os nortenhos designam de "mouro".
Este conceito de "mouro" assenta na mofada teoria que o Norte foi o berço da nação, e nunca estiveram ocupados pelos muçulmanos, etc. Por isso somos "impuros" e eles são "celtas", ou lá o que é. Eu pelo menos tenho uma bisavó inglesa, um bisavô espanhol de Burgos, e primos africanos. Serei tudo menos "só mouro". Em todo o caso é engraçado pensar-se que se é antepassado do Astérix ou do rei Artur. Nós, por outro lado, consideramos o Norte "um atraso", e gozamos com o facto de eles dizerem "bê" em vez de "vê".
Quando as claques se encontram dá-se um fenómeno interessante. Ambos atacam-se com carinhos do tipo "filhos da puta" ou "Lisboa a arder", e desta vez até vi um adepto do FCP a afirmar que os lisboetas "têm gripe suína". Este amor é normalmente retribuído nas deslocações ao Porto, onde pelo caminho acontecem assaltos, incêndios em bombas de gasolina e detenções. É como no Texas. Um portuense (ou "tripeiro") que vive em Lisboa, "anda a pedir porrada". Um lisboeta que viva no Porto "é morcão".
O neo-bairrismo nacional estende-se pelos noticiários, política, artes, e por aí fora. Não se fica pelo futebol. E agora os madeirenses também querem meter a colher nesta regionalização tonta, já que os algarvios falharam - já ninguém pode com eles. Eu gosto muito de ir Lisboa e ao Porto, em partes iguais. Mas sim, sou "mouro", confesso. E sou adepto do Clube Atlético Ouriense, até ao fim.
É uma tristeza estas divisões num país como o nosso, minusculo como bem o referes. Mas há pessoas neste país que só dividindo conseguem reinar. E agora voltam à carga com a regionalização. Mais tachos.
ResponderEliminarIsso da guerra Norte-Sul e dos insultos e agressões entre claques é coisa de atrasados mentais e criminosos que deviam estar quase todos presos. Se há razão para guerras, é entre a "capital do império" e o resto do país (seja o país do Norte ou o do Sul), que Lisboa sim, mama os recursos todos que deviam ser distribuídos pelo resto do país. E disso tanto se pode queixar um portuense como um alentejano. O resto não passa de idiotas que descarregam as suas frustrações recorrendo ao ódio e à violência, e para isso se servem do futebol. Mas é assim porque os senhores que estão bem instalados nos corredores do poder em Lisboa assim o permitem.
ResponderEliminarNão percebo esta vossa indignação,este tipo de rivalidades é muito normal no futebol,não tem NADA a ver com o norte e o sul,basta lembrar a rivalidade entre o benfica e sporting que são da mesma cidade.Lá fora é muito pior.Mas tenho 1 amigo que não gosta nada de futebol,o desporto dele é GAJAS,e ele diz-me sempre:O futebol é para parolos!!!
ResponderEliminarE tem razão.Não percebo como que há tanta gente a perder todo o seu tempo a discutir futebol e depois até partem para violencia.
O anónimo das 2:19 tem toda a razão. Eu gosto de futebol, mas andar sempre a discuti-lo e cometer actos selvagens por causa dele é parolice da pior. Parolice e impotência, provavelmente.
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